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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

O BOM GOVERNO

Por: Ernesto Rodrigues
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Ernesto Rodrigues, O BOM GOVERNO
(Lisboa, Guerra & Paz, 2024)

Um governo de cem ministros trabalha de noite e levanta-se às vinte horas, para ouvir o primeiro-ministro no telejornal, que os cidadãos não vêem. Cada gabinete tem cem funcionários, mas nenhum pode ser mais alto do que o seu ministro. São titulares dos Negócios Estranhos, da Propaganda, do Betão, da Apneia, dos Equídeos, das Boas Intenções… –, enquanto vendem a província ao estrangeiro. 

Sobressai o da Alta Cultura ou do Verniz, octogésimo no elenco: compensa a humilhação do lugar com pentear-se e vestir vincadamente e, em cada inauguração, levar a tiracolo uma assistente, mais nova do que a anterior, até parecerem bisnetas. 

Após 50 anos de sono e ignorância, ele será primeiro-ministro, ajudado pelo narrador, que, no incumprimento de promessas, se afasta, antes de chefiar um executivo sóbrio, visando o melhor governo, segundo Goethe: «O que nos ensina a governar-nos a nós próprios.» 

Uma distopia? Sim. Tão séria, que se confunde com a realidade que nos calha tantas vezes em sorte.

…E, no quadro de uma literatura portuguesa educada e sem ‘graça’, o leitor perceberá como a ironia constrói uma obra inteligente.


Ernesto Rodrigues
(Torre de Dona Chama, 1956) é escritor e professor universitário.

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