Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Questionado o Cha-tGPT sobre o conceito de Traição, em política, este instrumento de Inteligência Artificial devolveu o seguinte texto: “A traição em política é a ação de um indivíduo ou grupo que rompe com compromissos, alianças ou princípios previamente estabelecidos, geralmente em busca de vantagens pessoais, poder ou influência. Isso envolve a violação da confiança depositada por aliados, eleitores ou instituições. No contexto político, a traição pode manifestar-se de diversas formas, como a quebra de acordos partidários, a mudança repentina de alianças, a sabotagem de lideranças ou movimentos, ou o desrespeito às promessas feitas ao público.
A traição política tende a ser especialmente impactante, pois afeta não apenas as relações entre os envolvidos, mas também a estabilidade das instituições e a percepção pública de integridade e confiança nas figuras de poder.” É assinalável que esta definição aborde não só o rompimento de compromissos e alianças, mas, igualmente, a perda de confiança depositada por eleitores. Assinalável porque, sabendo a forma de funcionamento do ChatGPT, tal indica uma perceção generalizada embora a comunicação social e as famosas e omnipresentes redes sociais deem especial destaque aos episódios e ocorrências entre correligionários.
Foi o caso recente na autarquia de Bragança que uma opção diferente sobre o apoio a conceder a uma lista concorrente à liderança do PSD concelhio despertou no autarca brigantino um desabafo rotulando de pérfida deslealdade uma opção diferente da sua, das vereadoras que o acompanham no governo do município. Opiniões diferentes e opções diversas, mesmo opostas, fazem o dia a dia do exercício normal do poder democrático. Quando originárias em adversários e opositores políticos são consideradas absolutamente normais. Estranha-se quando acontece o contrário, com exceção de alguns temas que, por natureza ou conveniência, facilmente são consensuais. Mas, igualmente, quando no seio da mesma cor política, divergências de pensamento e ideário são saudáveis e deveriam servir para enriquecer e melhorar o exercício do poder de que se está imbuído.
A menos que… A imprensa regional raramente releva as falhas e divergências gritantes entre as promessas eleitorais e as atuações subsequentes e, quando as assinala, raramente as batiza de traições, apesar de haver, como diz o algoritmo de AI, referido, uma violação das expetativas criadas nos munícipes, ao dar, de forma unânime tal qualificação ao episódio das eleições inter-nas do partido do poder, sinalizaram a existência de algo mais, para além de uma mera discordância entre companheiros.
A reação inédita do PS, vindo a terreiro questionar o incidente no seio do outro partido veio adensar ainda mais as suspeições da existência de algo mais, para além disso. Porque, vendo bem, a cisão na orientação do poder municipal ser-lhe-á benéfica, do seu ponto de vista pois havendo divisão no campo oposto e sendo a Câmara um órgão colegial, pode, a partir de agora, escolher qual dos lados, no seu entender, cumpre melhor o interesse público concelhio devendo, em vez de criticar e alertar para a gravidade da situação, agradecer e aceitar o papel de fiel da balança que lhe acaba de ser estendido em bandeja de prata em vésperas da preparação do próximo preito eleitoral.
A menos que… A menos que, tal como alerta o ChatGPT, tais atitudes escondam “vantagens pessoais, poder ou influência”, e nada mais!
José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia), A Morte de Germano Trancoso (Romance) e Canto d'Encantos (Contos), tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
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