Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
A época natalícia passou com tanta variedade de comidas e doçarias que uma pessoa também se cansa e o inverno é muito convidativo ao abuso do fumeiro. As chouriças de carne, e os salpicões já estão no pote com azeite, para se comerem crus, partidos às rodelazinhas, com a navalha “Palaçoula”, em cima do pão e acompanhadas com duas azeitonas curadas, ou uma mão de alcaparras. Esses ficam para a apanha do feno, ou para quando vier uma visita.
- Nem sei o que hei de fazer hoje de jantar!...
Diz a taberneira ao seu homem, entretido em partir beterrabas para dois laregos que, na loja, aguardavam, sem pressas, a matança do próximo ano e então sim, já poderá dizer que matou os melhores porcos de todas as redondezas.
Contudo, o taberneiro não sugeriu à sua mulher o que lhe apetecia para jantar, ficando calado e uma ténue tristeza perpassou-lhe pelo rosto de tez morena, habituado ao calor do verão e aos frios dos longos invernos. (…)
- Mas vamos ao assunto o que queres jantar? Que assim, não nos governamos!
- Olha, já ando cheio de tanta carne que só me apetece uma água quente.
- Vou fazer-te umas sopas de ovo para desenfastiares!
O taberneiro sorri, pois, sopas de ovo era o que ele comia quase todas as manhãs, porque de facto, não apreciava nem, leite nem café, ou outras modernices.
Mas logo confirma, para ser agradável à sua mulher que era mesmo o que lhe estava a apetecer.
In: O pequeno mundo da nossa taberna – preço12 € - portes incluídos
Pedidos AQUI.
Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança.
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
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