Por: Carlos Pires
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
“Já não vivo de ilusões”. Hoje, mais uma vez (“Tribuna dos Novos”, página 8, “Mensageiro de Bragança”, edição 5 de maio de 1972), voltei a embalar-me na cadência daqueles 21 versos heróicos de quintilhas e tercetos, e foi quanto bastou para não conseguir uma vez mais virar de página. Hoje. E se hoje, já meio vindimado o tempo da ilusão, tivesse de me entregar à escolha do que escreveu e nos deixou, escolheria, certo do seu acordo como eu estar aqui, “Já não vivo de ilusões”.
Voltaremos a ele, ao poeta João Rodrigo, nas suas várias facetas, quer a sátira quer a lírica; quer na crítica ao regime quer aos poderes localmente enraizados; capaz de uma ironia sem limites aos costumes (de memória, “Oração do dia a dia” : “Deus nos livre das moscas varejeiras/ e daquelas que sem hábito são freiras”) e igual nos reparos onde a inspiração o levasse (Ó Bragança, tu és reles/mas não te zangues pra mim/zanga-te antes para aqueles/ que te fazem ser assim).
Voltaremos a ele, a este poeta por vezes único e surpreendente, companheiro de tantos que se iniciaram no “Mensageiro de Bragança” de 1970 a 1972, dirigia então o semanário da diocese Manuel dos Anjos Lopes Sampaio. Voltaremos a João Rodrigo, também Rojo, também Castilhão da Pena, natural de Castro Roupal, Macedo de Cavaleiros, que nos deixou em Bragança, onde vivia, a 30 de dezembro de 2022, faria em 31 de Agosto 78 anos.
Cumprindo o desígnio lapidar que Ernesto Rodrigues, criado na mesma fornada de poetas, deixou recentemente em sua memória no “Mensageiro de Bragança”, edição 3917 (“A glória dos artistas cala no coração de amigos, que devem ecoá-la.”), aqui fica, ecoando, “Já não vivo de ilusões”.
Vinte e um versos, tinha então João Rodrigo 27 anos, escritos no “Pequenino”, por que um saboroso grupo de amigos batizou o “Café Girassol”, na 5 de Outubro, propriedade do senhor Queiroz, pessoa de quem tanto gostávamos, a quem tantas recordações devemos e tantas saudades nos deixou.
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Já não vivo de ilusões
Voltaremos a ele, ao poeta João Rodrigo, nas suas várias facetas, quer a sátira quer a lírica; quer na crítica ao regime quer aos poderes localmente enraizados; capaz de uma ironia sem limites aos costumes (de memória, “Oração do dia a dia” : “Deus nos livre das moscas varejeiras/ e daquelas que sem hábito são freiras”) e igual nos reparos onde a inspiração o levasse (Ó Bragança, tu és reles/mas não te zangues pra mim/zanga-te antes para aqueles/ que te fazem ser assim).
Voltaremos a ele, a este poeta por vezes único e surpreendente, companheiro de tantos que se iniciaram no “Mensageiro de Bragança” de 1970 a 1972, dirigia então o semanário da diocese Manuel dos Anjos Lopes Sampaio. Voltaremos a João Rodrigo, também Rojo, também Castilhão da Pena, natural de Castro Roupal, Macedo de Cavaleiros, que nos deixou em Bragança, onde vivia, a 30 de dezembro de 2022, faria em 31 de Agosto 78 anos.
Cumprindo o desígnio lapidar que Ernesto Rodrigues, criado na mesma fornada de poetas, deixou recentemente em sua memória no “Mensageiro de Bragança”, edição 3917 (“A glória dos artistas cala no coração de amigos, que devem ecoá-la.”), aqui fica, ecoando, “Já não vivo de ilusões”.
Vinte e um versos, tinha então João Rodrigo 27 anos, escritos no “Pequenino”, por que um saboroso grupo de amigos batizou o “Café Girassol”, na 5 de Outubro, propriedade do senhor Queiroz, pessoa de quem tanto gostávamos, a quem tantas recordações devemos e tantas saudades nos deixou.
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Já não vivo de ilusões
Na minha herdade já não há loureiros,
Secaram as acácias e as palmeiras,
Nasceram muitos cedros e espinheiros,
Hirtos, mas secos, são os meus cerdeiros
E já me prestam pouco as oliveiras!...
Aos meus pés, um cipreste despontou,
Que na simbologia se diz morte;
Um silvado os gerâmios abafou
E o meu amendoal também secou,
Morrendo a esperança em mim da mesma sorte.
O pinheiral, mirrado como dono;
Os plátanos sumiram, são rasteiros;
Nascem murtas nos meus sonhos sem sono
E, ainda muito longe do Outono,
Vi ir no vento a rama dos olmeiros…
Não há os doces figos nas figueiras;
Não fulgem rubras uvas nas videiras
E às nogueiras já nem lhes rego a dor;
Mas, entre tantas árvores traiçoeiras,
Houve algumas leais, as macieiras,
As simbólicas plantas do amor.
João Rodrigo
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Foi assessor de imprensa de Maldonado Gonelha, ministro da Saúde (1983-85).
Entrou para o Infarmed em fins de 2000, depois de ter sido assessor de imprensa da ministra Elisa Ferreira, nos dois governos de António Guterres, primeiro no Ministério do Ambiente, depois no Planeamento (1995-2000).
No Infarmed criou o Gabinete de Imprensa, tendo sido porta-voz da instituição durante mais de uma dúzia de anos.
Alguns aspetos marcantes: a iniciativa da realização de um curso para jornalistas (2001), ministrado por peritos do Infarmed, em que os principais órgãos de informação estiveram representados, sobre o ciclo de vida do medicamento; a elaboração do jornal da instituição, "Infarmed Notícias", trimestral (de que é coordenador/editor/redator). A edição especial de Janeiro de 2018, com 120 testemunhos sobre o INFARMED na altura conturbada da ideia controversa da sua deslocalização para o Porto (depois editada em livro); e ainda a publicação de um livro, editado pela Âncora, "Redondilhando", que nasce no seio da instituição e cujo prefácio foi assinado por Ernesto José Rodrigues.
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