quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Cerca muralhada e Castelo de Bragança com a sua torre de Menagem

Castelo de Bragança
O Castelo de Bragança na cidadela da cidade, encavalitado sobre o rio Fervença, é um dos mais notáveis castelos portugueses em muito devido a sua notabilíssima torre de Menagem. Desta avistam-se as serras de Montesinho e de Sanabria (a norte), a de Rebordões (a nordeste) e a de Nogueira (a oeste), bem como o vetusto casco histórico de Bragança.

A História atribulada do Castelo de Bragança
Sabe-se que o Castelo de Bragança terá sido um castro da idade do Ferro como se prova pela existência do Urso totem do pelourinho. Após a Invasão romana da Península Ibérica essa defesa teria sido reformulada, dominando a estrada romana que teria cortado a região. Quando das invasões bárbaras foi denominada como Brigância e, posteriormente, ocupada pelos Muçulmanos, vindo a ser arrasado durante as lutas da Reconquista cristã da península.
Em meados do século X, à época do repovoamento da região de Guimarães pelo conde Hermenegildo e sua esposa Mumadona Dias, os domínios de Bragança tinham como senhor, um irmão de Ermenegildo, o conde Paio Gonçalves. Posteriormente, o senhorio passou para a posse de Fernão Mendes, cunhado de D. Afonso Henriques (1112-1185).
As informações, mais seguras, entretanto, referem que, pela importância de sua posição estratégica sobre a raia com a Galiza, em 1187 recebeu Carta de Foral de D. Sancho I (1185-1211). Este soberano dotou, à época, a povoação com a primeira cerca amuralhada construindo o castelo de Bragança.  Os conflitos entre este soberano e o rei D. Afonso IX de Leão levaram a que esta região fosse invadida pelas forças leonesas (1199) até à reação do soberano português.
Sob o reinado de D. Dinis (1279-1325), determinou-se erguer um segundo perímetro amuralhado no castelo de Bragança (1293), o que indica a prosperidade do povoado. O seu sucessor, D. Afonso IV (1325-1357), ao subir ao trono, confiscou os bens de seu irmão ilegítimo, D. Afonso Sanches, que então residia na vila de Albuquerque. Defendendo os seus interesses, D. Afonso Sanches declarou guerra ao soberano e invadiu Portugal pela fronteira de Bragança, matando gentes, saqueando bens e destruindo propriedades. A paz seria acordada, com dificuldade, pela viúva de D. Dinis, a Rainha Santa Isabel.
Posteriormente, já sob o reinado de D. Fernando (1367-1383), recebeu obras de beneficiação. Nesta fase, tendo este soberano se envolvido na disputa sucessória de Castela, Bragança foi cercada e conquistada pelas tropas castelhanas, retornando à posse portuguesa apenas mediante a assinatura do Tratado de Alcoutim (1371). Na crise de 1383-1385, aberta pela sucessão deste soberano, a lealdade do alcaide de Bragança, João Pimentel, oscilou entre Portugal e Castela: partidário da herdeira D. Beatriz e de seu esposo João I de Castela, apenas por diligências do Condestável D
D. João procedeu, a partir de 1409, à modernização e reforço das defesas do Castelo de Bragança, obras inscritas na tarefa maior que se impôs, de reforço daquela fronteira. O casamento de D. Afonso (1° Conde de Bragança), filho bastardo de D. João I, com D. Beatriz, filha de D. Nuno Álvares Pereira, inaugurou a Casa de Bragança. Data desse período a construção da notável torre de menagem, estando as obras concluídas por volta de 1439, no reinado de seu sucessor, D. Duarte (1433-1438). D. Afonso V (1438-1481) elevou a vila de Bragança à condição de cidade (1466).
Durante a crise de sucessão de 1580, o Castelo de Bragança tomou partido por D. António, Prior do Crato. No século XVII. Em 1762, as tropas espanholas que invadiram Trás-os-Montes sob o comando do duque de Sarria, assaltaram os muros do castelo e as casas que então se colavam às muralhas, causando extensos danos. Foram repelidas pelas forças portuguesas sob o comando do conde de Lippe.
Às vésperas da Guerra Peninsular, o trecho leste dos muros do castelo de Bragança foi aproveitado para a construção do aquartelamento de um batalhão de infantaria. Nesse período repeliu as tropas napoleônicas, fase em que a região conviveu com nova ondas de saques e pilhagens.
O castelo de Bragança foi classificado como Monumento Nacional em 1910.
A partir da década de 1930. A Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) iniciou-lhe extensa intervenção de consolidação e restauro, que compreenderam a inclusão de ameias em toda a extensão dos muros, a demolição do quartel oitocentista e de diversas edificações adossadas aos muros, bem como a reposição de troços desaparecidos de muralhas e a recente reconstrução da Porta da Traição. Desde 1936, um museu histórico-militar está instalado num dos pavimentos da Torre de menagem). O castelo de Bragança é um dos castelos mais visitado do país.
O castelo, de planta ovalada, erguido na cota de 700 metros acima de cota, é constituído por uma cerca ameada com um perímetro de 660 metros, reforçada por quinze cubelos. Os panos de muralhas, com espessura média de dois metros, envolvem o núcleo histórico da cidade, ocupando uma área de cerca de três hectares, e delimitam-lhe quatro espaços, orientados por dois eixos viários, cujo principal é a antiga rua da Cidadela. Em seu interior o visitante pode apreciar duas edificações notáveis já aqui descritas.
Domus Municipalis (exemplar único no país da arquitetura civil românica)
- O Pelourinho medieval com o famoso Urso da idade dos Metais a servi-lhe de suporte;
- E ainda a Igreja de Santa Maria (ou de Nossa Senhora do Sardão).
Nessa cerca, rasgam-se três portas (duas sob a invocação de Santo António e a Porta do Sol, a Leste) e dois postigos (a Porta da Traição e o Postigo do Poço do Rei).
A principal porta de Santo António, em arco de volta perfeita, entre dois torreões, é defendida por uma barbacã, na qual se situa a Porta da Vila, em arco ogival. No interior, na praça de armas, é possível observar as adaptações dos acessos e as plataformas destinadas à artilharia.

A notável Torre de Menagem do Castelo de Bragança
No setor Norte do castelo de Bragança, onde se ergueram as instalações do Batalhão de Caçadores n° 3, destaca-se a Torre de Menagem, de planta quadrada, com 17 metros de largura, erguendo-se a 34 metros de altura, adossada à cerca. Em alvenaria de xisto e serpentinito (rocha rara no país mas que aqui abunda), nos cunhais e nas aberturas foi empregado o granito. O seu interior, onde se encontram o calabouço e a cisterna, divide-se em dois pavimentos, com salas cobertas por abóbadas de aresta, reforçadas por arcos torais. Primitivamente uma ponte levadiça acedia a porta em plano mais elevado, hoje substituída por uma escada externa, de alvenaria adossada à face Norte da sua couraça. Na face Sul, a meia altura da torre, encontra-se uma pedra de armas com o brasão da Casa de Avis. O topo é coroado por ameias com seteiras cruzetadas, balcões com matacães, com quatro guaritas cilíndricas nos vértices, dominando, na face Leste e na face Sul, duas janelas góticas maineladas. Uma cerca, reforçada por sete cubelos (três a Leste, três a Oeste e um a Sul) de planta circular, defendem o exterior da torre, delimitando um espaço aproximadamente retangular.
A Torre da Princesa ou não seria melhor a Torre dos Ciúmes indevidos?
Ainda pelo lado Norte da cerca exterior, junto a um dos cubelos, destaca-se a chamada Torre da Princesa, antigo Paço do Alcaide. Edifício de características residenciais (torre-alcáçova), com duas histórias interessantes a primeira é lendária e a segunda foi real.
Esta lenda leva-nos, ao tempo dos velhos Braganções e que diz respeito à filha do Alcaide-Mor, João Pimentel, cunhado da rainha D. Leonor Teles. Conta a História que Dona Brites, esposa de Martim Afonso de Melo, de alma pura e cândida, de beleza peregrina, encantava e enfeitiçava quem a via. E por este motivo, fora assassinada tragicamente pelos ciúmes do seu marido. Esta morte impressionou profundamente a população, que conhecendo a gentil castelã, pintou e teceu em redor de tão cruel acontecimento, uma poética e bem urdida narrativa. Por tudo isto, a vista desta Torre, cujas pedras que os musgos já recobrem, onde pairam na realidade recordações históricas não pode deixar de nos produzir uma profunda emoção, em especial, quando a contemplamos á luz baça e triste dessa noites em que a brisa parece ciciar o que foi viver de quem dentro destas paredes tanto chorara, sofrera e amara!
Nela, também, esteve encarcerada D. Leonor, esposa do quarto duque de Bragança, D. Jaime, acusada (injustamente) de adultério pelo próprio marido. O duque acabou por assassinar a esposa, no Paço Ducal de Vila Viçosa, a punhaladas, em 1512.
No setor sul, um saliente de planta quadrangular é fechado pelo chamado Poço del’Rei, estrutura quinhentista com a função de defesa de uma cisterna.
Nota Informativa: Este texto sobre o castelo de Bragança foi ligeiramente alterado da Wikipedia porque os seus dados estavam corretos e assim também poupei tempo que nos é precioso.

Original aqui.

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