D. António Montes |
O bispo que esteve à frente da diocese transmontana entre 2001 e 2011 salientou esta manhã à Agência ECCLESIA que “frequentemente os sacramentos são vistos mais numa perspetiva social do que religiosa”, fenómeno que se manifesta “nos crismas, nas comunhões e ainda mais nos casamentos”.
“Uma função permanente do bispo é chamar a atenção para que os cristãos valorizem o interior”, frisa D. António Montes, religioso franciscano que em 2010 completou 75 anos, idade que o Direito Canónico impõe para a apresentação da renúncia.
O prelado nascido no concelho de Vila Real diz que procurou “fazer alguma coisa” para melhorar aquela que no seu entender é “a dimensão pastoral mais importante” e que se constitui como “uma batalha permanente” para tornar os cristãos “mais autênticos”.
O Papa Bento XVI nomeou hoje para bispo de Bragança-Miranda o padre José Manuel Cordeiro, sacerdote do clero da diocese com sede localizada 520 km a nordeste de Lisboa, facto que segundo D. António Montes não acontecia há 70 anos.
O futuro bispo “tem desempenhado papéis importantes ao serviço da Conferência Episcopal, como vice-reitor e reitor do Pontifício Colégio Português em Roma” e “é uma figura bem conhecida em Bragança”, pelo que vai ser acolhido com “satisfação”, assinala o agora bispo emérito.
A data de tomada de posse não está marcada mas presume-se que seja em outubro, adiantou D. António Montes, que espera encontrar-se com o seu sucessor na próxima semana para uma conversa sem conselhos: “Ele conhece bem a diocese. Não precisa de orientações especiais”.
“O novo bispo teve oito anos de atividade pastoral na diocese depois da ordenação sacerdotal”, lembra o bispo emérito, referindo que o padre José Cordeiro “manteve sempre contactos” com Bragança-Miranda nos 12 anos que passou em Roma, onde concluiu o doutoramento em Liturgia.
O padre José Cordeiro, de 44 anos, vai reencontrar uma diocese com poucos sacerdotes: “A média de idades do nosso clero não é muito elevada, à volta dos 60 anos. O problema é que não temos muitos padres”, admite D. António Montes, acrescentando: “Os mínimos estão assegurados. Mas, claro, seriam precisos mais”.
Bragança tem mantido o distanciamento face ao litoral e o futuro é sombrio: “As perspetivas não são famosas, por culpa de um plano de desenvolvimento económico que se centrou excessivamente no litoral e abandonou o interior”, aponta D. António Montes.
“Enquanto não houver polos de desenvolvimento económico e cultural não é possível ter desenvolvimento”, considera o prelado, acrescentando que o distrito “perdeu 12 mil pessoas” nos últimos 10 anos, queda que “vai continuar”.
O Instituto Politécnico de Bragança constitui para o bispo emérito “um dos bons exemplos de desenvolvimento regional e daquilo que se poderia continuar a valorizar”, contrariando a tendência para um “país desequilibrado” e “a duas velocidades”.
Depois de dar lugar ao sucessor, D. António Montes vai “regressar ao convento” mas não espera ficar parado: “Tenho muitos compromissos a satisfazer”, sublinha, lembrando que 2012 é o “Ano Europeu do Envelhecimento Ativo”.
Agência Ecclesia, 2011-07-19
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