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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 27 de outubro de 2020

A POLÍTICA DEVIA SER IRMÃ DA VERDADE

 Bem nos parecia que os protestos de renovada atenção às potencialidades do país em geral e do dito interior, em particular, não passavam de fingidos remorsos, lágrimas de crocodilo pronto a fechar as mandíbulas sobre a desgraça dos que não têm outro remédio senão chegar-se, trémulos e sedentos, à água da vida.

Depois da cimeira com o vizinho do lado, que resultou na intenção de realizar quatro ou cinco ligações curtas entre territórios das zonas raianas, veio o Primeiro-Ministro anunciar milhares de milhões para a alta velocidade entre Lisboa e o Porto, que implicará estrutura dedicada, provavelmente paralela à Linha do Norte.

Ficaremos assim, se Deus quiser, com cinco ligações terrestres entre as duas maiores cidades, nessa faixa litoral de todas as virtudes, três por auto-estrada e duas por via férrea. Acresce a ligação aérea e não se estranhará que o engenho político perspective um vaivém de catamarans de grande velocidade ao longo da costa, que também é preciso quebrar a monotonia.

Quanto às ligações ferroviárias a todas as capitais de distrito, a informação soprada a ouvidos solícitos nos corredores do poder, ficaram guardadas para nova festa de ilusões.

Entretanto, o Plano Nacional de Investimentos para a próxima década condena o distrito de Bragança ao consabido ramerrame, o que se traduzirá num distanciamento ainda mais gravoso relativamente à faixa litoral, até que já não haja ninguém para defender, com racionalidade, a mobilização de investimentos neste território.

Vejam-se as perdas generalizadas de população em todos os concelhos, os braços caídos dos representantes na capital e o imobilismo dos eleitos locais, que não dão sinais de procurar a união em nome dos interesses maiores destas gentes, abandonadas à sua má sorte.

Exemplarmente patético é o caso da ligação de Vinhais a Bragança e à A4 que aparece contemplada, com eventuais desenvolvimentos entre 2024 e 2030, quando fora prometida no início do século, reiterada e logo negada na legislatura anterior, o que indicia que há-de aparecer num qualquer plano para 2030/2040, situação para fazer rir as próprias fragas, que já viram passar todas as vaidades, caprichos, tibiezas e cobardias que possamos imaginar. Quanto a outra ligação, de Vimioso, anunciada no século passado e reprometida para 2019, nada consta.

Assim não vai ser possível estancar a sangria de pessoas, porque não haverá investimentos, os postos de trabalho serão cada vez menos e as novas gerações rapidamente perderão a memória que lhes poderia alimentar as raízes.

Vão-nos dizendo que a grande aposta é a rede 5 G de comunicações, que permitirá o trabalho à distância e a liberdade de viver onde nos apetecer. Uma bela treta, porque a nossa experiência com a cobertura das comunicações é penosamente risível e nas grandes cidades do litoral também haverá cobertura, provavelmente mais eficaz, o que permite juntar o útil ao agradável, que a vida autêntica não se reduz a conexões online. Afinal, a característica fundamental do sapiens é a sua propensão para a vida em sociedade, onde florescem as emoções, os sentimentos e a partilha de destinos que dão sentido à nossa existência.

Teófilo Vaz

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