«Aquelas burras são as minhas pernas», diz o Sr. Artur de Soeima, uma aldeia na encosta da Serra de Bornes, concelho de Alfândega da Fé. As artroses há muito que dificultam o andar do Sr. Artur que tem nos dois animais, fiéis amigos. Fazem-lhe companhia e ajudam-no a locomover-se. A sua história é contada no livro «Fé nos Burros», um projecto de fotografia e vídeo de João Pedro Marnoto, em colaboração com a Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA), onde Miguel Nóvoa, veterinário, é secretário técnico da Raça Asinina de Miranda.
Juntos percorreram o concelho de Alfândega da Fé. Encetaram caminho pelo Portugal profundo em busca de histórias, do quotidiano, das tradições que por aquelas terras transmontanas incluem o burro. «Como fotógrafo quis realçar a relação do animal com o homem, tendo em conta que enquanto houver essa relação haverá sempre continuação da espécie. O burro já não é utilizado para trabalho e transporte, mas o que ainda mantém a espécie é esta relação de cumplicidade entre homem e animal», comenta João Marnoto.
Miguel Nóvoa sublinha a importância desta relação homem-aninal, muito presente na iniciativa "Fé nos Burros", e afirma que «esta cultural rural associada aos habitantes das aldeias do concelho de Alfândega da Fé é retratada no livro, permitindo ainda ao leitor, através do texto que acompanha as fotografias, aprender um pouco mais sobre burras, burros, mulas e machos».
Actualmente no concelho percorrido pelos dois autores há um efectivo de 600 animais. Desde sempre o burro teve como função auxiliar o homem nas tarefas agrícolas, sobretudo em terrenos de difícil acesso como são as serras e os vales de Trás-os-Montes. Com o avanço da tecnologia, o gado asinino começou a ser votado ao abandono. «Mas por estas terras ainda se encontra, quer como fiel amigo, como animal doméstico, quer associado a novas economias como o turismo», diz Miguel Nóvoa.
A utilização do burro para a realização de passeios, mas também a sua manutenção na paisagem junto dos seus donos, assegurando tradições ancestrais, são características deste território, atraindo cada vez mais turistas. Em torno deste animal, de focinho afável, de aspecto pachorrento, pêlo comprido e grosso em tons de castanho, têm nascido também actividades como gincanas, feiras, mostras e desfiles e festivais, como «L Burro I L Gueiteiro», uma síntese dos costumes de Miranda do Douro.
Nos últimos anos, as actividades em torno do asinino ganham novas dimensões, sendo reconhecidas as suas capacidades terapêuticas. A asinoterapia «desenvolveu-se na década de 1970 em países como Inglaterra, Suíça, França e Itália. Uma prática que permite a estimulação cognitiva, física e também afectiva», explica o livro «Fé nos Burros». Na AEPGA já é aplicada esta terapia.
A escrita simples do livro cativa a leitura. Uma fonte de aprendizagem sobre um animal perfeitamente adaptado ao território, que faz parte da paisagem contribuindo também para a manutenção dos ecossistemas. Em «Fé nos Burros» lê-se que «os asininos têm aptidão para o pastoreio, fundamental para a preservação dos lameiros (pastagens permanentes seminaturais, de génese centenária), que se degradam caso não sejam pastoreados». Estes animais contribuem ainda para prevenir o avanço de matos facilitadores da propagação de incêndios.
João Pedro Marnoto quis recriar na rua o ambiente de um estúdio de fotografia. Os autores colocaram um pano branco na rua e fotografaram, simplesmente, dono e animal. Um retrato desta relação ancestral. No vídeo que acompanha o livro, Miguel Nóvoa é o fio condutor desta história pelo mundo rural português. «O Miguel fala sobre os burros, mas também mostramos todo o processo de realização deste trabalho que é um documentário sobre o gado asinino do concelho de Alfândega da Fé», conclui João Pedro Marnoto.
O trabalho foi realizado com o auxílio da Câmara Municipal de alfândega da Fé. O processo de distribuição dos livros pelas livrarias está agora a ser empreendido.
Juntos percorreram o concelho de Alfândega da Fé. Encetaram caminho pelo Portugal profundo em busca de histórias, do quotidiano, das tradições que por aquelas terras transmontanas incluem o burro. «Como fotógrafo quis realçar a relação do animal com o homem, tendo em conta que enquanto houver essa relação haverá sempre continuação da espécie. O burro já não é utilizado para trabalho e transporte, mas o que ainda mantém a espécie é esta relação de cumplicidade entre homem e animal», comenta João Marnoto.
Miguel Nóvoa sublinha a importância desta relação homem-aninal, muito presente na iniciativa "Fé nos Burros", e afirma que «esta cultural rural associada aos habitantes das aldeias do concelho de Alfândega da Fé é retratada no livro, permitindo ainda ao leitor, através do texto que acompanha as fotografias, aprender um pouco mais sobre burras, burros, mulas e machos».
Actualmente no concelho percorrido pelos dois autores há um efectivo de 600 animais. Desde sempre o burro teve como função auxiliar o homem nas tarefas agrícolas, sobretudo em terrenos de difícil acesso como são as serras e os vales de Trás-os-Montes. Com o avanço da tecnologia, o gado asinino começou a ser votado ao abandono. «Mas por estas terras ainda se encontra, quer como fiel amigo, como animal doméstico, quer associado a novas economias como o turismo», diz Miguel Nóvoa.
A utilização do burro para a realização de passeios, mas também a sua manutenção na paisagem junto dos seus donos, assegurando tradições ancestrais, são características deste território, atraindo cada vez mais turistas. Em torno deste animal, de focinho afável, de aspecto pachorrento, pêlo comprido e grosso em tons de castanho, têm nascido também actividades como gincanas, feiras, mostras e desfiles e festivais, como «L Burro I L Gueiteiro», uma síntese dos costumes de Miranda do Douro.
Nos últimos anos, as actividades em torno do asinino ganham novas dimensões, sendo reconhecidas as suas capacidades terapêuticas. A asinoterapia «desenvolveu-se na década de 1970 em países como Inglaterra, Suíça, França e Itália. Uma prática que permite a estimulação cognitiva, física e também afectiva», explica o livro «Fé nos Burros». Na AEPGA já é aplicada esta terapia.
A escrita simples do livro cativa a leitura. Uma fonte de aprendizagem sobre um animal perfeitamente adaptado ao território, que faz parte da paisagem contribuindo também para a manutenção dos ecossistemas. Em «Fé nos Burros» lê-se que «os asininos têm aptidão para o pastoreio, fundamental para a preservação dos lameiros (pastagens permanentes seminaturais, de génese centenária), que se degradam caso não sejam pastoreados». Estes animais contribuem ainda para prevenir o avanço de matos facilitadores da propagação de incêndios.
João Pedro Marnoto quis recriar na rua o ambiente de um estúdio de fotografia. Os autores colocaram um pano branco na rua e fotografaram, simplesmente, dono e animal. Um retrato desta relação ancestral. No vídeo que acompanha o livro, Miguel Nóvoa é o fio condutor desta história pelo mundo rural português. «O Miguel fala sobre os burros, mas também mostramos todo o processo de realização deste trabalho que é um documentário sobre o gado asinino do concelho de Alfândega da Fé», conclui João Pedro Marnoto.
O trabalho foi realizado com o auxílio da Câmara Municipal de alfândega da Fé. O processo de distribuição dos livros pelas livrarias está agora a ser empreendido.
Sara Pelicano; fotos - João Pedro Marnoto
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