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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 24 de outubro de 2015

Bom povo português

Filme português de Rui Simões, um documentário histórico de longa-metragem que descreve a situação social e política de Portugal entre o 25 de Abril de 1974 e o 25 de Novembro de 1975, «tal como ela foi sentida pela equipa que, ao longo deste processo, foi ao mesmo tempo espectador, actor, participante, mas que, sobretudo, se encontrava totalmente comprometida com o processo revolucionário em curso (PREC)».
Estreou em Lisboa nos cinemas Estúdio e Quarteto a 18 de Novembro de 1981.

Ficha técnica:

Argumento: Rui Simões 
Realizador: Rui Simões 
Produção: Cooperativa Virver 
Texto: Teresa Sá 
Narrador: José Mário Branco (voz over) 
Formato: 35 mm p/b 
Género: Documentário histórico 
Duração 135' 
Distribuição: Cooperativa Virver 
Antestreia: 9º Festival Internacional de Cinema da Figueira da Foz (1980) 
Sinopse
Portugal entre dois momentos históricos cruciais. O PREC: entre o dia 25 de Abril de 1974 e o dia 25 de Novembro de 1975.
A Revolução dos Cravos e o Primeiro Governo Provisório. As manifestações do PS e do PCP. António de Spínola e o «bom povo». O direito à greve. Camponeses e operários, os campos e as fábricas. Vasco Gonçalves, as coligações políticas e o MFA. Mário Soares perante a contaminação fascista da administração pública. Álvaro Cunhal e o Portugal democrático e independente. Os actos de repressão pela GNR, as manifestações pela descolonização. A radicalização da vida política: o 28 de Setembro, o 11 de Março, o caso Torrebela. As ocupações de prédios abandonados, a Reforma Agrária, o Norte e o Centro, Os Três Efes: Fátima, Futebol e Fado. Os retornados. Os avanços da social-democracia. Os casos do jornal República e da Rádio Renascença Os recuos do PS na revolução democrática. Os ataques a sedes dos partidos de esquerda. A Santa da Ladeira, a prisão de Otelo Saraiva de Carvalho e a entrada em cena de Ramalho Eanes.

Enquadramento histórico:

Bom Povo Português é um filme que cobre os acontecimentos sociais e políticos de um momento crucial da história de Portugal. É por isso um filme histórico. Assume-se porém como filme de intervenção, na linha do cinema militante, amplamente praticado durante a Revolução dos Cravos, inspirado pelos ideais de Maio 68 e por Jean-Luc Godard, na sua fase maoista. O filme de intervenção caracteriza-se por implicar uma tomada de posição ideológica perante a injustiça social, tomada de posição essa que intencionalmente é explícita, sendo geralmente implícita e ténue em obras que não se assumem como tal, mesmo quando o propósito interventivo existe, mas não transparece.
Fernando Solanas define assim o género: «Utilizar o cinema como uma arma ou uma espingarda, converter a própria obra num facto, numa acto, numa acção revolucionária» (Cinema fora do sistema, entrevista com Godard em Cinema Arte e Ideologia -- antologia de A. Roma Torres, pág. 257, ed. Afrontamento, Porto, 1975), Rui Simões, como muitos dos cineastas portugueses dessa época, serve-se da câmara como uma arma, algo que, na arte ou na cidadania, pode ser considerado imperativo ético e legítimo recurso: Godard e outros bem se esforçaram por o demonstrar e hoje em dia, como sempre, vários movimentos cívicos que se afirmam como idóneos e progressistas fazem cinema de intervenção. Em língua inglesa cabe na designação, mais lata, de cinema político.
O documentário Bom Povo Português ilustraria, como pano de fundo, realidades invocadas por outros filmes portugueses também presentes, em 1980, no 9º Festival Internacional da Figueira da Foz: realidades do passado, anteriores à Revolução dos Cravos, invocadas por Cerromaior (filme) e Manhã Submersa e outras, relacionadas com a revolução, aludidas por A Culpa, Verde por Fora, Vermelho por Dentro, Kilas, o Mau da Fita e Oxalá.

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