Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Entrava-se por uma porta cujo retângulo exterior, em granito, continha as pilastras de boa madeira de castanho que ostentavam as marcas antigas da pedoa e da garlopa com que foram alisadas para que com as ferragens, que brilhantes por efeito do pano seco e do limpa metais causava em nós uma agradável sensação de obra limpa. A parede era de alvenaria recoberta de cal branca e continha por sobre a porta uma varanda com base de granito e apoios de ferro forjado com portas brancas de abrir e vidros em gelosia que alinhada com as quatro janelas, duas em cada flanco, mostravam solidez e bom gosto.
Ali nascera Irene, Quando criança brincou no jardim da casa que seu avô mandara construir para alojar a família e dar pousada a um ou outro amigo que vindo visitá-lo por ali se quedasse por aqueles lugares salubres e arejados.
Quando seu avô partiu, Irene era ainda criança de três anos. Seu pai passou então a ser o homem que tomou em mãos os negócios da família. Sua mãe, mulher serena e de educação com selo de Colégio Suíço, passou e ter mais intervenção na vida da casa. Era como se o passamento de seu avô tivesse tido o efeito contrário ao antecipado, pois a vida fez-se mais fluida, talvez por que seu pai houvesse imposto um ritmo diferente à forma como se geriam a casa de família, bem assim como os negócios.
Sua mãe perdera a relutância de dar ordens numa casa que verdadeiramente não lhe pertencia.
Agora era chegado o tempo da passagem de testemunho em situações de mudança que eram como um desafio à sua capacidade de penetrar no mundo para o qual haviam, tanto ela como ele sido educados e que esperava por ambos de braços abertos. Irene era já menina de escola e na sua cabeça de criança ainda não cabiam certos conceitos reservados aos adultos.
Assim os primeiros anos após a morte do avô ela cresceu em corpo e maturidade, num ambiente de bem-estar e naturalmente se fez mulher. Fez estudos condizentes com a sua condição social e a vida que até aí correra como planeado passou a ter sobressaltos que não sendo de grande monta ajudaram a que ela passasse a se preocupar com a sociedade no seu todo e a prestar mais atenção aos que por falta de meios financeiros se quedavam pelas margens da sociedade e que persistentemente eram alvo de repressão e não aceitação pelas pessoas que um pouco por desfastio ou mesquinhez achavam que esses eram de outra condição e que não teriam nunca a possibilidade da sociedade os içar à condição de homens e mulheres que tendo o direito a partilhar os bens da sociedade em cujas margens se encontravam, eram sempre repelidos por razões discriminatórias não condizente com a doutrina que os governos e alguns grupos sociais propagandeavam em tempo de eleições e que após haverem tomado o lugar nos seus gabinetes faziam o contrário do que tanto incensavam antes de serem eleitos.
Começava aqui uma actividade de participação nos grupos de repulsa pelas desigualdades entre humanos e a aprendizagem de como se pode ser útil e solidário mesmo quando o princípio, o meio e o fim das semelhanças entre indivíduos de classes sociais que se encontram nos antípodas de outras pode pelo seu humanismo congregar vontades para construírem um mundo melhor.
Assim Irene passou a ser vista por alguns como alguém que fugia aos seus princípios de herdeira de fazenda grossa acumulada por gente de uma classe burguesa, que gente como ela e apenas por capricho estava a tentar eliminar. Irene não era mulher de abandonar os seus ideais e essa característica apenas acicatou a sua reflexão e vontade de se fazer conhecedora das circunstâncias que levaram a que a sociedade durante séculos não tivesse curado de com ideias frescas que já durante muitos séculos são anunciadas e desejadas por alguns e repelidas por outros tantos e se continua a assistir a guerras que fazem sofrer tanto a humanidade, mesmo depois do que foi visto e condenado em sede própria referente às Primeira e Segunda Guerras Mundiais.
Irene tinha pensamentos de quem quer fazer algo, mas as condições que a realidade lhe apresentava não eram as mais promissoras, já que a sua proveniência, a classe média alta e a condição daqueles a quem pretendia defender eram zonas literalmente opostas e essa razão dificultava-lhe a sua defesa daquilo em que acreditava e ao mesmo tempo lhe retirava a capacidade de argumentação para defender a outra parte.
Assim Irene sentia o mundo fugir-lhe debaixo dos pés. A angústia acentuava-se e as ideias começaram a não serem tão claras como seria desejável.
Ali nascera Irene, Quando criança brincou no jardim da casa que seu avô mandara construir para alojar a família e dar pousada a um ou outro amigo que vindo visitá-lo por ali se quedasse por aqueles lugares salubres e arejados.
Quando seu avô partiu, Irene era ainda criança de três anos. Seu pai passou então a ser o homem que tomou em mãos os negócios da família. Sua mãe, mulher serena e de educação com selo de Colégio Suíço, passou e ter mais intervenção na vida da casa. Era como se o passamento de seu avô tivesse tido o efeito contrário ao antecipado, pois a vida fez-se mais fluida, talvez por que seu pai houvesse imposto um ritmo diferente à forma como se geriam a casa de família, bem assim como os negócios.
Sua mãe perdera a relutância de dar ordens numa casa que verdadeiramente não lhe pertencia.
Agora era chegado o tempo da passagem de testemunho em situações de mudança que eram como um desafio à sua capacidade de penetrar no mundo para o qual haviam, tanto ela como ele sido educados e que esperava por ambos de braços abertos. Irene era já menina de escola e na sua cabeça de criança ainda não cabiam certos conceitos reservados aos adultos.
Assim os primeiros anos após a morte do avô ela cresceu em corpo e maturidade, num ambiente de bem-estar e naturalmente se fez mulher. Fez estudos condizentes com a sua condição social e a vida que até aí correra como planeado passou a ter sobressaltos que não sendo de grande monta ajudaram a que ela passasse a se preocupar com a sociedade no seu todo e a prestar mais atenção aos que por falta de meios financeiros se quedavam pelas margens da sociedade e que persistentemente eram alvo de repressão e não aceitação pelas pessoas que um pouco por desfastio ou mesquinhez achavam que esses eram de outra condição e que não teriam nunca a possibilidade da sociedade os içar à condição de homens e mulheres que tendo o direito a partilhar os bens da sociedade em cujas margens se encontravam, eram sempre repelidos por razões discriminatórias não condizente com a doutrina que os governos e alguns grupos sociais propagandeavam em tempo de eleições e que após haverem tomado o lugar nos seus gabinetes faziam o contrário do que tanto incensavam antes de serem eleitos.
Começava aqui uma actividade de participação nos grupos de repulsa pelas desigualdades entre humanos e a aprendizagem de como se pode ser útil e solidário mesmo quando o princípio, o meio e o fim das semelhanças entre indivíduos de classes sociais que se encontram nos antípodas de outras pode pelo seu humanismo congregar vontades para construírem um mundo melhor.
Assim Irene passou a ser vista por alguns como alguém que fugia aos seus princípios de herdeira de fazenda grossa acumulada por gente de uma classe burguesa, que gente como ela e apenas por capricho estava a tentar eliminar. Irene não era mulher de abandonar os seus ideais e essa característica apenas acicatou a sua reflexão e vontade de se fazer conhecedora das circunstâncias que levaram a que a sociedade durante séculos não tivesse curado de com ideias frescas que já durante muitos séculos são anunciadas e desejadas por alguns e repelidas por outros tantos e se continua a assistir a guerras que fazem sofrer tanto a humanidade, mesmo depois do que foi visto e condenado em sede própria referente às Primeira e Segunda Guerras Mundiais.
Irene tinha pensamentos de quem quer fazer algo, mas as condições que a realidade lhe apresentava não eram as mais promissoras, já que a sua proveniência, a classe média alta e a condição daqueles a quem pretendia defender eram zonas literalmente opostas e essa razão dificultava-lhe a sua defesa daquilo em que acreditava e ao mesmo tempo lhe retirava a capacidade de argumentação para defender a outra parte.
Assim Irene sentia o mundo fugir-lhe debaixo dos pés. A angústia acentuava-se e as ideias começaram a não serem tão claras como seria desejável.
Fim da primeira parte.
Bragança 17/08/2022
A. O. dos Santos
(Bombadas)
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