Este mês de Maio, embora um pouquinho mais quente do que o mês passado, está muito instável. A qualquer momento pode vir uma zurbada de água puxada a trovoada e, segundo o nosso Tio Marcelo, de Ousilhão, Vinhais, no passado dia 7, à noite, houve uma grande promoção de ovos da Páscoa. Claro que se estava a referir à granizada que ocorreu lá para os lados do concelho de Vinhais. Mas já diz o nosso povo “a água, Maio a dá, Maio a leva” e também “águas de regar de Abril e Maio hão-de ficar “.
Já começa a haver cerejas, especialmente na terra quente, mas o povo diz que “em Maio as cerejas uma a uma leva-as o gaio; em Junho a cesto e a punho”.
O nosso grande acordeonista, Tio Manuel Pedro, de Vilar de Ossos de Vinhais, deixou de participar durante alguns dias no nosso programa pois os seus dentes deram-lhe guerra e alguém lhe ensinou uma mezinha que ele compartilhou connosco: colocam-se três brasas do lume num prato de esmalte porque o de porcelana pode estalar, deitam-se umas gotas de azeite em cima das brasas e colocando o funil com a parte mais larga em cima do prato e o tubo do funil em direcção à boca para absorver o fumo. Segundo ele é remédio santo, que até ver nunca mais lhe doeram, mas para o melhor dos males é consultar um dentista e, em último recurso, é “limpar a raiz do dente com um pano de linho”, isto é arrancá-lo.
Como nos vamos apercebendo este ano e pela primeira vez não se estão a realizar feiras e festas, por exemplo a festa internacional da Petisqueira e também não haverá a romaria internacional da senhora da Ribeira. Verdade é uma, o nosso povo está desejoso de festas.
Nos últimos dias compartilharam connosco o seu aniversário Abílio Santos (56), Fonte Fria (Murça); Filipe Pinela (19), Bragança; Arminda Machado (67) (a rainha do tacho), das Quintas da Seara (Bragança); Alice Pinto (86) e o seu filho José Castanheira (60), de Cidões (Vinhais); Isabel Maria (90), Izeda; José Luís (39), Parada (Bragança);Vitorino Neves (80), Vinhais e Ruben Manuel (18), Bragança; que o nosso ministro dos parabéns lhos volte a cantar.
E agora vamos ao cebolo a Alfaião.
O cebolo sempre foi uma cultura tradicional da aldeia de Alfaião (Bragança), que o diga o nosso Tio Acácio Preto, que esteve mais de 50 anos ligado ao cultivo do cebolo, trabalho que também o ajudou a criar as suas filhas. Segundo ele o cebolo sempre foi uma cultura que se deu bem na sua terra.
Estive também à conversa com o presidente da junta de Alfaião, António Batista, que me disse que como este ano não foi possível realizar a feira do cebolo, então resolveu aproveitar as redes sociais “a página da aldeia” fazendo o apelo a quem o quisesse encomendar. Em três dias esgotou, pois também há sempre encomendas de ano para ano. Já se vendeu a primeira apanha e a segunda vendida está, porque primeiro apanha-se o mais forte, deixando o mais fino para poder engrossar para a segunda tiragem. Segundo António Batista o cebolo é de boa qualidade devido essencialmente ao microclima, à terra fértil e ao conhecimento acumulado das pessoas no cultivo deste produto. É uma cultura muito trabalhosa, tem que se mondar várias vezes senão a erva abafa-o.
“Há quem faça o cebolo em estufas, mas aqui na aldeia graças ao microclima não é necessário. quando há três anos nos lembrámos de organizar a feira do cebolo foi com o objectivo de relembrar às pessoas de fora e também cá algumas de Alfaião, porque já andava um pouco esquecido esse cultivo.
Temos duas qualidades de cebolo, o valenciano e o cebolo maça porque é o que dá cebolas maiores, redondas e que espigam menos. O cebolo é vendido em manhuças de cento e dez pés cada.”
Depois de alguma conversa com António Batista ficou prometido que, para o ano, se o corona vírus deixar, vamos fazer o programa em directo da feira do cebolo.
Que as gentes desta terra nunca percam a tradição de cultivar o famoso cebolo de Alfaião.
Tio João
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