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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 3 de maio de 2022

GRAÇA MORAIS

 A notícia de a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ir atribuir à pintora Graça Morais o grau de Doctor Honoris Causa provocou-me e continua a provocar-me intensa alegria não só devido ao facto de ser justo exame dada a sua obra pictórica a revolver as entranhas seculares da alma Nordestina expressa no húmus telúrico daquele território e das suas gentes, mulheres viúvas de vivos porque os homens na sua esmagadora maioria até aos alvores do 25 de Abril de 1974 moíam o corpo derramando o suor dos seus rostos nos sertões africanos, na estiva dos portos do Norte da Europa, na construção civil em França e Espanha e, para outras diásporas mais longínquas, mas também porque causa imenso júbilo aos seus amigos, não é assim Maria do Loreto?
A pintora sentiu na carne as agruras da separação do pai emigrante, valendo-lhe a todo o tempo e em todos os transes a sua progenitora que é fonte de inspiração tutelar qual Mãe-Coragem figura central de muitos dos seus quadros.
Neste tropel do turismo massificado os museus e Centros de Arte recebem visitantes apressados fazendo relampejar os instrumentos de fotografia dando azo a importantes obras de reflexão sobre o «miolo» escondido da criação artística, por isso relembro o pertinente ensaio do poeta, romancista e ensaísta José Régio – Em torno da expressão artística, 1940 -, na qual defende o primado da liberdade de conceber como quem concebe um filho e não atanazado por uma qualquer rede ideológica, na altura a ortodoxia de Cunhal pugnava pela doutrina inserida na vulgata de Gregory Lukacs, castradora, mais tarde dita engajada (termo em voga nos anos idos do Maio de 68, do século passado e dogmaticamente utilizada pelo transmontano nascido na raiana Moimenta, o sociólogo Alfredo Margarido).
Ora, Graça Morais crente assumida e expansiva das virtudes da democracia tem demonstrado quão vital continuam a ser as considerações do poeta de Vila do Conde enamorado de Portalegre onde durante algum tempo deu/davam grandes passeios aos Domingos, com, entre outros David Mourão-Ferreira o qual foi admirador e amigo da pintora que viveu na vetusta Casa do Arco na cidade brigantina.
Se a Casa do Arco motivou um grácil estudo publicado há umas boas dezenas de anos, o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais além de ter suturado uma lacuna na Região, estando consagrado à pintora é a prova/provada de os santos (a santa) da casa também fazerem milagres porque a dimensão da Artista por mérito próprio – estúdio e exercício – levaram a um decisor que entendo não nomear (deixo esse encargo aos leitores) a dedicar tempo e o modo da Autarquia honrar a ilustrada menina dos cabelos loiros a esvoaçarem nas ruas da urbe do bravo Braganção.
Devemos considerar o doutoramento motivo desta crónica como coroamento da obra da Pintora, claro que sim, mas podemos e devemos pedir-lhe a continuação do seu labor, ao exemplo de larga e fecunda plêiade de Mestres e Mestras do seu timbre e escalão.
Parabéns!

Armando Fernandes

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