Realizou-se hoje na cidade da Guarda mais uma cimeira ibérica. Do conjunto das decisões e conclusões tomadas ficou clara a ideia de que a ligação a Espanha pela linha do Douro não é um projeto que interesse aos atuais governos de Portugal e Espanha. A decisão de não incluir esta via férrea como uma prioridade de investimento estratégico para a próxima década caiu como um balde de água fria entre os autarcas dos dezanove municípios que integram a CIM Douro.
Num comunicado público, a CIM Douro disse lamentar tal decisão e anunciou que que não baixará os braços e “continuará a reivindicar junto das entidades competentes a concretização da ligação transfronteiriça através da linha do Douro, na certeza de que esta será determinante para o desenvolvimento consolidado de ambos os territórios”.
O Vice-Presidente do Conselho Intermunicipal e Presidente da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves, esteve presente na 31ª Cimeira Ibérica, tendo aproveitado o momento para reiterar o desapontamento da CIM Douro pela não inclusão da Linha do Douro nos investimentos estratégicos transfronteiriços.
No território fronteiriço transmontano e duriense os governos dos dois países preferem investir na rede rodoviária, prevendo-se a construção da ligação entre Bragança e Puebla de Sanabria, a ligação da A4 a Zamora a partir de Quintanilha, e a ligação pelo IC5 da cidade de Miranda do Douro a Zamora.
No que concerne à região transmontana essas foram as decisões mais importantes tomadas no âmbito da mobilidade terrestre, mas a Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço (ECDT) prevê ainda um conjunto de outras iniciativas que visam melhorar a vida das pessoas e dos territórios de fronteira, como é exemplo o estatuto do trabalhador transfronteiriço, ou o cartão de saúde que irá possibilitar que qualquer pessoa que habite na zona da raia seja tratada indiferenciadamente nos dois lados da fronteira.
Um conjunto de outras propostas visam a cooperação entre os serviços públicos de Portugal e Espanha, como no caso da rede 112 que responderá em emergência quem estiver em melhores condições para o fazer. Com esta cooperação, pretende-se uma maior coordenação nos serviços como Saúde, Educação, Serviços Sociais e Proteção Civil.
Segundo a Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, o objetivo da ECDT é “colocar o interior do país no centro do mercado ibérico, para criar uma nova centralidade económica e diminuir o abandono destes territórios”.
A estratégia geral é, segundo o governo português “impulsionar as regiões da fronteira para reforçar a resiliência da Península Ibérica”. O Primeiro-Ministro, António Costa, afirmou que Portugal e Espanha sairão da Cimeira Luso-Espanhola com melhores e mais fortes ferramentas para ajudar as comunidades que vivem na região raiana.
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