A raça mirandesa pode desaparecer nos próximos tempos. Neste momento, em todo o país, há cerca de quatro mil fêmeas reprodutoras adultas. Os números são da Associação dos Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa. Segundo Valter Raposo, desta entidade, composta por 300 criadores inscritos, sendo eles de todo o país, sobretudo do solar da raça, Bragança, Vinhais, Mogadouro, Vimioso, Miranda do Douro e Macedo de Cavaleiros, nos últimos três anos, entre doenças, mudança de quadro e problemas relacionados com a pandemia, que levou a que muitos criadores se desfizessem do gado, perderam-se cerca de mil animais. "Neste momento, há à volta de quatro mil fêmeas reprodutoras adultas. Estamos muito em risco. Aliás, estamos numa zona muito circunscrita, qualquer calamidade pode dizimar em pouco tempo a raça e o efetivo de velhice também é reduzido."
No fim-de-semana passado, Bragança recebeu o Concurso Nacional de Bovinos de Raça Mirandesa, raça que precisa, urgentemente, de mais gente a apostar nela. E sendo que a maioria dos criadores tem já uma idade um pouco avançada, Valter Raposo diz que era preciso “renovar o tecido produtivo”. Contudo, os apoios não são apelativos nem para quem já é criador nem para os jovens que querem ser. "Desde o Covid houve vários fatores associados, a mudança dos quadros de apoio à agricultura, que os apoios não são tão apelativos à produção, como já foram. O que mudou foi o valor de apoio por cabeça normal. Outros setores da agricultura acabam por se tornar mais apelativos", rematou.
O abandono deve-se, ainda, ao facto de o apoio à raça autóctone se manter, nos últimos tempos. A falta de ajustes dita o rumo menos feliz a que se tem assistido, o decréscimo do número de animais.
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