Divulgar e potencializar a cultura mirandesa, através da música, são, somente, algumas das premissas dos Trasga. Criado em 2006, este grupo de música tradicional é movido pela diversão proveniente das suas actuações ao vivo e de um convívio saudável entre os seus elementos.
Considerado um dos melhores grupos de música tradicional, originário do concelho de Miranda do Douro, os Trasga são constituídos por cinco músicos: Célio Pires, Sérgio Martins, Tiago Martins, Domingos João e António Garcia. Sensibilizado para o projecto do Museu de Carção, o grupo quis contribuir para a angariação de fundos oferecendo um concerto de música tradicional à população. A receita de bilheteira reverteu, assim, para “a causa” que visa a construção do museu. O Salão Nobre da Casa do Povo foi demasiado pequeno para receber tanta gente. Com uma sala esgotada, a audiência permaneceu efusivamente atenta durante os 14 temas interpretados em cerca de uma hora e meia de concerto, naquela que foi a estreia do grupo em Carção. Momentos antes da actuação ter início, o Jornal Nordeste esteve à conversa com os músicos, que explicaram o surgimento da banda, o seu percurso, o mais recente trabalho e os objectivos para o futuro.
Grupo quis contribuir para a angariação de fundos destinados à criação do Museu de Carção
“Esta ideia de formar um grupo era já um bocado antiga. Mas nunca tivemos oportunidade de a concretizar devido à nossa condição profissional. Em 2006, decidimos transformar os Gaiteiros da Raia, um grupo de rua que já existia, num grupo de palco. Depois, transformámos alguns temas que já tínhamos e adaptámo-los para outros instrumentos e para vozes”, revela Célio Pires, o responsável pela composição dos temas. “Eu trato da composição, mas, depois, há sempre os toques de uns e outros para colocarmos a música a funcionar por todos. Temos cerca de oito originais, embora, tenhamos mais construídos”, esclarece o músico.
Dessa união de esforços, desenvolveram não só músicas tradicionais com alguns arranjos que lhe dão um toque de singularidade, como também músicas originais com novas sonoridades. E são instrumentos como a gaita-de-foles, a sanfona, a flauta pastoril, a pandeireta, a castanhola, o bombo, o acordeão e o bandolim que ajudam a satisfazer as delícias de um público-alvo cada vez mais numeroso.
“Os concertos são um misto de músicas tradicionais e músicas originais”
“Trasga ao vivo” é o último trabalho do vasto espólio musical desta banda do Planalto. Um álbum gravado na Páscoa de 2008 e que conta com 12 temas. “Foi um disco que nós gravámos ao vivo em Sendim, mais, até, para os amigos. Digamos que estamos a iniciar”, afirma.
Temas como Repasseado, Passacalhes, La Çarandilheira, La Lhoba Parda, Hourizontes, entre muitos outros, são já bem conhecidos entre os seguidores da música tradicional mirandesa. Contudo, o álbum não teve lançamento no mercado discográfico e Célio explica o porquê: “basicamente, o nosso objectivo era experimentar e fazer um disco para oferecer aos amigos. Nada mais do que isso”. Mas existe a ambição de gravarem um disco. “Isso ficará para um pouco mais tarde, quando houver mais condições, mas esse é o nosso objectivo fundamental”, desvenda.
As actuações têm sido, basicamente, em Portugal, sobretudo, no norte do país. A Europa será o próximo patamar, como o próprio porta-voz da banda revela, em tom de anseio. Mas o que realmente importa e faz mover em crescendo este grupo, é todo um divertimento inerente ao funcionamento dos Trasga, enquanto motor de uma cultura e de uma língua que não se querem esquecidas. “Nós fazemos isto, sobretudo, pela diversão. Tudo aquilo que venha por acréscimo, óptimo”, conclui Célio Pires.
Por: Bruno Mateus Filena
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