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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Borrar a escrita toda

Juan Carlos de Borbón e de mais não sei quantos, borrou a escrita toda, com o devido pedido de desculpa perante vossas senhorias, por mor deste meu modo de dizer, assim menos elegante.
O rei emérito de Espanha entornou o tinteiro todo sobre as páginas que nos falam da História daquele país e de mais a sua obra no último meio século mais ano menos ano.
O rei que não soube portar-se bem na sua vida pessoal, andou muito mal e com a dignidade ausente. Não foi decente perante todos e muito menos mediante a sua gente. Fez obra, uniu o que parecia e parece ser de união impossível, congregou, mas agora desbaratou. Foi um grande estadista, mas foi também um malabarista. Fez uns telefonemas que lhe valeram financeiramente a pena, foi um pinga-amor com amantes com casa montada, mas cruelmente para ele, tudo lhe vai valer nada, porque para memória futura sobressairá a pagina final do livro sobre a sua pequena/grande história. No entanto o mais importante e preocupante, é que no fundo a novela da realidade indecente que se revela neste verão quente, mais não é do que um caso entre muitos outros de igual jaez que sucedem por aí sem serem por acaso.
Num tempo em que bandoleiros engravatados e escondidos no céu escurecido das novas tecnologias mandam e comandam a seu bel-prazer, os detentores de cargos públicos deixam-se aprisionar atados a interesses imediatos e pouco pacatos, porque se deslumbram com belezas e com luxos que reluzindo na estratosfera estão mesmo à sua espera. Não se respeitando e não se dando ao respeito, vendem a alma ao mafarrico prostituindo-se para terem vida de rico. Adquirem influência enquanto estão no Poder. Depois, regalados traficam cordelinhos que mexem quase sem mexerem os rabinhos. Salvo seja.
Enquanto isso e também por causa disso, o nosso mundo caminha para o abismo metido no comboio da ganância que segue pela linha da ignorância alimentada pela força do ódio. A locomotiva segue com toda a indiferença porque aos cidadãos lhes falta o sentido de pertença. Não se revêm e não creem. Só querem, mas desesperam. Deparam-se a toda a hora com líderes que borram a escrita, acreditam cada vez menos, mas ouvem cada vez mais cantos de sereias que não falam de ideias, mas falam de soluções aos arrepelões.
O conhecimento do mundo e das sua coisas passadas diz-nos que nada acaba e tudo se transforma.
Esperemos que das escritas borradas surja algo que ainda se consiga ler de maneira a que por entre as palavras eternas e inteiras ressalte a palavra decência que alimenta a flor da democracia que esmorece, mas jamais desaparece.

Digo eu. Não sei. 

Manuel Igreja

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