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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Casa do Mel - 30 anos a produzir mel transmontano

Trás-os-Montes é uma região com fortes tradições apícolas, onde três méis têm Denominação de Origem Protegida (DOP). É na Casa do Mel de Bragança que se encontra instalada a Associação de Apicultores do Parque Natural de Montesinho (AAPNM), a principal entidade qualificadora do mel produzido naquele território. O seu presidente, Manuel Gonçalves, fala-nos desta entidade com responsabilidade na protecção do mel transmontano desde 1980.

O produto apícola desta associação intitula-se ‘Mel do Parque Natural de Montesinho DOP’. Um mel produzido pela abelha da espécie Apis mellifera a partir do néctar produzido pelas flores características da região. Cor escura, um cheiro forte muito particular e um aspecto fluído, viscoso e homogéneo, assim se caracteriza um produto comercializado pela Casa do Mel de Bragança.
Manuel Gonçalves, presidente da AAPNM, não tem dúvidas e considera que região de Trás-os-Montes tem uma vertente turística «intrinsecamente associada ao turismo ambiental e turismo rural».
Por isso mesmo, realça que «a apicultura funciona na promoção do espaço natural, com um elemento paisagístico dada a instalação de apiários que embelezam e dinamizam os percursos e pontos turísticos».
No espaço rural, vinca, pretende-se que «o mel integre a gastronomia local que se oferece ao visitante, bem como os produtos que este pode adquirir e levar de recordação. Sabemos que o consumidor de mel tende a ser fiel a um padrão que se confunde com a região de origem, e desta forma, a presença deste produto na oferta cria uma simbiose deste com a região», afirma Manuel Gonçalves.
O responsável recorda, assim, o caminho da Casa do Mel de Bragança, que nasceu em 1980 no seio do Parque Natural de Montesinho. A ideia surgiu de um grupo de apicultores com o interesse comum na dinamização das suas explorações apícolas. Nascia, assim, a Casa que tem no mel o seu maior tesouro.
Em concertação com a actividade de apoio às populações rurais é criada em Junho desse ano a AAPNM, cuja área de intervenção inclui os concelhos de Bragança e Vinhais, indo além dos limites do Parque Natural de Montesinho.
O objectivo inicial da associação, que ainda hoje se mantém, centrava-se no desenvolvimento da apicultura, «promovendo a sua prática e expansão, sobretudo entre os seus associados, proporcionando-lhes meios técnicos, comerciais e créditos, visando um maior aperfeiçoamento técnico - prático, para uma maior rentabilidade da apicultura».
Entretanto, em 1994, é criado o Agrupamento de Produtores de ‘Mel do Parque’, uma nova entidade com carácter comercial que assegura a comercialização do produto ‘Mel do Parque’, sempre que os associados não optem pela comercialização em nome próprio.
O Agrupamento cria e regista a Marca ‘Mel do Parque’ e, juntamente com a AAPNM, caracteriza o Mel do Parque de Montesinho DOP.
Na Casa do Mel, funcionam as duas entidades, que em respeito pelos objectivos iniciais, actuam no seio da comunidade apícola de toda a Terra Fria, que abrange os concelhos de Bragança, Miranda do Douro, Vimioso e Vinhais.
Deste modo a marca ‘Mel do Parque’ é detida pelo Agrupamento de Produtores, e como tal, apenas pode ser usada por esta entidade. «O caderno de especificações da DOP, estipula que a comercialização seja obrigatoriamente exclusiva do Agrupamento de Produtores de ‘Mel do Parque’», acrescenta o presidente da associação.
Contudo, «a exploração apícola funciona como complemento à actividade agrícola da família rural, e promove-se a venda directa do produto nas explorações de produção».
Nessa medida, Manuel Gonçalves realça que a actividade da mesma se centra «na promoção das boas práticas de embalamento, rotulagem e rastreabilidade de forma a garantir ao consumidor que, apesar de ser um produto comercializado pelo produtor, também este segue as normas que são exigidas pela legislação vigente».
Os apicultores podem usufruir dos equipamentos de extracção, que pertencem à unidade da Casa do Mel, e decidir posteriormente qual o agente de comercialização.

Sinergia com o turismo

A Casa do Mel conta nos seus registos com 571 apicultores activos, que recorrem aos seus serviços, oriundos de toda a área da Terra Fria. De toda esta actividade resulta uma produção que se traduz em cerca de 130 toneladas de mel/ano processadas.
«Para este número são contabilizados o mel de consumo próprio dos produtores, o ‘Mel do Parque’, Mel do Parque de Montesinho DOP e Mel do Parque de Montesinho DOP – MPB», explica Manuel Gonçalves.
«A promoção dos produtos é também da responsabilidade da sociedade e foca-se essencialmente em feiras temáticas, eventos de animação turística, concursos nacionais e internacionais da especialidade», adianta o responsável da associação.
Além disso essa divulgação «funciona ainda em sinergia com as unidades de turismo e lojas locais, promotores turísticos e associações de desenvolvimento local, que promovem a integração do ‘Mel do Parque’ na imagem da Região da Terra Fria».
«Os principais mercados são o comércio local, feiras temáticas e exportação. No último ano a comercialização de mel qualificado DOP e DOP-MPB aproximou-se das 68 toneladas de mel, representando aproximadamente 60% do mel processado», afiança.
Mas a Casa do Mel presta também dois serviços distintos aos apicultores. Uns extraem o mel e deixam-no na Casa para comercialização com a marca de DOP ou mel Biológico. Outros apenas fazem a extracção, e recolhem todo, ou parte, do produto para comercialização própria.
O projecto de produção de mel biológico surgiu na sequência de um projecto AGRO, em parceria com a Escola Superior Agrária de Bragança e a Associação dos Apicultores do Parque Natural de Douro Internacional.
«Este projecto visava avaliar as potencialidades de produção de mel em método de produção biológica na região da Terra Fria, e a adesão dos apicultores foi surpreendentemente positiva. Aos 11 apicultores iniciais, em 2005, juntamos agora mais 13 produtores que vêem neste projecto uma mais-valia da sua produção», frisa Manuel Gonçalves. Actualmente, estão em produção biológica 1496 colónias, cuja certificação integra a produção do Mel do Parque de Montesinho DOP-MPB, e 871 cuja produção é comercializada com marca própria dos produtores. Só em 2010 a produção média deste mel na Terra Fria ronda as 31,5 toneladas, informa Manuel Gonçalves.
«A diversificação dos produtos que se disponibiliza para o mercado é sempre vantajosa para a produção. O mel em MPB entra em mercados específicos que estão vedados ao mel convencional, e satisfaz uma margem de consumidores com perfil específico, que estão dispostos a valorizar o produto que na sua origem teve não só preocupações ambientais na produção, como também está sujeito a um percurso de certificação mais apertado e rigoroso», explica.
Por fim, lembra que esta qualificação abre também o acesso a «certos mercados europeus, com maiores exigências e também maior poder de compra».

Ana Clara; Fotos: Casa do Mel

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