No deflagrar da Guerra Civil espanhola, em Julho de 1936, a resistência à sublevação militar na Galiza foi levada a cabo essencialmente pelos civis das várias correntes políticas apoiantes da República. A Frente Popular, uma coligação eleitoral que aglutinava a esquerda espanhola, tinha vencido em três das quatro províncias galegas as eleições gerais de Fevereiro anterior. No dia seguinte ao pronunciamento militar, os governadores civis das várias províncias, os eleitos para os cargos autárquicos, os partidos republicanos e os sindicatos convocaram uma greve geral a que se seguiu o levantamento de barricadas nas principais localidades. Os republicanos, praticamente desarmados, pouco puderam fazer contra os militares sublevados, a quem fora dada a ordem expressa de extremar a violência desde o primeiro momento. Em poucos dias, com o apoio dos civis falangistas, os militares controlaram todo o território galego e iniciaram uma campanha repressiva de que resultariam dois mil e quinhentos fuzilados ou “passeados” 1 nos seis meses seguintes.
Leva de presos asturianos na sequência da greve geral revolucionária de 1934 |
O Monte ou a Morte
Nos dias e meses seguintes ao “alzamiento”, milhares de galegos fugiram para os montes. Para muitos republicanos, anti-fascistas e anarquistas era a primeira etapa do caminho para atingir o País Basco, Andaluzia, Valência ou Catalunha, onde o golpe militar fascista fracassara; para outros, o ponto de partida para o exílio na Europa ou na América do Sul. A estes somaram-se aqueles que fugiam da brutal repressão e se agruparam primeiro para sobreviver e depois para passar ao contra-ataque guerrilheiro; e, com o prolongar da guerra, os montes da geografia galega acolheriam também os jovens refractários ao recrutamento massivo imposto pelas autoridades franquistas.
A raia seca galaico-transmontana, da Serra do Larouco a Vinhais, pela sua permeabilidade natural, potenciada pelas relações dos que nela viveram desde o tempo em que não havia fronteiras, foi a principal “saída de emergência” que deu passagem e abrigo 4 aos “fuxidos” nas várias situações. Milhares de galegos e leoneses esquivaram o controlo da fronteira, redobrado pelas autoridades portuguesas, a caminho do Porto e de Lisboa, trampolins para destinos mais seguros. Contavam ali com os “laços de uma rede social que se estende além dos limites politicamente convencionados de cada país, com uma história longa no tempo, que os torna activáveis em momentos bem determinados de necessidade imperiosa.” 5
Aqueles que tinham menos meios de vida, sobretudo os originários das povoações galegas fronteiriças, enquanto durou a guerra civil, refugiaram-se nas aldeias do norte de Trás-os-Montes e sobreviveram trabalhando nas casas de lavoura, no contrabando e, mais tarde, na extracção de volfrâmio.
A maré repressiva generalizada prolongou-se pelos quase três anos de conflito e manteve-se depois de terminada a guerra civil, com variações de intensidade em função dos desenvolvimentos da Segunda Guerra Mundial. Um pouco por todo o território espanhol, organizada em “partidas” 6, a guerrilha representava um meio de defesa contra a repressão, para muitos, a forma de sobreviver a um fuzilamento garantido.
As guerrilhas na Galiza e em Leão
A pouco mais de cem quilómetros a norte da fronteira de Chaves, nos montes Casaio, encontrava-se o centro onde, terminada a guerra civil, convergiram e se relacionaram as “partidas” de guerrilheiros dispersas pelos montes galegos e leoneses. “Casaio era um refúgio seguro onde as forças repressivas quase não se atreviam a penetrar”, refere Secundino Serrano, historiador da guerrilha anti-franquista, que considera a concentração nestes montes “um salto qualitativo importante ao afastarem-se dos seus povoados respectivos, com o que supunha de tranquilidade para os familiares e, simultaneamente, o nascimento de pequenos núcleos armados que tinham que governar-se por sua conta” 7. Foi nesta nova situação que se estabeleceu a primeira organização guerrilheira da Espanha do pós-guerra e seria nestes montes onde, anos mais tarde, receberam formação os membros do grupo que viria a ser protagonista no Cambedo.
Alguns dos guerrilheiros participantes no congresso de fundação da Federación de Guerrillas de León-Galiza |
A organização adoptada, dando especial importância à estruturação das redes de apoio e às ligações, serviria de modelo às organizações guerrilheiras de toda a Espanha. Não clarificava o objectivo final da guerrilha, uma vez que toda a sua estratégia passava pela intervenção dos aliados para derrubar Franco, mas facilitava a sobrevivência dos guerrilheiros. Neste Congresso participaram guerrilheiros que se tornaram legendários, como Marcelino Villanueva “Gafas”, Enrique Oviedo Blanco “Chapa”, Marcelino de la Parra Casas “Parra” e Manuel Girón Bazán “Girón”, cuja passagem pelas aldeias raianas portuguesas foi referenciada nos testemunhos recolhidos por vários autores.
Pela primeira vez na História uma cidade foi alvo de um bombardeamento aéreo consecutivo, até ficar praticamente arrasada. Durante a 2ª Guerra Mundial esta seria a prática corrente das aviações alemã, italiana e aliadas
Pela primeira vez na História uma cidade foi alvo de um bombardeamento aéreo consecutivo, até ficar praticamente arrasada. Durante a 2ª Guerra Mundial esta seria a prática corrente das aviações alemã, italiana e aliadas.
Vista aérea de Guernica bombardeada pelas aviações alemã e italiana em 26 de Abril de 1937 |
A federação guerrilheira manteve-se em expansão, apesar de se acentuarem as diferenças tácticas e organizativas dos socialistas e anarquistas com os comunistas. Foi nesta fase que foram enquadrados dois dos protagonistas dos acontecimentos do Cambedo: Demétrio Garcia Alvarez “Pedro”, que aderiu à guerrilha em 1945 e, no início do ano seguinte, já no comando de uma “partida”, ele próprio recrutou Juan Salgado Ribera “Facundo”.
Antecedentes dos acontecimentos no Cambedo
Desde os finais de 1945, quando o regime franquista concluiu que a vitória aliada não o colocava em perigo, passou a dedicar-se à erradicação da guerrilha, incrementando a repressão. À Guardia Civil juntaram-se o Exército e “contrapartidas” de civis armados, “requetés” e falangistas. Nas zonas de fronteira, agentes da PIDE e da GNR intensificaram as operações de controlo e patrulha, aumentando a colaboração da ditadura salazarista na repressão ao “Maquis”, a única oposição efectiva ao regime franquista.
Mapa de pormenor da zona |
No Verão de 1946 encontravam-se na região, para além da “partida” do Demétrio, um número indeterminado de guerrilheiros de outras “partidas”, onde se destacam os “históricos” Manuel Girón Bazán, Orozco Palácios, Enrique Oviedo, Angel Rodríguez e Alfredo Aguirre. No dia 16 de Setembro de 1946, estes cinco acompanhados por Bernardo Garcia Garcia e Juan Ribera, os dois guerrilheiros que resultariam mortos nos incidentes de Cambedo, deslocaram-se à aldeia de Negrões, no concelho de Montalegre, e executaram António da Sousa Pinto, que durante a Guerra Civil teria entregue um médico “fuxido” refugiado em sua casa à Guardia Civil, que o fuzilara. Nesta acção foram também mortalmente atingidos um criado de lavoura do Pinto e um habitante da aldeia.
Esta acção traria consequências importantes para todos os refugiados galegos na zona fronteiriça e, especialmente, para a rede de apoios que servia de recuo aos guerrilheiros. Os efeitos não tardariam em produzir-se, nos dias seguintes sucederam-se as prisões de barrosões relacionados com os guerrilheiros e as atenções das forças repressivas do Estado português concentraram-se na solução do problema. A própria organização guerrilheira faria posteriormente autocrítica pelo erro táctico cometido: ter actuado em Portugal, queimando com esse acto a retaguarda que tão útil tinha sido nos dez anos anteriores.
Uma campanha de notícias nos jornais contra os “bandoleiros”, “assaltantes” ou “assassinos” galegos, cuidadosamente dirigida, alentou o sentimento adverso que se começou a alastrar na população raiana. “Aos olhos do povo, eles passaram, dum dia para o outro, duns contrabandistas simpáticos, sempre prontos a puxar da carteira, a bandidos perigosos, capazes de matar pessoas”, escreve Bento da Cruz 9 A PIDE não se ficaria pela campanha mediática. Ao que tudo indica, em colaboração com as forças repressivas do país vizinho, realizaram, a 29 de Outubro seguinte, uma operação de “bandeira falsa”: o assalto à camioneta de carreira de Braga-Chaves, na localidade de Parafita. Seis assaltantes, dos quais só dois falaram, com sotaque espanhol, roubaram as carteiras, relógios e fios de ouro aos passageiros que se dirigiam à Feira dos Santos de Montalegre. Meses mais tarde ficaria demonstrado no Tribunal Militar e no Plenário do Porto que os guerrilheiros galegos nada tiveram a ver com o assalto, mas, naquele momento, serviu para reactivar a campanha nos jornais e justificar o incremento da acção de vigilância na fronteira, com a deslocação de forças da GNR de outras zonas do Norte, para patrulhar a região, e de um número indeterminado de agentes da PIDE em ligação com a Guardia Civil espanhola, que intensificaram os esforços de recolha de informação nas várias aldeias, quer directamente quer através de informadores.
“A Batalha do Cambedo”
Na sequência destas diligências, o Comando da GNR de Vila Real, em coordenação com a PIDE a Guarda Fiscal e as forças repressivas espanholas, montou uma operação de busca e captura dos guerrilheiros galegos nas povoações de Nantes, Mosteiró de Cima, Sanfins de Castanheira, Sanjurge, Couto e Cambedo. Às zero horas do dia 20 de Dezembro de 1946, estavam concentrados no posto de Chaves da GNR cerca de duzentos guardas-republicanos deslocados das guarnições do Porto, Régua e Vila Real. Este contingente foi dividido em pelotões, sendo destinado um para cada lugar. Em cada pelotão incorporaram-se agentes da PIDE; naquele que tinha por objectivo o Cambedo, comandado por um alferes, seguiram dois pides. Partiram em camiões para os seus destinos às três horas da madrugada. Como não existia ligação rodoviária até ao Cambedo a parte final do percurso foi concluída a pé, a cujas imediações chegaram cerca das seis horas da manhã, iniciando de imediato a montagem do dispositivo, com a colocação dos agentes na entrada e saída do povoado e nas imediações das casas suspeitas.
A aldeia era composta por 89 fogos onde viviam 310 habitantes; o alarido dos cães, provocado pelos movimentos de mais de três dezenas de “forasteiros” na tranquilidade nocturna do seu território, anulou o factor surpresa da operação, facilitando a reacção aos guerrilheiros sitiados. Às sete horas da manhã ouviram-se os primeiros tiros, era Juan Ribera que abandonava a casa onde se encontrava, acompanhado do filho da sua anfitriã, Engrácia Gonçalves, e rompia o cerco. Confirmando a fama de bom atirador, na fuga, atingiu um dos pides com dois tiros e feriu também um guarda-republicano, internando-se na vegetação a caminho da sua aldeia natal a pouco mais de um quilómetro. Desconhecia as proporções da operação das forças repressivas, mais de quinhentos guardias civis controlavam os montes do outro lado da fronteira. Uma hora depois, esbarrou nas suas armas e retrocedeu. Alertado pelos tiros, o oficial da GNR ordenou a um grupo de agentes que batesse a colina, a meio da manhã, ouviu-se o eco de um tiro vindo dessa direcção, tinham encontrado o Juan Ribera, ferido, e acabaram com ele.
Pátio onde o Juan e o Demétrio se esconderam http://ferradodecabroes.blogspot.pt |
Para evitar que os guerrilheiros aproveitassem as trevas para escapar, foram incendiadas duas medas de palha situadas nas imediações das casas cercadas. Já noite dentro chegaram mais reforços com projectores eléctricos, o Comandante da GNR de Vila Real, um destacamento da PSP do Porto e duas secções de morteiros de Caçadores 10, de Chaves. O total das forças envolvidas no Cambedo ultrapassava o meio milhar de homens, marcando presença um oficial da Guardia Civil espanhola. Ao nascer do dia, Cambedo da Raia apresentava o aspecto de um campo de batalha com tendas de campanha, apoios logísticos, postos de primeiros socorros, homens e morteiros em posição de combate, com troca intermitente de tiros entre sitiados e sitiantes. Experimentaram lançar granadas de gás lacrimogéneo trazidas pela PSP do Porto, mas o vento soprava na direcção contrária e, finalmente, decidiram-se pelas descargas de morteiro.
Foram evacuadas todas as casas em redor do objectivo e dada a ordem de bombardear. Trinta granadas de morteiro foram disparadas e o cerco foi de novo apertado. Um pide, protegido por um grupo de agentes da PSP e da GNR, que se adiantou para fazer o reconhecimento, foi recebido a tiro. Nova manobra de abertura do cerco, seguida de nova descarga de granadas de morteiro que deixaram as casas do quarteirão em ruínas fumegantes. O cerco apertou-se e o grupo de reconhecimento avançou uma vez mais, desta vez o pide foi atingido a tiro numa coxa. Do monte de ruínas restavam apenas intactos um lagar e um forno de granito. Intensificou-se o ataque com granadas de mão e metralhadoras apontadas a estes dois alvos, até que os guerrilheiros deixaram de responder. À boca do forno apareceu um lenço branco, pouco depois saiu o Demétrio. Algemado primeiro, esbofeteado depois, perguntado pelos seus companheiros, respondeu que lá dentro estava só o cadáver do Garcia, que tinha guardado a última bala para si próprio.
Jornal «O Século» de 22-12-1946 http://cambedo-maquis.blogs.sapo.pt |
Demétrio Garcia Alvarez “Pedro”, clichés da Pide: à esquerda logo a seguir à prisão, à direita antes de ser posto em liberdade em 1965. No centro, durante o cumprimento da pena no Tarrafal. |
A PIDE e a imprensa esconderam as motivações políticas dos guerrilheiros, apresentando-os como assaltantes, apesar de nas comunicações internas confidenciais de todas as forças repressivas serem apresentados como “guerrilheiros profissionais” ou “rojos”, e rapidamente se estendeu um manto de silêncio sobre os acontecimentos no Cambedo da Raia. Os seus habitantes arrastaram dezenas de anos a reputação de malfeitores ou de acoitantes de criminosos, rótulo que as autoridades lhes colaram, chegando alguns a não indicar a aldeia de nascimento, substituindo-a pela sede de freguesia, para evitar o opróbrio que lhes estava associado. Esta confiscação da memória pelo silêncio só começaria a romper-se no final dos anos oitenta, com a publicação de um opúsculo pela Câmara de Montalegre 11 e uma reportagem no Jornal de Notícias 12. De então para cá, os acontecimentos do Cambedo da Raia em 1946 foram tema para livros de ficção, ensaios, artigos, reportagens jornalísticas, filmes, documentários e blogs 13. Numa acção cívica de resgate da memória da solidariedade raiana, levada a cabo no Cambedo por um conjunto de intelectuais galegos, foi colocada uma placa no centro da aldeia “En lembranza do vosso sofrimento (1946-1996)”.
Placa colocada no Cambedo por um conjunto de intelectuais galegos |
A aldeia de Cambedo da Raia, pelos acontecimentos desmedidos ali vividos nas vésperas de Natal de 1946, ficou para a história como uma referência da atitude solidária das populações raianas para com os perseguidos pelo regime franquista. Esta característica enraizada nas gentes de um e do outro lado da fronteira, já se tinha manifestado no passado em sentido inverso. Poucos anos antes, os republicanos portugueses derrotados nas revoltas fracassadas contra a ditadura 14 encontraram nas povoações do lado galego os mesmos gestos solidários na sua fuga à repressão salazarista. Após a instauração da República em 1910 tinham sido as forças monárquicas a refugiar-se na região, de onde partiam para as incursões no norte de Portugal, e, já antes, no século XIX os liberais derrotados na Guerra Civil portuguesa, também conhecida por “Guerras Liberais”, ali tinham encontrado refúgio.
Delfim Cadenas
delfimcadenas@jornalmapa.pt
Notas:
SANTANDER, Fernández: Alzamiento y Guerra Civil en Galicia (1936—1939), p.349, Ediciós do Castro, A Coruña, 2000 ↩
A Greve Geral Revolucionária de 1934, foi um movimento grevista que se produziu em Espanha entre os dias 5 e 19 de Outubro. Nas Astúrias atingiria proporções revolucionárias, transformando-se numa verdadeira ameaça para o sistema. No comando das operações de repressão à revolução asturiana, levada a cabo por legionários, esteve o General Franco, que deixaria atrás um balanço de 1400 mortos, mais de 2000 feridos e 30 000 prisioneiros. Almargen: http://goo.gl/de0XgV ↩
“Paseo” é a designação eufemística para as execuções sumárias de republicanos levadas a cabo pelos militares franquistas e civis falangistas nas imediações das povoações ↩
OLIVEIRA, César de: Salazar e a Guerra Civil de Espanha, p. 155, Lisboa, O Jornal, 1987; Alves, Jorge Fernandes: O Barroso e a Guerra Civil de Espanha, p. 17, Montalegre, Ed. Câmara Municipal, 1987 ↩
GODINHO, Paula: “Maquisards” ou “Atracadores”? in “O Cambedo da Raia 1946”, p. 170, Orense, Asociación Amigos da República, 2004. ↩
“Partida”, grupo de cinco a oito guerrilheiros. ↩
SERRANO, Secundino: Maquis – Historia de la Guerrilla Antifranquista, p. 48, Madrid, Ediciones Temas de Hoy, 2002. ↩
BAPTISTA, José Dias: A Guerra Civil Espanhola e os Barrosões, in “O Cambedo da Raia 1946”, p. 128, Orense, Asociación Amigos da República, 2004. ↩
CRUZ, Bento da: Guerrilheiros antifranquistas em Trás-os-Montes, p. 122, Montalegre, Barrosana Em, 2003. ↩
Foram as duas vítimas mortais do lado das forças repressivas, seriam feridos no conflito mais três GNRs e dois pides. Uma criança de 12 anos, Silvina Fernandes Feijó, foi ferida numa perna na sequência do tiroteio inicial ↩
ALVES, Jorge Fernandes: obra citada na nota 4 ↩
QUEIRÓS, Artur: Cambedo – Episódio Sangrento da Guerra de Espanha, Jornal de Notícias, Porto 6 Dezembro 1987, Domingo, pp 1-5 ↩
Entre outros nos seguites links: Blog Cambedo Maquis: http://goo.gl/wsJNFn, Blog Caminhos da Memória: http://goo.gl/STS0zE ↩
Ver Mapa Nº 5, A Revolta de Fevereiro de 1927, http://goo.gl/eV88eQ ↩
in:jornalmapa.pt
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