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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

História de amor de Pedro e Inês de Castro

 Foi durante o século XIV que aconteceu em Portugal, a clássica e trágica história de amor de Pedro e Inês de Castro. “Inês é morta”. Se você prestou atenção nas aulas de história e literatura, talvez se lembre dessa frase – ela é tão célebre que se tornou um dito popular usado até os tempos atuais, e é talvez um dos mais antigos da língua portuguesa. Inês de Castro era filha legítima de D. Pedro Fernandes de Castro, neto do Rei de Castela. Anos depois, Inês foi adotada por D. Afonso Sanches, irmão bastardo do rei Afonso IV. Inês, passou sua infância e uma parte da vida adulta no Castelo de Albuquerque, na Estremadura espanhola. Em Portugal, o príncipe herdeiro D. Pedro – filho do rei Afonso IV, por quem mais tarde Inês veio apaixonar-se, também era neto do Rei de Castela. Por isso, Dona Inês de Castro e D. Pedro eram primos.

Castelo de Albuquerque – onde Inês de Castro viveu e foi exilada junto com seu pai adotivo,
D. Afonso Sanches

A chegada de Inês a Portugal e o envolvimento com D. Pedro

D. Pedro teve o casamento arranjado com Constança Manuel, uma descendente legítima de monarcas de Aragão, Castela e Leão. Inês de Castro, chega a Portugal na comitiva de Dona Constança como sua donzela, e é neste momento que encontra o futuro rei pela primeira vez. Dona Constança casou-se com D. Pedro, tendo a belíssima Inês de Castro como sua dama de companhia – por quem D. Pedro veio apaixonar-se loucamente.

Foto: divulgação – Pedro e Inês

Bem, a situação do príncipe manter uma ligação fora do matrimônio, estava inteiramente dentro da moral do tempo, não havia censura para situações deste gênero. No entanto, Afonso IV não se conformava com o romance do filho, cada vez mais notório.

Jardim – Quinta das Lágrimas – Cenário dos amores proibidos do príncipe D. Pedro e Inês de Castro


Inês exilada na fronteira com Castela

 O então rei Afonso não titubeou: sob sua ordem, a pobre Inês saiu da corte portuguesa e foi exilada no Castelo de Albuquerque, na fronteira com Castela. Mas o amor parecia ter acertado o príncipe e futuro herdeiro em cheio. Burburinhos e rumores continuaram a tramitar pela corte portuguesa. Enquanto, Pedro mantinha, ainda que à distância, correspondência frequente com sua amada. Continue lendo a história de amor de Pedro e Inês de Castro.

Foto: divulgação – Pedro e Inês de Castro

A morte de Dona Constança e o casamento secreto

Em 1345, Constança faleceu dando à luz o Infante D. Fernando. Estaria finalmente o caminho aberto para que Pedro assumisse sua “verdadeira” rainha? D. Pedro, ordenou o regresso de sua amante, contra a vontade do pai. O futuro rei casou secretamente com Inês, na Igreja de São Vicente em Bragança e mantiveram uma relação duradoura de 10 anos, dessa relação nasceram 3 filhos.

Igreja de São Vicente em Bragança – onde Pedro e Inês casaram secretamente

Porém, o inconformismo de Afonso IV, nada representava para Pedro, ou nem mesmo para Inês. Neste momento você deve estar pensando, mas por que Afonso IV odiava tanto assim a linda Inês? Bem, não se sabe ao certo, mas como já foi citado acima, Inês de Castro era filha adotiva de D. Sanches, irmão bastardo, adversário e inimigo de Afonso IV. Continue lendo a história de amor de Pedro e Inês de Castro, no post abaixo!

A terrível execução de Inês de Castro

A prole preocupou ainda mais a Afonso IV. Na “boca pequena”, boatos e rumores falavam em planos e conspirações de galegos para assassinar o filho legítimo de Pedro com Constança (D. Fernando), passando a herança do reino para os filhos de Inês. A política, em reação à voz do “povo”, terminaria falando mais alto.

Antigo Paço de Santa Clara, hoje Mosteiro de Santa Clara-a-Velha – local onde terrivelmente Inês foi assassinada

Afonso e a nobreza, em 1355, já tramavam de forma resoluta. Aproveitando que Pedro teria saído para caçar nos bosques portugueses – o rei volta a intervir, e arma uma emboscada para Inês, porém desta vez não a expulsa, mas friamente a manda degolar. Os algozes Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves e Diogo Lopes Pacheco, degolaram Inês na ausência de Pedro, e seu corpo foi enterrado às pressas na Igreja de Santa Clara.

Fonte das Lágrimas – Quinta das Lágrimas, Coimbra

Segundo a lenda, as lágrimas pela morte de Inês entornadas no rio Mondego, teriam criado a célebre fonte na Quinta das Lágrimas em Coimbra, e as algas rubras da região teriam crescido por seu sangue derramado.

As lágrimas derramadas pela morte de Inês, deram origem à Fonte das Lágrimas (detalhe do vermelho na imagem)
Por que Inês foi executada?

Bem, existem muitos mistérios por trás deste terrível assassinato. Segundo o historiador José Hermano Saraiva, em 1354 (um ano antes da morte de Inês) houve em Castela uma guerra civil. O rei de Castela D. Pedro o Cruel, um dos netos de Afonso IV, e sobrinho de D. Pedro (marido de Inês), era um homem de meios muito sangrentos e suas ações acabaram desencadeando, uma enorme revolta na nobreza castelhana. O chefe dessa revolta, era João Afonso de Albuquerque, conhecido por João Afonso, o do Ataúde (irmão de Inês). Ele havia jurado que vivo ou morto, havia de triunfar sobre o rei D. Pedro o Cruel.


João Afonso de Albuquerque, era filho de D. Afonso Sanches, pai adotivo de Inês, o irmão bastardo que Afonso IV odiava. Sanches e Afonso tinham grandes diferenças, principalmente pela predileção do pai rei D. Diniz por D. Afonso Sanches – chegando a deflagrar uma guerra civil, entre 1319 e 1324. Com a subida de Afonso IV ao trono de Portugal, ele envia o irmão D. Sanches para o exílio em Castela.
Voltando ao João Afonso, ele queria depor o rei D. Pedro Cruel, por isso precisava de um novo Rei para o substituir. E quem ele escolheu? D. Pedro de Portugal, o grande amor de Inês de Castro (sua irmã adotiva). Numa visita a Portugal e com a ajuda da irmã Inês, João Afonso convenceu D. Pedro aceitar a chefia da revolta castelhana.
É neste momento que Afonso IV intervém, proibindo o filho de envolver-se no conflito, pois além de todo o interesse político e estratégico, D. Pedro estaria lutando contra seu próprio sobrinho, neto e aliado do rei Afonso IV – sem falar no apoio ao filho de seu irmão e desafeto, D. Afonso Sanches.
Portanto, teria sido neste contexto que Inês foi executada, talvez uma espécie de advertência brutal do Rei ao filho – mostrando até que ponto o pai desaprovava a sua candidatura ao trono de Castela. Dois anos depois da morte de Inês, Afonso IV faleceu e por consequência, o príncipe D. Pedro é nomeado o novo rei de Portugal. 

Tumbas de D. Pedro e Inês de Castro

Mosteiro de Alcobaça – monumento histórico que abriga as tumbas de
D. Pedro e Inês de Castro

Mas a trágica história nunca saiu da memória de D. Pedro. Em 1360, anunciou a todos seu casamento em segredo com Inês, que brutalmente fora executada – e então, depois de morta, ela virou rainha. Mas como diz o ditado, era tarde, “agora Inês era morta”.

Túmulos de D. Inês de Castro e D. Pedro de Portugal – Mosteiro de Alcobaça

D. Pedro juntou-se a Inês em 1367, e os restos de ambos jazem juntos até hoje, no histórico Mosteiro de Alcobaça. As tumbas, são visitadas por milhares de turistas diariamente.

Locais e monumentos que fazem parte da história de amor de Pedro e Inês de Castro

Mosteiro de Santa Clara-a-Velha – Coimbra
Quinta das Lágrimas – Coimbra
Mosteiro de Alcobaça – Alcobaça
Igreja de São Vicente – Bragança
Castelo de Albuquerque – Estremadura espanhola

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