Carla Canteiro não vai levar a sua filha de quase 3 anos à creche, mesmo sendo complicado conciliar com o trabalho a partir de casa. “Nesta segunda-feira ainda não vai começar, ainda vamos ver como vão correr as coisas. Logo se vê na segunda quinzena ou só no fim de Junho. Quer eu, quer o pai estamos a dar aulas a partir de casa, mais ou menos ao mesmo tempo, o que não é fácil com uma criança desta idade. Por outro lado, também me custa mandá-la para a escola já, porque não sabemos como vai correr tudo”, explica.
O filho de Nair Gonçalves vai ficar também em casa, em princípio até Setembro. Vai ficar com as irmãs mais velhas, já que a mãe regressar agora ao trabalho num restaurante. “Porque ele é um menino que ainda não consegue entender que não se pode chegar perto dos colegas, não partilhar os brinquedos, não ter o colo da educadora e da auxiliar. Para ele não é fácil entender. Acho que tem de haver regras, mas talvez ainda não seja a altura para reabrir”, afirmou.
Já Susana Rodrigues, que também regressa ao trabalho esta semana, vai voltar a levar a filha de 3 anos para a creche. Admite, no entanto, alguma apreensão porque sabe que as regras de distanciamento não serão facilmente compreendidas e cumpridas por crianças tão pequenas. “Uma pessoa tem algum receio, mas confio no trabalho das educadoras. E acho que os cuidados têm de partir mais de nós dos pais e da escola, porque não podemos pedir a uma criança para colocar uma máscara”, refere.
Cristina Figueiredo, directora de Serviços da Cáritas em Bragança, conta que a instituição reabre com um número muito reduzido de crianças. Das mais de 70 na creche apenas cerca de meia dúzia voltam nesta primeira quinzena de reabertura, o que também se prende com o apoio aos pais que ficam em casa com os filhos se estender até ao final do mês. Por isso, definir distâncias entre as camas ou às refeições não será complicado. Mas há outras regras a cumprir. “Os pais não podem entrar, vão levar o estritamente necessário, duas mudas de roupa, calçado para usar lá, lanche, e podem escolher um brinquedo de casa, de fácil limpeza, para terem um elemento de casa, um aconchego, que fica lá na creche”, mas reconhece que “os pais estão muito apreensivos”.
Também no colégio de Santa Clara tiveram de ser feitas adaptações para receber a dezena de crianças que regressam a partir de hoje. A Irmã Conceição Borges, directora do Centro Social de Santa Clara em Bragança, explica que além das recomendações têm de ser ajustar o ambiente para que não seja tudo tão estranho para as crianças.
“Creio que o mais difícil é mesmo a ponte entre as regras e exigências e a estabilidade e felicidade das crianças, sobretudo nos campos pedagógico e relacional. Não tanto fazer medições de dois metros, mas sobretudo em encontrar nestas circunstâncias um espaço criativo a nível pedagógico”, referiu.
Redução do número de crianças por sala, distanciamento físico quando estão nas mesas, berços ou espreguiçadeiras, o calçado deixado à entrada, a lavagem regular dos brinquedos, portas ou janelas das salas que devem ser mantidas abertas, para promover a circulação do ar e os funcionários devem usar máscara cirúrgica são regras que recebem os mais pequenos no regresso às creches.
Escrito por Brigantia
Jornalista: Olga Telo Cordeiro
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