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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 30 de agosto de 2020

Melania falou

Era uma vez uma princesa. Quer dizer, não era uma princesa, pois seria rainha caso o regime fosse desses. Como no país de sua residência vigora desde o início o regime republicano, era uma vez uma Primeira-dama que parecia uma boneca de porcelana e tinha um ar quase real.

Quase não se mexia, ou se o fazia, era assim muito direita e muito senhora do seu porte, que não sendo altivo, era de meter respeito. Era bonita e sempre bem aperaltada. Mas diziam que era muito infeliz e quase não falava, não se sabe se por opção se por obrigação.

O marido tinha ido longe na carreira, depois de andar aos solavancos entre negócios e ócios, e perdia-se por um rabo saia, como se costuma dizer. Ela não era a sua primeira esposa e muito possivelmente não seria a última, a não ser que ele se finasse antes dela.

A senhora era oriunda de um daqueles países ditos de leste, e veio governar a vida na grande América à procura de um grande sonho. Não se sabe ainda se o concretizou, mas alcançou alto na escadaria social. Nunca perdeu foi um certo ar de costureirinha fina, que faz arranjinhos e fatos à medida, mas não sabe de computadores que é emprego com saída, como canta um certo trovador.

Quando o excelso esposo foi eleito para a governação e se mudou para o palácio noutra cidade, ela ficou no seu lar, suspirando e gemendo pelo seu amado, como é timbre de extremosa esposa. Não se lhe conheciam grandes saídas nem escapadelas, por lhe não serem de feição se calhar, e porque era vigiada por mil atentos olhos.

Ficou-se na redoma, rodeada de luxos a preceito. Era só querer uma coisa para comer ou vestir e ela aparecia. Mas tinha um olhar triste. Quase não falava. Quem não temesse ser injusto até diria que ela não tinha opinião a não ser acerca da temperatura ambiente do enorme apartamento situado uma alta e horripilante torre edificada e fortificada.

Mas um belo dia falou. Alinhou muito bem as frases e mesmo as ideias, durante pelo menos cinco minutos. Estava-se no princípio da campanha eleitoral, e ela apelou ao voto no seu marido como lhe pediram e lhe competia. Também aqui não se sabe se foi por amor, por convicção ou por obrigação, mas cumpriu.

Que ou era a continuação dele ao leme, disse, ou seria um descalabro, pois não vislumbrava ninguém com a pujança, a visão e o saber fazer bem do seu homem. Falou dele, como se ele fosse um santo e não usasse a mentira como arma e a intolerância como argumento. Fez dele um bezerro de ouro a ser adorado ali e em todo o lado.

No momento em que se faz este narrar, ainda se não sabe o resultado das eleições que sendo naquele país influenciam em todo o mundo. Mas há fortes possibilidades de a senhora dona Melania continuar a ser a primeira entre as últimas do seu Donald. Mereceu porque falou.

Se ele vai ou não continuar a saga das diabruras insanas, não se sabe, pois em democracia, mesmo que manipulada e adulterada, ninguém consegue adivinhar. Só calcular e deduzir.

Quanto a mim, parece-me cada vez mais que no dia quatro de novembro, ela vai saltar para o colo do seu mais que tudo. Salvo seja, pois ela fogosa, mas ele já não vai para novo. Poderá ser que a deixem falar mais um pouco outra vez.

Manuel Igreja

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