Por: António Pires
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Assumidamente de formação católica, confesso que raramente vou à missa. Uma das últimas vezes que aconteceu, foi em memória duma pessoa que já partiu. Momentos antes do início da dita celebração, como sempre acontece, o padre que presidiu à homilia fez o anúncio de intenções, vulgo, “missa por alma de” (missa de 7.º dia, 30.º dia, 1.º aniversário, etc.,). Da menção faziam parte mais duma dezena de fiéis defuntos, sendo que a maioria eram anónimos, referidos pelos nomes de baptismo: José, António, Carlos, Maria, Teresa…., e três deles com direito ao título social: Coronel x, Engenheiro y e doutor z.
Porque incomodado, de alguma forma, com esta mentalidade/preconceito tuga - que remonta ao início da nacionalidade - de que o TER é mais importante do que o SER, logo que tive a oportunidade de confrontar o representante de Deus na terra, com tal discriminação, este respondeu-me com a maior das sinceridades: “Tem razão. Mas você não imagina a pressão e a exigência dos familiares, para que assim seja!”. Ainda que longe de estar satisfeito com a explicação, reagi: “Como eu o compreendo, senhor Padre!”
A partir desse argumento, percebi a razão pela qual costumo ver, nos escaparates/vitrais que suportam a informação necrológica, à porta das igrejas e cemitérios, que “faleceu o Sr. Tantos, pai dos doutores x e y, médicos, e do Eng.º ….”- uma informação assessórias, porque, não raras vezes, na nossa “aldeola”, o falecido é sobejamente conhecido na comunidade. Nestes casos, os “pressionados” são as agências funerárias.
Recordo-me perfeitamente dum certo jornal local, há 30/40 anos, alimentar aquela pirosa e pretensiosa ideia de noticiar, numa espécie de comunicado, que um determinado filho da terra se licenciou em medicina ou em advocacia. O texto, qual descrição sumária duma multa de trânsito, em que só muda o nome do infractor e o local da ocorrência, rezava mais ou menos assim: “Concluiu a licenciatura em medicina/direito, com média de …., fulano tal, filho do comerciante tal e da Sra. Dona qualquer – coisa”.
Um “tesourinho” do ridículo que apenas deixou de existir naquele “formato”. As redes sociais, aproveitando este “nicho” de mercado de vaidades, pretensiosismo e ostentação, fizeram questão de lhes dar continuidade.
Quando, perante a minha vincada singularidade, me dizem: “Oh pá, tu não mudas!”. Eu respondo: “ se mudasse, perdia a minha essência”.
Isto para dizer que, enquanto povo, se abdicássemos da nossa genética de ostentação e exibicionismo, aqueles traços de personalidade que, no final da caminhada, não conseguimos levar p´rá cova, “despersonalizar-nos-íamos”, enquanto tal.
Porque incomodado, de alguma forma, com esta mentalidade/preconceito tuga - que remonta ao início da nacionalidade - de que o TER é mais importante do que o SER, logo que tive a oportunidade de confrontar o representante de Deus na terra, com tal discriminação, este respondeu-me com a maior das sinceridades: “Tem razão. Mas você não imagina a pressão e a exigência dos familiares, para que assim seja!”. Ainda que longe de estar satisfeito com a explicação, reagi: “Como eu o compreendo, senhor Padre!”
A partir desse argumento, percebi a razão pela qual costumo ver, nos escaparates/vitrais que suportam a informação necrológica, à porta das igrejas e cemitérios, que “faleceu o Sr. Tantos, pai dos doutores x e y, médicos, e do Eng.º ….”- uma informação assessórias, porque, não raras vezes, na nossa “aldeola”, o falecido é sobejamente conhecido na comunidade. Nestes casos, os “pressionados” são as agências funerárias.
Recordo-me perfeitamente dum certo jornal local, há 30/40 anos, alimentar aquela pirosa e pretensiosa ideia de noticiar, numa espécie de comunicado, que um determinado filho da terra se licenciou em medicina ou em advocacia. O texto, qual descrição sumária duma multa de trânsito, em que só muda o nome do infractor e o local da ocorrência, rezava mais ou menos assim: “Concluiu a licenciatura em medicina/direito, com média de …., fulano tal, filho do comerciante tal e da Sra. Dona qualquer – coisa”.
Um “tesourinho” do ridículo que apenas deixou de existir naquele “formato”. As redes sociais, aproveitando este “nicho” de mercado de vaidades, pretensiosismo e ostentação, fizeram questão de lhes dar continuidade.
Quando, perante a minha vincada singularidade, me dizem: “Oh pá, tu não mudas!”. Eu respondo: “ se mudasse, perdia a minha essência”.
Isto para dizer que, enquanto povo, se abdicássemos da nossa genética de ostentação e exibicionismo, aqueles traços de personalidade que, no final da caminhada, não conseguimos levar p´rá cova, “despersonalizar-nos-íamos”, enquanto tal.
Residente em Bragança.
Liceu Nacional de Bragança, FLUP, DRAPN.
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