Foi visando atenuar fragilidades individuais e colectivas que se estruturou a representação do Rio de Janeiro, em 1923.
Singularmente, esta e outras instituições provinciais surgiriam aí na década de 1920 como plataforma de apoio para o lançamento duma representação nacional no Brasil (Trindade e Caeiro,2000: 80), e estimuladas pelo semanário luso-brasileiro Patria Portugueza, cujo responsável era o transmontano Crisóstomo Cruz. Tentava-se assim ter maior capacidade de recrutamento e maior força representativa. Também se pretendia racionalizar recursos: alugara-se e adaptara-se um grande apartamento para as diversas casas provinciais.
A entreajuda interprovincial ia mais longe: os transmontanos (e outros já de pé) apoiaram então o arranque das restantes casas (p. e., “A caminho…”,1925; nb: os minhotos retribuiriam com o acolhimento da sede transmontana em 1947 — ver Torres, 1987: 66).
Este projecto culminará na Federação das Associações Portuguesas e Luso-Brasileiras (de 1931), quando já existiriam cerca de 15 mil naquela constelação provincial (Muller, 2002: 323; e Lobo, 2001: 94), sendo que em 1928 existiam acima de 3 mil associados transmontanos (”Rio”, 1929).
A beneficência foi uma das linhas de força do associativismo imigrante em todo o mundo desde inícios de oitocentos (ver caso brasileiro em Muller, 2002: 314 e 328), estruturador e congregador, daí também a sua imediata incorporação pelo regionalismo.
Estas casas aperfeiçoaram tal função, através da troca de contactos e da diversificação dos apoios.
Além das regalias materiais concedidas aos sócios (descontos em diversos tipos de estabelecimentos comerciais, apoio na burocracia, consultas e visitas médicas gratuitas), funcionavam como agências de emprego (Lobo, 2001: 94), de colocação dos imigrantes conterrâneos ou de apoio à subsistência, ao alojamento ou à viagem de retorno.
Além disso, a representação transmontana realizou ainda a vertente mais sociocultural:
biblioteca, palestras, exposições, saraus, etc. (Lobo, 2001: 94; e Patria Portugueza).
Em contrapartida, esteve no início separado do núcleo duriense.
Daniel Melo
AQUÉM DO MARÃO
O associativismo regionalista transmontano em Portugal e na diáspora
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