Uma delas foi a de Silvino dos Santos, que estava num pranto. Quando acordou e colocou os pés no chão, sentiu logo a água. “Vi-me aqui aflito, só Deus e eu é que sabemos e os vizinhos que me ajudaram. Quando acordei coloquei logo os pés na água. Saí da cama e estava a casa toda inundada, cerca de cinco centímetros de água. Estou sozinho, a mulher faleceu e agora tenho de tirar a alcatifa que está toda molhada. Valha-me Deus, não tenho palavras”, lamentou.
Em Outubro do ano passado, o Jornal Nordeste e a Rádio Brigantia tinham dado conta das queixas dos moradores a respeito de infiltrações e de inundações devido à chuva. O problema persiste.
“Chamei os bombeiros porque vi correr tanta água pelo candeeiro que até me assustei. Se vem um Inverno rigoroso, alaga-se isto tudo”, disse Fátima Ribeiro, moradora do Bloco D.
Corina dos Anjos Brás foi outras das moradoras afectadas. Tem 86 anos. “Quando vi tanta água fiquei pasmada, se não fossem as minhas vizinhas deixava alagar a casa. As caleiras só têm lixo das pombas”, apontou a residente do Bloco B.
O presidente da câmara, à época Hernâni Dias, confirmou que havia um problema estrutural das caleiras e dos tubos de queda, para além de haver fixadores de painéis solares que ultrapassam a cobertura e, com a dilatação, “deixam entrar água”. “A juntar a isto há detritos acumulados, nas caleiras e tubos de queda, provenientes das centenas de pombas que ali dormem à noite”. Passado um ano, os moradores dizem que nada mudou.
O actual presidente da Câmara, Paulo Xavier, disse já estar a arranjar soluções para o problema. “Ou cobrimos toda aquela área com uma rede própria, estamos a falar na ordem dos 50 mil euros, e poderá não resolver, ou então tirar os painéis e pôr uma tela a escoar. Também houve um erro técnico, porque aquelas casas tinham antigamente varandas, marquises, e deixaram ficar lá o tudo que vem de cima e que vai entupindo, porque não escoa e há infiltrações por todo o lado. Também mandei avaliar a possibilidade de tirar toda essa tubagem cá para fora”, explicou.
As queixas surgiram depois das obras feitas ao bairro, há cerca de meia dúzia de anos.
Os técnicos da câmara já estiveram a averiguar os estragos e foi oferecido alojamento a quem não tivesse condições para ficar a viver nas habitações inundadas.
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