VALE DE SALGUEIRO é uma freguesia de Mirandela, distando desta cerca de 15 km, para NNO. Em termos de povoação é muito antiga e deve ter sido povoada antes do século XII. Não é difícil relacionar o seu povoamento pré e proto histórico com Vale de Telhas que lhe fica próximo, e onde há vestígios abundantes da presença clara dos Romanos.
A actual freguesia de Vale de Salgueiro já pertenceu a Torre de D. Chama, e é composta pelas antigas paróquias de S. Sebastião de Vale de Salgueiro e de Santa Maria de Miradezes sua anexa. Miradezes pode relacionar se com Mirandelenses, Mirandezes e com desnalazação daria Miradezes.
Em 1857 passa a ter escola primária. Situada na estrada que vai de Mirandela para Vinhais passando pela Bouça, com desvio de 500 metros que em 1992 ainda não estava alcatroado, Vale de Salgueiro é uma freguesia e povoação com as próprias tradições e costumes, bem como cultura. A Igreja Matriz tem à sua volta, quer para nascente quer para poente, o casario da povoação e o aconchego da sua população ali residente. Os altares têm bonita talha dourada, o coro é em madeira e vêem se várias pinturas com os apóstolos, no tecto do Altar Mor. O púlpito, à esquerda quando se entra, mas mais para perto do altar mor, tem bonitas escadas em cantaria.
Tem também 1 escola pré primária, 2 salas de primária e telescola. A Associação Cultural com a sua sede, a Junta de Freguesia, a Casa Paroquial em frente com varanda em madeira e várias colunas redondas em granito, dão um aspecto mais agradável ao meio. No Largo da Feira a casa brasonada do Coronel Xavier, várias construções de casas rurais abastadas, todas em pedra, tornam a povoação com uma certa nobreza. O Cruzeiro com o Largo e fontanário junto à Ponte Romana. Esta, o Ribeiro que lhe passa ao fundo do povo, a Casa brasonada e a estrada de acesso com casas até ao cruzamento mais para nascente são pontos de referência obrigatória. Em 1950 a freguesia de Vale de Salgueiro tinha 775 habitantes, dos quais 390 eram do sexo masculino e 385 do feminino.
Na década seguinte ainda havia posto de registo civil e tinha 1 ferrador, 1 agência de seguros, 3 lavradores/agricultores abastados, 1 médico, 2 mercearias, 2 professores. Em 1991 possuía 525 e em 2001 eram 422 os residentes, dos quais 216 eram do sexo masculino. No campo das actividades, destaque para a agricultura e para a Cooperativa vinícola particular com as suas cubas bem à mostra. O vinho, azeite, cortiça, frutas diversas e cereal são abundantes na freguesia, e constituem a única riqueza para muitos. Apesar de mecanizada, ainda se usa bastante a tradição. É o caso das carroças que abundam pelas ruas e caminhos da povoação, para cumprimento das suas funções. A Rua principal é a Rua Direita ou Central, e é no Largo do Eirol ou da Feira que se costumam juntar, ou ainda nas imediações do Largo da Igreja, conversando, trocando experiências da sua vida, preparando o futuro. Podemos acrescentar que, além da Cooperativa, tem também uma fábrica de azeite, vários fornos de cozer o pão, duas serralharias, 2 barbeiros, 2 sapateiros, 2 ferradores, 1 supermercado, 1 taberna e 3 cafés.
Miradezes é uma aldeia anexa de Vale de Salgueiro que fica mesmo junto do rio Rabaçal, a cerca de 3 quilómetros da freguesia.
Tem um enquadramento peculiar, fazendo vida com o rio, onde as pedras de as mulheres lavarem a roupa, a azenha, o açude e os areais marcam a vida do povoado. Uma agricultura fértil, pois o rio dava a água suficiente para regar os seus terrenos, pelo que a abundância da mesa em Miradezes é uma realidade. Embora se vá despovoando, verificamos que cada vez fica mais bonita com o interesse que seus filhos que vão teimando em lá viver ou frequentá la quando podem. Exemplo disso é a obra que o Cónego Silvério Pires tem feito no campo cultural em volta da sua Capela que já foi Igreja Paroquial, bem como dentro da mesma. Não há dúvida que está ali a nascer um Museu da Pedra, único na região, que conta já com imensas pedras que falam com o seu silêncio e simbolismo, dando a quem o visita uma possibilidade de lembrar a vida dura mas rija dos transmontanos. Mós de lagares, bancos de pedra, esteios, colunas, arcos, relógios de sol, pias, são muitas as peças que já o compõem. Aliás, no adro está também escrita na pedra uma mensagem: "Os Engomadinhos". Para lembrar que afinal era o nome que chamavam aos de Miradezes por andarem na vila ou nas feiras, ou nas festas e romarias sempre bem arranjadinhos, lavadinhos e apresentados, em oposição aos outros povos de outras terras que não tinham o rio perto, e por isso a água escasseava, pelo que não andavam tão limpos. Seria assim nos tempos idos da Idade medieval.
Resta acrescentar que Miradezes é um local procurado no verão por muitos que querem fazer praia nos areais do rio que quase chega a secar. Nesta freguesia há uma festa tradicional no dia de Reis, 6 de Janeiro, que tem como protagonista "o Rei ' que é o líder de todos os rituais festivos. Como rituais típicos nesta festa dos reis há: o Cantar dos Reis, A Visita Protocolar a todas as casas da aldeia, a distribuição de tremoços, a prova de vinho, e as danças tradicionais ao som de gaitas de fole.
In III volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses, coordenado por Barroso da Fonte.
Este texto enferma de erros grosseiros.
ResponderEliminarBom dia Sr. Henrique Pedro.
ResponderEliminarO ideal seria ter a gentileza de indicar esses erros grosseiros no sentido de elucidar corretamente os leitores. O texto consta, ipsis verbis, no III volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses, coordenado por Barroso da Fonte, 656 páginas, Capa dura, Editora Cidade Berço, Apartado 108 4801-910 Guimarães - Tel/Fax: 253 412 319, e-mail: ecb@mail.pt
Com os melhores cumprimentos.
Henrique Martins