Por: Luís Abel Carvalho
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Quando Dominguinhos chegou a casa, perguntou-lhe a Mãe:
- Atão o pitrolho?
- Ich... alembrei-me! Mas bou l´agora – disse de modo atrapalhado, rodopiando sobre o calcanhar esquerdo.
- Pois é! Encomenda sem dinheiro esquece-se no primeiro ribeiro. Agora já no é preciso – disse a Mãe sorrindo da atrapalhação do filho . – Eu já lá fui. Agora anda cá a cumer, qu´inda hoje no comestes nada. Já sei o qu´aconteceu à baca do ´Smael. Quanto mais pobres mais azares tenem!! – disse enquanto enchia a malga de caldo de feijões.
Dominguinhos engoliu de sopetão a malga do caldo sentado no banquinho de madeira feito pelo Ti Domingos Carpinteiro, com um buraquinho no meio. ( Não sabemos qual o propósito desse buraquinho; se para facilitar a mobilidade do mesmo, se para corresponder ao objectivo do buraco nos catres dos monges e astecas ). Meteu uma mão cheia de figos secos no bolso e dirigiu-se à porta.
- Anda cá rapaz. Prondé que já bais todo alceiro, filho de Deus?
- Bou ter co ´Smael e lebo-le um punhado de figos.
A Mãe ficou enternecida com o acto solidário do filho.
- Bais daqui a um cibo, ´stá bem? E leba-le tamãe este bocado de pão e queijo.
- Dê-mo cá, atão. Mas porqu´é que no posso ir agora?
- Agora tanho que talhar a cabaça e as nabiças prá bianda das crias e dos porcos e tu tães qu´embalar a menina. Daqui a nada tchega aí o teu Pai tcheio de fome.
- Mas a Mãe pode fazer isso tudo sozinha!!
- Sozinha?! Cumo?! Atão tu no bês ca menina stá a tchorar e preciso di a embalar?!
- Assim. Ó ...faiz assim. Quer ber? Sante-se aqui nesta cadeira. Põe aqui um pé no berço e embal´á menina, põe o alguidar no regaço e coas mãos talha as cabaças e as nabiças!
Desmontou tudo com uma simplicidade tal, que a Mãe só teve um sorriso de orgulho e de amor para lhe passar carinhosamente a mão pelo cabelo. E lá foi para o seu sonho: as ratoeiras dos tralhões. O mundo era dele e o sonho esperava-o.
Era Ismael e Dominguinhos que faziam as suas próprias ratoeiras com arame da vinha para os aros e o " tchabilhão " e arame fino de aço para as molas e para a grileira. Tudo isso pregado a dois pedaços de madeira em cruz. Iam ao pormenor de as fazer com a mola mais forte ou mais fraca! Precisavam apenas de arame, um martelo e um alicate!
Um dia Caetano reclamava desesperado:
- Rais partá sorte. Já nem pra biber ganhemos. Só de caso tibesse saúde, ia pró Brasil.
- Ias e dexá-bas-m´aqui sozinha co ganau. E pagabas a biage com que dinheiro?
- Pediamo-sio emprestado. O Lérias tamãe o pediu ó Januário.
- Pois pediu, mas hipotecou-l´o lameiro da Por Deus! E nós, o qu´é que temos pra dar de bolta? – desarmou-o a mulher. – E além do mais, ondé qu´ irias tu sem capa nem capote, tchairel cmo ´stás?
- Tães rezão, mulher. Era só um suponhor – disse em tom completamente derrotado.
- Bá...Tudo s´hád´arranjar coa graça de Deus – animava-o a mulher.
- Eu bem bejo as garotas a preciar de roupa e de calçado. O nosso ´Smael já me pediu uns sapatos.
- Si os num tiberem, andam descaços c´mós oitros, que num morrem por bia disso. Calcei as minhas primeiras socas já eu tinha onz´anos e num morri!
- Pois ´stá bem, mas a nossa Guidinha já num ´sta na idade d´andar descalça. Já tãe bergonha.
- Bou ber s´Abó do Dminguinhos tãe lá alguma roupa que dê pró nosso ´Smael.
A amizade entre Ismael e Dominguinhos era incentivada pela Dona Albertina, devido à amizade e estima que tinha por Deolinda e pelo Caetano, mas mais pela Deolinda, por um motivo ainda desconhecido da Deolinda.
Quando um dia Deolinda foi a casa da senhora Adelaide, perguntar se tinha alguma roupa que Dominguinhos já não usasse, D. Albertina abriu o coração:
- Ó m´nha filha, canto o meu Artur sofreu por ti!!
- Por mim?! Ess´é boa...
- Sim, por ti. Sofreu calado, sem nada decer a ninguém. Só eu o sabia!
- Mas que grande nobidade me dá, Ti´Albertina!!
- É assim mesmo cmo te digo: Muntas bezes eu tamãe sofri por i o ber a sofrer . Mas deixa lá, que tamãe casastes cum home às direitas. Por o menos, gostemos todos munto do Queitano.
- Coa graça de Deus, tibo munta sorte, no desfazendo do Artur. Mas juro-le pel´alminha dos meus filhos que nunca futurei tal cousa.
- Num é por ser meu filho, mas é uma jóia de rapaz. Mas isso agora já são augas passadas – disse num gesto como quem afasta algo. – Tudo o que precisaares pró teu ´Smael, no t´acanhes.
- Obrigadinho. A Senhora Albertina tem-me balido munto.
- Agadece a Deus a familha que te deu. Mas tamãe gostemos munto da Rosário, qu´é munto boa rapariga: boa mulher pró meu Artur e boa Mãe pró meu Dminguinhos e prá Amparinho( Maria do Amparo).
Como Ismael era mais pequeno e mais magro do que o Dominguinhos, a roupa lutava em vão para encontrar o corpo de Ismael, que bailava dentro da roupa larga, apesar da Deolinda a ir apertando e encolhendo.
Uma outra razão de fomentar a amizade entre os dois garotos, era porque Ismael era calmo, sossegado, inimigo de brigas e aventureiro, tal como Dominguinhos. Ambos tinham igual fascínio por pássaros, por um banho proíbido no ribeiro ou no rio, por amoras, por pescar peixes no Sabor, pela fisga, pelas ratoeiras, pelo pião, por dar uns pontapés numa bola de trapos e também por roubar cerejas, melões e outras frutas, muitas vezes aos próprios avós do Dominguinhos. Certo dia, um grupo de seis ou sete raparigos foram aos pêssegos no Prado. Havia os melacotos e os de “ `scatcha”. Por descuido, um deles partiu uma grande pernada do melacoto. Fugiram todos assustados. Dois dias depois, Dominguinhos foi ao terreno com a Mãe e ouviu-a praguejar como nunca: “ ´Scamongados dos infernos. Diabos do inferno. No se le partirem as patas a quem fez isto. Que lindo serbiço! ´Sgalharam-me o pessegueiro todo! No se tolherem as mãos ós malbados do demónio ”.
Dominguinhos tremia todo de medo.
Uma manhã Dominguinhos foi a casa de Ismael chamá-lo para irem aos ninhos e viu-o comer batatas cozidas, sem peguilho, duma panela de ferro, com as mãos e sem azeite. Uma voz de justiça e de revolta clamou mais alto dentro de si e Dominguinhos sentiu um arrepio na espinha e um desconforto imcompreensível. Mesmo quando iam sair de casa, Ismael meteu ao bolso meia cebola e uma tomate que estavam em cima da mesa, além dum punhado de figos secos, para repartir com o amigo. Passaram a manhã aos ninhos percorrendo olivais, lameiros e amendoais, mas Dominguinhos estava inquieto com algo a atormentar a sua alma pura de criança.
Passou o dia todo incomodado, triste e atormentado. Quando chegou a casa contou o sucedido à Avó e esta mandou-lhe levar um garrafão de cinco litros de azeite. Não há nada mais agregador e comovente do que um gesto de compaixão e de desinteressada estima.
A amizade entre aqueles dois garotos estava acima de qualquer maldade humana e cimentada com suor e lágrimas. Como diz o Aquilino : “ A amizade é a única providência cautelar dos nossos passos transitórios “.
Num Domingo à tarde, depois de assistirem ao Santo Sacrifício da missa, e tal como combinado, depois do jantar, Dominguinhos e Ismael foram ao Pinhal da Franga, colher duas cabaças na horta do Avô de Dominguinhos. Escolheram as duas que melhor se adaptavam à função e cortaram-nas mais ou menos pelo meio, onde adelgaçavam. Colocaram-nas em cima duma fraga a secar ao sol. Iam combinando e acertando pormenores da empresa de que se iriam ocupar nas próximas semanas.
Efectivamente, nas semanas seguintes, passaram os dois Sábados e as tardes dos dois Domingos de volta das ratoeiras na varanda dos avós de Dominguinhos – isto porque Domingos de manhã tivnham que ir à missa. Embalados no sonho e no êxtase, nem deram pelo passar do tempo. Com arame da vinha – que roubaram aos avós de Domingos dum rolo pendurado num prego na adega, com uns metros de arame de aço do pneu dum carro, com uns pedaços de madeira, um serrote, um alicate e um martelo, tudo isso aliado à imaginação fértil, conseguiram fazer trinta e cinco ratoeiras!
- Atão o pitrolho?
- Ich... alembrei-me! Mas bou l´agora – disse de modo atrapalhado, rodopiando sobre o calcanhar esquerdo.
- Pois é! Encomenda sem dinheiro esquece-se no primeiro ribeiro. Agora já no é preciso – disse a Mãe sorrindo da atrapalhação do filho . – Eu já lá fui. Agora anda cá a cumer, qu´inda hoje no comestes nada. Já sei o qu´aconteceu à baca do ´Smael. Quanto mais pobres mais azares tenem!! – disse enquanto enchia a malga de caldo de feijões.
Dominguinhos engoliu de sopetão a malga do caldo sentado no banquinho de madeira feito pelo Ti Domingos Carpinteiro, com um buraquinho no meio. ( Não sabemos qual o propósito desse buraquinho; se para facilitar a mobilidade do mesmo, se para corresponder ao objectivo do buraco nos catres dos monges e astecas ). Meteu uma mão cheia de figos secos no bolso e dirigiu-se à porta.
- Anda cá rapaz. Prondé que já bais todo alceiro, filho de Deus?
- Bou ter co ´Smael e lebo-le um punhado de figos.
A Mãe ficou enternecida com o acto solidário do filho.
- Bais daqui a um cibo, ´stá bem? E leba-le tamãe este bocado de pão e queijo.
- Dê-mo cá, atão. Mas porqu´é que no posso ir agora?
- Agora tanho que talhar a cabaça e as nabiças prá bianda das crias e dos porcos e tu tães qu´embalar a menina. Daqui a nada tchega aí o teu Pai tcheio de fome.
- Mas a Mãe pode fazer isso tudo sozinha!!
- Sozinha?! Cumo?! Atão tu no bês ca menina stá a tchorar e preciso di a embalar?!
- Assim. Ó ...faiz assim. Quer ber? Sante-se aqui nesta cadeira. Põe aqui um pé no berço e embal´á menina, põe o alguidar no regaço e coas mãos talha as cabaças e as nabiças!
Desmontou tudo com uma simplicidade tal, que a Mãe só teve um sorriso de orgulho e de amor para lhe passar carinhosamente a mão pelo cabelo. E lá foi para o seu sonho: as ratoeiras dos tralhões. O mundo era dele e o sonho esperava-o.
Era Ismael e Dominguinhos que faziam as suas próprias ratoeiras com arame da vinha para os aros e o " tchabilhão " e arame fino de aço para as molas e para a grileira. Tudo isso pregado a dois pedaços de madeira em cruz. Iam ao pormenor de as fazer com a mola mais forte ou mais fraca! Precisavam apenas de arame, um martelo e um alicate!
Um dia Caetano reclamava desesperado:
- Rais partá sorte. Já nem pra biber ganhemos. Só de caso tibesse saúde, ia pró Brasil.
- Ias e dexá-bas-m´aqui sozinha co ganau. E pagabas a biage com que dinheiro?
- Pediamo-sio emprestado. O Lérias tamãe o pediu ó Januário.
- Pois pediu, mas hipotecou-l´o lameiro da Por Deus! E nós, o qu´é que temos pra dar de bolta? – desarmou-o a mulher. – E além do mais, ondé qu´ irias tu sem capa nem capote, tchairel cmo ´stás?
- Tães rezão, mulher. Era só um suponhor – disse em tom completamente derrotado.
- Bá...Tudo s´hád´arranjar coa graça de Deus – animava-o a mulher.
- Eu bem bejo as garotas a preciar de roupa e de calçado. O nosso ´Smael já me pediu uns sapatos.
- Si os num tiberem, andam descaços c´mós oitros, que num morrem por bia disso. Calcei as minhas primeiras socas já eu tinha onz´anos e num morri!
- Pois ´stá bem, mas a nossa Guidinha já num ´sta na idade d´andar descalça. Já tãe bergonha.
- Bou ber s´Abó do Dminguinhos tãe lá alguma roupa que dê pró nosso ´Smael.
A amizade entre Ismael e Dominguinhos era incentivada pela Dona Albertina, devido à amizade e estima que tinha por Deolinda e pelo Caetano, mas mais pela Deolinda, por um motivo ainda desconhecido da Deolinda.
Quando um dia Deolinda foi a casa da senhora Adelaide, perguntar se tinha alguma roupa que Dominguinhos já não usasse, D. Albertina abriu o coração:
- Ó m´nha filha, canto o meu Artur sofreu por ti!!
- Por mim?! Ess´é boa...
- Sim, por ti. Sofreu calado, sem nada decer a ninguém. Só eu o sabia!
- Mas que grande nobidade me dá, Ti´Albertina!!
- É assim mesmo cmo te digo: Muntas bezes eu tamãe sofri por i o ber a sofrer . Mas deixa lá, que tamãe casastes cum home às direitas. Por o menos, gostemos todos munto do Queitano.
- Coa graça de Deus, tibo munta sorte, no desfazendo do Artur. Mas juro-le pel´alminha dos meus filhos que nunca futurei tal cousa.
- Num é por ser meu filho, mas é uma jóia de rapaz. Mas isso agora já são augas passadas – disse num gesto como quem afasta algo. – Tudo o que precisaares pró teu ´Smael, no t´acanhes.
- Obrigadinho. A Senhora Albertina tem-me balido munto.
- Agadece a Deus a familha que te deu. Mas tamãe gostemos munto da Rosário, qu´é munto boa rapariga: boa mulher pró meu Artur e boa Mãe pró meu Dminguinhos e prá Amparinho( Maria do Amparo).
Como Ismael era mais pequeno e mais magro do que o Dominguinhos, a roupa lutava em vão para encontrar o corpo de Ismael, que bailava dentro da roupa larga, apesar da Deolinda a ir apertando e encolhendo.
Uma outra razão de fomentar a amizade entre os dois garotos, era porque Ismael era calmo, sossegado, inimigo de brigas e aventureiro, tal como Dominguinhos. Ambos tinham igual fascínio por pássaros, por um banho proíbido no ribeiro ou no rio, por amoras, por pescar peixes no Sabor, pela fisga, pelas ratoeiras, pelo pião, por dar uns pontapés numa bola de trapos e também por roubar cerejas, melões e outras frutas, muitas vezes aos próprios avós do Dominguinhos. Certo dia, um grupo de seis ou sete raparigos foram aos pêssegos no Prado. Havia os melacotos e os de “ `scatcha”. Por descuido, um deles partiu uma grande pernada do melacoto. Fugiram todos assustados. Dois dias depois, Dominguinhos foi ao terreno com a Mãe e ouviu-a praguejar como nunca: “ ´Scamongados dos infernos. Diabos do inferno. No se le partirem as patas a quem fez isto. Que lindo serbiço! ´Sgalharam-me o pessegueiro todo! No se tolherem as mãos ós malbados do demónio ”.
Dominguinhos tremia todo de medo.
Uma manhã Dominguinhos foi a casa de Ismael chamá-lo para irem aos ninhos e viu-o comer batatas cozidas, sem peguilho, duma panela de ferro, com as mãos e sem azeite. Uma voz de justiça e de revolta clamou mais alto dentro de si e Dominguinhos sentiu um arrepio na espinha e um desconforto imcompreensível. Mesmo quando iam sair de casa, Ismael meteu ao bolso meia cebola e uma tomate que estavam em cima da mesa, além dum punhado de figos secos, para repartir com o amigo. Passaram a manhã aos ninhos percorrendo olivais, lameiros e amendoais, mas Dominguinhos estava inquieto com algo a atormentar a sua alma pura de criança.
Passou o dia todo incomodado, triste e atormentado. Quando chegou a casa contou o sucedido à Avó e esta mandou-lhe levar um garrafão de cinco litros de azeite. Não há nada mais agregador e comovente do que um gesto de compaixão e de desinteressada estima.
A amizade entre aqueles dois garotos estava acima de qualquer maldade humana e cimentada com suor e lágrimas. Como diz o Aquilino : “ A amizade é a única providência cautelar dos nossos passos transitórios “.
Num Domingo à tarde, depois de assistirem ao Santo Sacrifício da missa, e tal como combinado, depois do jantar, Dominguinhos e Ismael foram ao Pinhal da Franga, colher duas cabaças na horta do Avô de Dominguinhos. Escolheram as duas que melhor se adaptavam à função e cortaram-nas mais ou menos pelo meio, onde adelgaçavam. Colocaram-nas em cima duma fraga a secar ao sol. Iam combinando e acertando pormenores da empresa de que se iriam ocupar nas próximas semanas.
Efectivamente, nas semanas seguintes, passaram os dois Sábados e as tardes dos dois Domingos de volta das ratoeiras na varanda dos avós de Dominguinhos – isto porque Domingos de manhã tivnham que ir à missa. Embalados no sonho e no êxtase, nem deram pelo passar do tempo. Com arame da vinha – que roubaram aos avós de Domingos dum rolo pendurado num prego na adega, com uns metros de arame de aço do pneu dum carro, com uns pedaços de madeira, um serrote, um alicate e um martelo, tudo isso aliado à imaginação fértil, conseguiram fazer trinta e cinco ratoeiras!
- Ó Clementina, no bistes por aí o meu `Smael?
- ´Staba agora mesmo co Dominguinhos na baranda em roda das ratoeiras!
- Que consumição... Aquel rapaz só bê tralhões e ratoeiras. Inté s´olbida de bir a comer .
- Atão que le queres? Os garotos são imbicionados nos tralhões.
- Mas o meu ´Smael é uma cousa sem conta!. Arre tchiça, qué demais!! – barafustou.
- Há os piores – condescendeu a Clementina.
- Há os piores – condescendeu a Clementina.
Ismael chegou sorrateiro já ao cair da tarde.
- Atão isto é que são horas de tchigares? – perguntou-lhe a Mãe nada meiga.
- Oh...`Stibo co Dminguinhos. Inté ciei em casa dele. – desculpou-se.
- De berdade? Atão no teins fome?
- Não Senhora.
- Oh...`Stibo co Dminguinhos. Inté ciei em casa dele. – desculpou-se.
- De berdade? Atão no teins fome?
- Não Senhora.
Entretanto, como já tinham ido ao Pinhal da Franga colher as duas cabaças em forma de guitarra – ou em forma de uma mulher esbelta, no pensamento dos adultos - e também já as tinham cortado mais ou menos a meio, e exposto ao sol a secar, parte do trabalho já estava feito. Com uma navalha e dois pedaços de cortiça, modelaram duas rolhas à medida e, com um arame em brasa, furaram as cabaças e passaram a chamar-se “ cabaço das aludras “. Também já lhes tinham tirado previamente todas as pevides. Muitos substituíam o cabaço por uma lata de tinta , também furada.
De sacho às costas e com os cabaços a tira colo, saíram a meio da manhã à procura de aludras. Procuraram em terrenos arenosos – terrenos “ sairinhos”. Foram até ao Sesmo. Seguiram os carreiros no chão que iam dar a umas fragas de pequenas dimensões. Levantaram as pedras e só viram os buracos redondos por onde entravam e saíam as formigas na terra seca, arenosa. Cavaram até fundo, mas nada de aludras. Com o calor a apertar regressaram a casa desiludidos, de mãos vazias,mas com uma solução na cabeça para o dia seguinte. Pelo caminho foram à vinha do Ti Belmiro e colheram uns cachos de “ Códega do Larinho “ e meteram o cango nos respectivos cabaços, que serviria para alimento das aludras.
Na tarde seguinte, depois do jantar com um bonito sol a aquecer a vida, lá foram novamente os dois com o sacho às costa e os cabaços e uma cantarinha de lata cheia de água. Voltaram ao mesmo sítio do dia anterior. Cavaram um pouco mais fundo e em mais dois locais. Em todos eles havia o caminho que denunciava a presença das aludras. Agora era uma questão de aplicar a observação à prática. Despejaram um pouco de água onde tinham cavado e esperaram.
Enquanto esperavam e visto que Dominguinhos punha pouca fé na “ tecnologia natural”, disse:
- Só de caso no apanharmos ninhuma, bamos ós grilos à Moreirinha do meu Abô, que debe haber lá muntos por baixo das erbeiras das batatas, qu´ias andaram ápanhar num há munto tempo.
- No há-de ser preciso – respondeu-lhe Ismael convicto do sucesso da empreitada.
Quando por algum motivo não conseguiam as aludras, usavam os grilos como isco, mas só na falta daquelas.
Ainda não tinham passado dez minutos e já as benditas aludras viam a luz do dia e espreguiçavam as suas asas brancas prateadas, reluzentes e transparentes ao sol quente. Era um regalo vê-las subir pelas galerias feitas na terra dura e seca. Cá em cima, à superfície e ao ar livre, pareciam crianças soltas num lameiro, em liberdade total. Cada um encheu o cabaço onde previamente tinham posto os cangos de uva para as alimentarem.
A amizade entre aqueles dois garotos estava a salvo e cimentada contra ventos e marés:
No início de uma manhã morna e límpida de finais de Setembro, por volta das seis da manhã, Ismael saiu de casa com o sacho ao ombro e com as ratoeiras e o cabaço das aludras suspensos no cabo da enchada e com o coração cheio de sonhos e de ilusões. Encontrou-se com o seu maior amigo à hora combinada, em frente à casa do Dr. Ramiro Salgado. Entretanto, já tinham “ seibado” as ratoeiras com as aludras presas pelo ventre com pêlos pretos da crina e do rabo do macho preto do avô do Dominguinhos.
Desceram a íngreme e pedragosa rua da Costa da Ferrada em direcção aos lameiros da Quintã. Passaram pelo olival do ti Zé Francisco e saltaram para o lameiro do Adérito Raúl. Perscutaram o som ambiente e conseguiam distinguir o pio dos tralhões dos outros pássaros: folecras, marantéus, pintassilgos, rouxinóis, papa - figos, pica- paus, gaios, piscos, carriças... Os tralhões tinham um voo em ondulações rasante e curto, de árvore em árvore. O piar , pxim,pxim,pxim... de curta duração e o voo característicos dos tralhões eram inconfundíveis.
- Ich...Oube-zios? Hoje bamos acaçar mais de catchaquinze ! No nos oubes?– perguntou o Dominguinhos entusiasmado.
- Hoje bamos acaçar pra uma arroçaça – concordou o Ismael.
Estudaram o terreno em termos topográficos e arbóreos e, de acordo com o conhecimento prático dos hábitos dos tralhões , começaram a distribuir as trinta e cinco ratoeiras que tinham levado. Armavam a primeira e seguiam em frente e para os lados; nunca para trás.
Quando armavam a última ratoeira, voltavam ao local da primeira a fazer a ronda. ( Iam assomar-se às ratoeiras). Isso exigia deles uma extraordinária memória visual e espacial, pois teriam que se recordar de todos os “ tentos “ onde tinham armado as ratoeiras. Quando, por qualquer motivo, acontecia esquecerem-se de uma, era uma tristeza e, acima de tudo, uma vergonha. Eram caçadores de tralhões, mas com honra!
Tinham passado as tardes dos dois Sábados e Domingos anteriores a construir de raiz e a rectificar as armadilhas para os tralhões incautos e inocentes. Também há quem, com idêntica sabedoria e paciência, arme ratoeiras a humanos inocentes e incautos. ( Há aquele célebre diálogo enter as andorinhas e os tralhões quando se cruzaram lá para os lados do Norte de África: “ Olá, andorinhas putas: fostens poucas e vindes muitas “. Ao que as andorinhas responderam: “ Adeus, tralhões loucos, ides muitos e vireis poucos”.
A ilusão, o sonho e a sensação de glória tomou conta deles . O ar puro , fresco e ralo da manhã acalmava todas as angústias da alma e batia-lhes com suavidade no rosto sonhador. Até os pequenos cirros se espreguiçavam sem nenhuma vontade em continuar a existir. Eram duas crianças em êxtase, pedindo a todos os Santos para que a caçada fosse boa. Distribuiram-se pelos campos e lameiros de freixos, de carrascos, amendoeiras e oliveiras e cada um armava as suas ratoeiras. Colocavam-se no lugar do tralhão e anteviam o seu comportamento. Seleccionavam o local perfeito para os enganar. Um terreno lavrado com meia dúzia de amendoeiras, de preferência pequenas e com uns merouços nas extremidades, era o “ habitat “ natural. Escolhiam as árvores mais pequenas e isoladas. Sempre que havia uma amendoeira, uma ginjeira ou uma árvore de fruto de pequeno porte e separada das outras, aí era o “ tento “ propício. Não eram muito clientes de de árvores altas e frondosas, como os sobreiros ou as oliveiras.
Cavavam uma pequena cova pouco profunda e ligeiramente inclinada, onde colocavam a ratoeira seivada com duas aludras presas pelo abdómen com um pelo da crina ou do rabo do macho preto do Avô do Dominguinhos, com o “ tchabilhão “ no início da pequena abertura no terreno. ( Havia quem as cobrisse levemente com terra, deixando apenas ver as asas cintilantes das aludras).
O tralhão, do alto, ao ver a terra fresca, remexida e, ao ver reluzir as asas das pobres aludras que se debatiam debalde contra a prisão, avançavam uns, em voo picado outros, mais cautelosos, analisando de forma inútil o cenário, em ambas as situações, para a morte. Ao bicar as aludras, o “tchabilhão “ soltava-se da grileira, o aro de arame disparava, apanhando-o incauto. Depois, era estrebuchar com todas as forças até ao estertor da morte.
Houve, entretanto, uma situação assaz curiosa: numa das ratoeiras do Dominguinhos, o tralhão conseguiu , por duas vezes, ludibriá-los e comer as aludras sem ser apanhado. Intrigados com o fenómeno, aconselhou-o o Ismael , conhecedor profundo dos hábitos dos pequenos passarinhos: “ birá ratoeira ó contrário, co tchablhão pra baixo “. Dito e feito: na próxima “ abença “ o tralhão pagou as favas, ficando preso. E assim, aquele foi mais um a juntar aos muitos que já traziam, em coleira, amarrados à cintura, com o osso da pata do anterior espetado no bico do seguinte, fazendo uma corrente de elos.
Quando já vinham para casa, satisfeitos com a empreitada, Ismael notou que Dominguinhos olhava triste e absorto para algo no chão: o esqueleto de um pisco, ao toro de uma oliveira, já comido o mole pelas formigas que, ainda em abundância o rodeavam: só o bico e a caveira restavam. E os dois amigos ficaram uns instantes em silêncio, a lamentar a sorte do passarinho.
Aqueles pequenos pássaros, parecidos com os piscos, mas de papo claro –branco – sujo – com algumas penas brancas na parte superior das asas e no rabo, era um manjar dos deuses. Cortavam-lhes a cabeça e as patas, depenavam-nos, abriam-nos ao meio pela barriga e, temperados apenas com sal grosso e bem tostadinhos nas brasas da lareira, era de saborear até às lágrimas: ia tudo... até os ossos!
Por sorte, por coincidência ou por habilidade, Ismael tinha apanhado dezasseis tralhões e Dominguinhos apenas sete. Ismael deu quatro ao seu amigo e este devolveu-lhos e ainda lhe deu três dos dele. “ Pega. Pra mim abondam - me bem estes quatro; os meus Pais e os meus Abôs no ligam munto e bós sendes mais”.
De sacho às costas e com os cabaços a tira colo, saíram a meio da manhã à procura de aludras. Procuraram em terrenos arenosos – terrenos “ sairinhos”. Foram até ao Sesmo. Seguiram os carreiros no chão que iam dar a umas fragas de pequenas dimensões. Levantaram as pedras e só viram os buracos redondos por onde entravam e saíam as formigas na terra seca, arenosa. Cavaram até fundo, mas nada de aludras. Com o calor a apertar regressaram a casa desiludidos, de mãos vazias,mas com uma solução na cabeça para o dia seguinte. Pelo caminho foram à vinha do Ti Belmiro e colheram uns cachos de “ Códega do Larinho “ e meteram o cango nos respectivos cabaços, que serviria para alimento das aludras.
Na tarde seguinte, depois do jantar com um bonito sol a aquecer a vida, lá foram novamente os dois com o sacho às costa e os cabaços e uma cantarinha de lata cheia de água. Voltaram ao mesmo sítio do dia anterior. Cavaram um pouco mais fundo e em mais dois locais. Em todos eles havia o caminho que denunciava a presença das aludras. Agora era uma questão de aplicar a observação à prática. Despejaram um pouco de água onde tinham cavado e esperaram.
Enquanto esperavam e visto que Dominguinhos punha pouca fé na “ tecnologia natural”, disse:
- Só de caso no apanharmos ninhuma, bamos ós grilos à Moreirinha do meu Abô, que debe haber lá muntos por baixo das erbeiras das batatas, qu´ias andaram ápanhar num há munto tempo.
- No há-de ser preciso – respondeu-lhe Ismael convicto do sucesso da empreitada.
Quando por algum motivo não conseguiam as aludras, usavam os grilos como isco, mas só na falta daquelas.
Ainda não tinham passado dez minutos e já as benditas aludras viam a luz do dia e espreguiçavam as suas asas brancas prateadas, reluzentes e transparentes ao sol quente. Era um regalo vê-las subir pelas galerias feitas na terra dura e seca. Cá em cima, à superfície e ao ar livre, pareciam crianças soltas num lameiro, em liberdade total. Cada um encheu o cabaço onde previamente tinham posto os cangos de uva para as alimentarem.
A amizade entre aqueles dois garotos estava a salvo e cimentada contra ventos e marés:
No início de uma manhã morna e límpida de finais de Setembro, por volta das seis da manhã, Ismael saiu de casa com o sacho ao ombro e com as ratoeiras e o cabaço das aludras suspensos no cabo da enchada e com o coração cheio de sonhos e de ilusões. Encontrou-se com o seu maior amigo à hora combinada, em frente à casa do Dr. Ramiro Salgado. Entretanto, já tinham “ seibado” as ratoeiras com as aludras presas pelo ventre com pêlos pretos da crina e do rabo do macho preto do avô do Dominguinhos.
Desceram a íngreme e pedragosa rua da Costa da Ferrada em direcção aos lameiros da Quintã. Passaram pelo olival do ti Zé Francisco e saltaram para o lameiro do Adérito Raúl. Perscutaram o som ambiente e conseguiam distinguir o pio dos tralhões dos outros pássaros: folecras, marantéus, pintassilgos, rouxinóis, papa - figos, pica- paus, gaios, piscos, carriças... Os tralhões tinham um voo em ondulações rasante e curto, de árvore em árvore. O piar , pxim,pxim,pxim... de curta duração e o voo característicos dos tralhões eram inconfundíveis.
- Ich...Oube-zios? Hoje bamos acaçar mais de catchaquinze ! No nos oubes?– perguntou o Dominguinhos entusiasmado.
- Hoje bamos acaçar pra uma arroçaça – concordou o Ismael.
Estudaram o terreno em termos topográficos e arbóreos e, de acordo com o conhecimento prático dos hábitos dos tralhões , começaram a distribuir as trinta e cinco ratoeiras que tinham levado. Armavam a primeira e seguiam em frente e para os lados; nunca para trás.
Quando armavam a última ratoeira, voltavam ao local da primeira a fazer a ronda. ( Iam assomar-se às ratoeiras). Isso exigia deles uma extraordinária memória visual e espacial, pois teriam que se recordar de todos os “ tentos “ onde tinham armado as ratoeiras. Quando, por qualquer motivo, acontecia esquecerem-se de uma, era uma tristeza e, acima de tudo, uma vergonha. Eram caçadores de tralhões, mas com honra!
Tinham passado as tardes dos dois Sábados e Domingos anteriores a construir de raiz e a rectificar as armadilhas para os tralhões incautos e inocentes. Também há quem, com idêntica sabedoria e paciência, arme ratoeiras a humanos inocentes e incautos. ( Há aquele célebre diálogo enter as andorinhas e os tralhões quando se cruzaram lá para os lados do Norte de África: “ Olá, andorinhas putas: fostens poucas e vindes muitas “. Ao que as andorinhas responderam: “ Adeus, tralhões loucos, ides muitos e vireis poucos”.
A ilusão, o sonho e a sensação de glória tomou conta deles . O ar puro , fresco e ralo da manhã acalmava todas as angústias da alma e batia-lhes com suavidade no rosto sonhador. Até os pequenos cirros se espreguiçavam sem nenhuma vontade em continuar a existir. Eram duas crianças em êxtase, pedindo a todos os Santos para que a caçada fosse boa. Distribuiram-se pelos campos e lameiros de freixos, de carrascos, amendoeiras e oliveiras e cada um armava as suas ratoeiras. Colocavam-se no lugar do tralhão e anteviam o seu comportamento. Seleccionavam o local perfeito para os enganar. Um terreno lavrado com meia dúzia de amendoeiras, de preferência pequenas e com uns merouços nas extremidades, era o “ habitat “ natural. Escolhiam as árvores mais pequenas e isoladas. Sempre que havia uma amendoeira, uma ginjeira ou uma árvore de fruto de pequeno porte e separada das outras, aí era o “ tento “ propício. Não eram muito clientes de de árvores altas e frondosas, como os sobreiros ou as oliveiras.
Cavavam uma pequena cova pouco profunda e ligeiramente inclinada, onde colocavam a ratoeira seivada com duas aludras presas pelo abdómen com um pelo da crina ou do rabo do macho preto do Avô do Dominguinhos, com o “ tchabilhão “ no início da pequena abertura no terreno. ( Havia quem as cobrisse levemente com terra, deixando apenas ver as asas cintilantes das aludras).
O tralhão, do alto, ao ver a terra fresca, remexida e, ao ver reluzir as asas das pobres aludras que se debatiam debalde contra a prisão, avançavam uns, em voo picado outros, mais cautelosos, analisando de forma inútil o cenário, em ambas as situações, para a morte. Ao bicar as aludras, o “tchabilhão “ soltava-se da grileira, o aro de arame disparava, apanhando-o incauto. Depois, era estrebuchar com todas as forças até ao estertor da morte.
Houve, entretanto, uma situação assaz curiosa: numa das ratoeiras do Dominguinhos, o tralhão conseguiu , por duas vezes, ludibriá-los e comer as aludras sem ser apanhado. Intrigados com o fenómeno, aconselhou-o o Ismael , conhecedor profundo dos hábitos dos pequenos passarinhos: “ birá ratoeira ó contrário, co tchablhão pra baixo “. Dito e feito: na próxima “ abença “ o tralhão pagou as favas, ficando preso. E assim, aquele foi mais um a juntar aos muitos que já traziam, em coleira, amarrados à cintura, com o osso da pata do anterior espetado no bico do seguinte, fazendo uma corrente de elos.
Quando já vinham para casa, satisfeitos com a empreitada, Ismael notou que Dominguinhos olhava triste e absorto para algo no chão: o esqueleto de um pisco, ao toro de uma oliveira, já comido o mole pelas formigas que, ainda em abundância o rodeavam: só o bico e a caveira restavam. E os dois amigos ficaram uns instantes em silêncio, a lamentar a sorte do passarinho.
Aqueles pequenos pássaros, parecidos com os piscos, mas de papo claro –branco – sujo – com algumas penas brancas na parte superior das asas e no rabo, era um manjar dos deuses. Cortavam-lhes a cabeça e as patas, depenavam-nos, abriam-nos ao meio pela barriga e, temperados apenas com sal grosso e bem tostadinhos nas brasas da lareira, era de saborear até às lágrimas: ia tudo... até os ossos!
Por sorte, por coincidência ou por habilidade, Ismael tinha apanhado dezasseis tralhões e Dominguinhos apenas sete. Ismael deu quatro ao seu amigo e este devolveu-lhos e ainda lhe deu três dos dele. “ Pega. Pra mim abondam - me bem estes quatro; os meus Pais e os meus Abôs no ligam munto e bós sendes mais”.
(Texto extraído e adaptado do romance “ Por Entre a Solidão das Fragas”, a publicar)
Fontes de Carvalho
Fontes de Carvalho, pseudónimo de Luís Abel Carvalho, nasceu no Larinho, uma aldeia transmontana do Concelho de Torre de Moncorvo, Distrito de Bragança. É o filho do meio de três irmãos.
Estudou em Moncorvo, Bragança e no Porto, onde se formou em Engenharia Geotécnia. É casado e Pai de três filhos.
Viveu no Brasil, onde passou por momentos dolorosos e de terror, a nível económico e psicológico. Chegou a viver das vendas de artesanto nas ruas e a dormir debaixo de Viadutos.
No ano de 1980 e 1981 foi Professor de Matemática em Angola, na Província de Kwanza Sul, em Wuaku-Kungo. Aí aprendeu a desmistificar certos mitos e viveu uma realidade muito diferente da propagandeada.
Em Portugal deu aulas de Matemática em diversas cidades, nomeadamente em São Pedro da Cova, Ponte de Lima, Cascais (na Escola de Alcabideche, onde deu aulas aos presos da cadeia do Linhó), Alcácer do Sal, Escola Francisco Arruda e Luís de Gusmão, em Lisboa. Frequentou durante quatro anos, como trabalhador-estudante, o curso de Engenharia Rural, no Instituto Superior de Agronomia.
Em 1995 fundou a empresa Bioprimática – Reciclagem de Consumíveis de Informática, onde trabalha até hoje como sócio-gerente.
Estudou em Moncorvo, Bragança e no Porto, onde se formou em Engenharia Geotécnia. É casado e Pai de três filhos.
Viveu no Brasil, onde passou por momentos dolorosos e de terror, a nível económico e psicológico. Chegou a viver das vendas de artesanto nas ruas e a dormir debaixo de Viadutos.
No ano de 1980 e 1981 foi Professor de Matemática em Angola, na Província de Kwanza Sul, em Wuaku-Kungo. Aí aprendeu a desmistificar certos mitos e viveu uma realidade muito diferente da propagandeada.
Em Portugal deu aulas de Matemática em diversas cidades, nomeadamente em São Pedro da Cova, Ponte de Lima, Cascais (na Escola de Alcabideche, onde deu aulas aos presos da cadeia do Linhó), Alcácer do Sal, Escola Francisco Arruda e Luís de Gusmão, em Lisboa. Frequentou durante quatro anos, como trabalhador-estudante, o curso de Engenharia Rural, no Instituto Superior de Agronomia.
Em 1995 fundou a empresa Bioprimática – Reciclagem de Consumíveis de Informática, onde trabalha até hoje como sócio-gerente.
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