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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 24 de setembro de 2024

Picote: Festa das línguas promoveu o mirandês

 Picote acolheu nos dias 20, 21 e 22 de setembro, a “II Fiestas de las Lhénguas”, um evento cultural que reuniu nesta aldeia do concelho de Miranda do Douro, falantes de mirandês e de asturo-leonês, num encontro que permitiu definir estratégias comuns para a revitalização destas línguas minoritárias, como são a organização de eventos e a divulgação de vídeos promocionais através das redes sociais.


No âmbito do Dia Europeu das Línguas, que se assinala a 26 de setembro, a freguesia de Picote e a associação Frauga, organizaram a “II Fiestas de las Lhénguas”, um evento cultural que contou com a participação de representantes da língua mirandesa, assim como do asturo-leonês, do galego e do barranquenho.

Com o propósito de celebrar a diversidade cultural e linguística, o certame em Picote iniciou-se na tarde de sexta-feira com a visita dos alunos do Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro (AEMD). Sobre a pertinência desta visita, o professor do AEMD, Paulo Peixoto, sublinhou a importância da aprendizagem das línguas no percurso escolar.

“Sou professor de Matemática e também desta disciplina, a língua é determinante para interpretar corretamente e resolver os problemas matemáticos. E por vezes, uma vírgula, pode fazer toda a diferença”, disse.

Do lado dos alunos que visitaram a II Festa das Línguas, o que mais despertou o interesse dos jovens foram as t-shirts, os porta-chaves e outros souvenirs, com mensagens escritas em mirandês. Recorde-se que no Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro, cerca de 80% dos alunos frequentam a disciplina de Língua e Cultura Mirandesa.


Em Picote, o espaço das línguas, foi instalado no Largo do Tumbar, onde marcaram presença várias associações linguísticas, como a FRAUGA – Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote, a Academia de Letras de Trás-os-Montes, a Academia da Llingua Asturiana, a Associação Faceira (da província espanhola de Leão), a Associação El Teixu (Leão), entre outras.

Da Academia de Letras de Trás-os-Montes, a escritora, Teresa Almeida, participou na II Festa das Línguas com o propósito de dar a conhecer os trabalhos dos escritores transmontanos.

“Através da literatura também se explora e divulgam as potencialidades desta região transmontana como são a paisagem, a cultura, a música, a dança e a língua mirandesa”, justificou.

Por sua vez, Nicolás Bartolomé, da Academia da Llingua Asturiana, quando questionado sobre o que falta fazer para que haja mais falantes de línguas como o mirandês, apontou a organização de mais eventos e atividades como a “Fiesta de las Lhénguas”.

“Para revitalizar uma língua minoritária, como o mirandês há que realizar um contínuo trabalho de promoção. E para isso é necessário investimento público, por parte dos governo central e local e também das associações. Este evento da Festa das Línguas tem todos os ingredientes para ser bem sucedido, porque junta a cultura, a música, os jogos tradicionais e reúne ao longo de três dias, representantes de várias línguas, o que permite partilhar conhecimentos e experiências”, disse.

Em representação da associação “El Teixu”, da província espanhola de Leão, Denis Fernandez, referiu que participou pelo segundo ano consecutivo, no evento em Picote, com o propósito de contribuir para a dignificação das línguas.

«A associação “El Teixu” trabalha para a preservação, dignificação e divulgação da língua asturo-leonesa. Para nós, é muito importante dar espaço e voz a línguas como o mirandês, o asturo-leonês. Para que haja uma maior divulgação destas línguas minoritárias creio que uma das estratégias passa por utilizar os canais digitais, como as redes sociais, produzindo vídeos promocionais e humorísticos nas línguas minoritárias”, sugeriu.

Este ano e para animar a II Fiesta de las Lhénguas, houve danças dos pauliteiros de Miranda, pelo grupo da associação FRAUGA e o concerto musical, do artista asturiano, José Manuel Sabugo Alvarez.


Do lado da organização, o professor António Bárbolo, da FRAUGA, realçou o caráter festivo do evento, que permitiu reunir em Picote, ao longo de três dias, falantes de várias línguas.

“Nestas duas primeiras edições quisemos dar destaque à ligação histórica que existe entre o mirandês e o asturo-leonês. Este ano, contamos com a participação de material em barranquenho e em galego. No próximo ano, pretendemos dar especial atenção à literatura oral”, disse.

Outros destaques da II Festa das Línguas, foram a sessão de conversas com escritores convidados, das regiões linguísticas da Terra de Miranda, León, Astúrias e da Galiza. No serão de sábado, o público teve a oportunidade de usufruir dos concertos do grupo Efrén López & Kelly Thoma e dos mirandeses “Galandum Galundaina”.

A II Festa das Línguas também foi visitada por turistas. O casal belga, Erick e a esposa, ficaram surpreendidos com a atenção que se dá à diversidade linguística na região do planalto mirandês.

“Na Bélgica, dada a nossa centralidade geográfica na Europa, também há diversidade linguística e no nosso dia-a-dia a comunicação faz-se em várias línguas como o francês, o flamengo, o inglês, o alemão e até italiano”, disseram.

A II Fiestas de las Lhénguas, em Picote, culminou no Domingo, dia 22 de setembro, com a celebração da Eucaristia Dominical. A celebração religiosa teve como novidade, a liturgia lida e rezada em quatro línguas: latim, português, mirandês e asturiano.



No final do evento, o presidente de Freguesia de Picote, Jorge Lourenço, agradeceu a recetividade da população local, que participou ativamente no programa da II Fiesta de las Lhénguas.

“Concluímos a segunda edição da Fiesta de las Lhénguas, com a satisfação de ter conseguido diversificar o programa de atividades. Tendo bem presente que as línguas precisam ser faladas no dia-a-dia, vamos continuar a trabalhar e a desenvolver estratégias inclusivas, de modo que a língua mirandesa chegue a todos e seja falada por todos”, disse.

A presidente do município de Miranda do Douro, Helena Barril, elogiou a organização da Festa das Línguas e sublinhou a originalidade deste evento, cuja finalidade é “celebrar a diversidade linguística, juntando ao mirandês, outras línguas como o asturo-leonês”.

“Estamos a trabalhar para que a língua mirandesa continue viva, seja na oralidade do dia-a-dia, mas também na literatura, na música, no ensino nas escolas do concelho e em eventos como esta Fiesta de las Lénguas”, disse.

A “II Fiesta de las Lhénguas” foi organizada pela freguesia de Picote e a FRAUGA – Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote.

O evento contou ainda com os apoios institucionais do município de Miranda do Douro, da Comissão e Coordenação de Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), da Prozinco, das empresas concessionárias da barragem de Picote, a Engie e a Movhera e várias outras instituições e empresas.

HA

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