“Trata-se de um projeto-piloto que já tinha em mente há algum tempo, de haver no Agrupamento de Escolas de Mogadouro (AEM) a possibilidade de oferta da aprendizagem da língua mirandesa, mas ainda não tinha sido possível, e este ano constituímos o Clube da Língua Mirandesa. No concelho de Mogadouro há uma parte do território que também fala mirandês”, explicou Mafalda Rocha.
De acordo com a responsável escolar, encontram-se abertas as inscrições para que este “Clube de Língua Mirandesa se possa concretizar”.
“Este ano, com uma organização e distribuição do serviço feita de uma forma atempada, conseguimos esta oferta que vai funcionar à quarta-feira, em que os alunos desde o 2.º e 3.º ciclos, a que se junta o secundário e ensino profissional, se podem inscrever neste clube de mirandês. Estas atividades serão dinamizadas pelo professor Alfredo Cameirão, que também é o presidente da Associação de Língua e Cultura Mirandesa ”, disse Mafalda Rocha.
O AEM pretende, face ao interesse demonstrado pelos alunos, ao longo deste ano letivo, colocar a possibilidade de o mirandês poder ser uma opção curricular.
“Toda esta possibilidade surgirá mediante o interesse desmontado pelos alunos e pelo número de inscrições”, vincou.
O Ministério da Educação autorizou, desde 1986, aulas opcionais de Língua e Cultura Mirandesa nas escolas de Miranda do Douro e, atualmente, dos seus 610 alunos, 480 escolheram o mirandês para as suas atividades curriculares.
Contudo, e devido às fortes mudanças sociais e demográficas ocorridas na Terra de Miranda, que engloba os concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso, a desertificação demográfica com perda de cerca de 50% da população nos últimos 70 anos, massificação dos meios audiovisuais com a consequente difusão do português, ocorreu um gradual abandono da transmissão oral dos pais para os filhos.
Na parte norte do concelho de Mogadouro que faz fronteira com Miranda do Douro, em aldeias como Bemposta, Urrós ou Travanca, este idioma ainda foi falado, contudo, há expressões que são comuns ao território do Planalto Mirandês
O mirandês passou a segunda língua oficial em Portugal há 26 anos, após a aprovação da lei na Assembleia da República, em 17 de setembro de 1998, que conferiu este estatuto ao idioma falado no Nordeste Transmontano.
O último estudo feito pela Universidade de Vigo, com o apoio e colaboração da ALCM, concluiu que haverá cerca de 3 mil falantes de mirandês na Terra de Miranda e, se nada for feito, a língua caminhará para o seu declínio.
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