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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 7 de março de 2025

Sobre o ''DIABO'' e a ''MORTE'' de Vinhais e de Bragança

 
A  referência mais antiga acerca dos mascarados que, na quarta-feira de Cinzas, e que ainda hoje percorrem as ruas de Vinhais e  Bragança, uns representando o Diabo, outros a Morte, é feita por Adolfo Coelho (pseudónimo Miguel Torga) em 1877, na revista "A Renascença".
Sabemos que em Bragança o vestuário era cedido ou alugado, pela Ordem III. Em Vinhais esta situação não está confirmada. Na década de 40/50/60, a “Morte” envergava um fato de macaco, ou mesmo uma “velha farda de cotim, tintos de preto e com os principais ossos do esqueleto” pintados de branco, empunha uma "gadanha, ou foice roçadoira", com a qual ameaçava toda a gente e  obrigava a beijá-la. Em Vinhais a indumentaria era muito semelhante.
Quanto ao "Diabo'', este vestia um casaco e calças, de flanela ou qualquer outro pano vermelho, pequeno gorro da mesma cor, na cabeça, e “brandia um pau, ou um látego”.
Entre as figuras que compunham a procissão das Cinzas, tinha lugar a figura  da “Morte”, mas não a do “Diabo”, a “Morte” simbolizava o salutar aviso “ memento homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris” (lembra-te, homem, de que és pó e em pó te hás de tornar [palavras que Deus dirigiu a Adão após o pecado original, e que o sacerdote pronuncia no momento da imposição das cinzas].
De salientar que a presença da “ Morte”, pretende lembrar que a quadra da Quaresma, que começa na quarta-feira de Cinzas, deve ser consagrada a cuidar da vida futura, e que a morte é certa para todos.
No artigo trigésimo sexto dos referidos estatutos da Ordem III, no parágrafo quarto o mesmo refere que : “É expressamente proibida a divagação pelas ruas da figura que as procissões de cinza costuma representar a morte devendo sair e recolher com a procissão."
Contudo não deixa de ser  curioso  que nestes estatutos,  não exista a menor referência ao "Diabo", não já como figurando na procissão das Cinzas, mas como mascarado irreverente e carnavalesco, impróprio para se exibir em plena Quaresma.
 Em Vinhais, várias pessoas vestiam de morte, ou de diabo e  percorriam as ruas da vila na quarta-feira de Cinzas, tudo levando a crer que estes mascarados e os de Bragança tenham origem comum.
Em nenhum dos documentos (Estatutos da Ordem III de Vinhais e Bragança) o "Diabo” se encontra "entre as figuras" que se  incorporava na procissão das Cinzas, sempre com o  intuito aceitável de recordar aos mais pecadores as penas do Inferno. Mas se nas fontes não se encontra esta referência,  como é que  se explica, então, a sua exibição simultânea com a "Morte"?

Fica a questão, para um salutar diálogo.
Texto : Doutora Helena Barros Pires

Fonte: Estatutos da Ordem III de Vinhais e Bragança; Benjamim Pereira (in "Máscaras Portuguesas"); "Estrelóquios"  publicados pelo padre Firmino Martins; Adolfo Coelho, 1877. Revista "A Renascença".

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