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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 5 de abril de 2022

Feijões e feijoadas saboreiam-se de norte a sul de Portugal

Feijoadas e feijões

«Desejais inesperadamente uma boa feijoada comida em mangas de camisa?» (Eça de Queirós)

Só depois da descoberta das Américas é que o feijão foi conhecido na Europa, pois parece ser originário da América do Sul, provavelmente do Peru.

Quando os navegadores espanhóis e portugueses chegaram ao Novo Mundo, já ele era largamente cultivado pelos incas (que lhe chamavam «purutu») e também pelos astecas do México (que o designavam por «ayacote»).

Trazido para o continente europeu, espalhou-se rapidamente e no século XVII era cultivado em todos os continentes.

Os escritores quinhentistas portugueses já o nomeiam. Isto refere-se a todas as variedades de feijão vulgar («phaseolus vulgaris»).

A espécie conhecida por feijão frade («vigna sinensis») é outra conversa. Teve origem na África Central, donde irradiou parte para o Oriente e para a região mediterrânica, tendo possivelmente sendo introduzida na Península Ibérica pelos muçulmanos.

O feijão é a semente comestível do feijoeiro e assim é consumido como leguminosa seca, ou também pode ser utilizado sob a forma de vagem verde (feijão verde, feijão carrapato).

A diversidade e o cromatismo do feijão seco vistos por Aquilino Ribeiro:

«O feitor enterra a mão na rasa e retira-a plena de turmalinas, opalas, sardagatas, ónix… perdão, feijões burros, barriga-de-freira, manteiga, negrinhos, etc., (…) uma teiga com feijões de vária espécie é um escrínio de cores, de formas, de simplicidade e modéstia, quintessenciadas».

Entre nós, o feijão-verde come-se sobretudo cozido, em sopa, em salada e, passado por ovo e frito, incorpora os populares «peixinhos-da-horta».

Do feijão seco, em espécie e em puré, fazem-se substanciosas sopas com hortaliça complementar, e até à doçaria ele chega através dos pastéis de feijão, de Torres Vedras e não só.

Contudo, o seu reino por excelência é o das feijoadas.

Uma feijoada o que é?

Uma feijoada não é mais que feijão guisado (branco, manteiga, catarino, encarnado ou preto) acondutado por carne e apêndices porcinos e enchidos do mesmo.

Em formato geral, ele é cozido primeiro, tal como as carnes (junta ou separadamente), introduzindo-os depois no refogado (base de todos os guisados) de azeite, cebola e alho picados, a que se acrescenta a água da cozedura, se tempera (pelo menos com sal e pimenta, e um golpe de vinagre, digo eu) e se deixa apurar longamente (tendo cuidado com o «bispo»).

Em Portugal existem feijoadas variegadas.

Desde logo, as «tripas à moda do Porto» são, no fundo, uma feijoada (embora convoquem outras carnes que não de porco).

De Entre-Douro-e-Minho é ainda a «orelheira com feijão branco».

De Trás-os-Montes vem a «feijoada à transmontana» (com as carnes fumadas e, por vezes, com adição de couve bacalã).

E por aí fora, Beiras, Ribatejo, Estremadura e Alentejo, com as suas modalidades de feijoadas – o Algarve, ao seu estilo, junta a terra com o mar na «feijoada de búzios» -, diferentes nos condimentos e no tipo de carnes, mas não longe do modelo matricial.

Uma apaladada feijoada é sempre um prato jubiloso.

Quanto às possíveis eructações, flatulências e ventosidades, cada um responda por si.

Guia da Semana – EXPRESSO – Edição Norte

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