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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 1 de novembro de 2015

A lenda do judeu errante

Local: MOGADOURO, BRAGANÇA

O Mestre, acompanhado dos doze, tinha tido um dia extenuante, de forte canícula, pelos caminhos da Palestina. A sede era muita. Há um ditado que diz que “a fome entristece mas a sede enfurece”. Todas sabemos por experiência própria que é assim. Jesus, talvez pressentindo a sede que iria sofrer na Cruz, sentiu-se desfalecer. Ao passar diante da casa de um rabino judeu, não podendo mais, pediu humildemente: 

 — Deixai-me repousar um pouco no teu pátio e dai-me uma cânfora de água, que estou a morrer de sede! Já percorremos hoje muitas léguas e não encontramos uma fonte para molhar a boca! 
 O rabino olhou de soslaio para Jesus e retorquiu: 
 — Não estou para dar pousada a vagabundos e vadios. E a água custa-me muito ir buscá-la ao Rio Jordão. 
 — Eu não sou vagabundo nem vadio. Ando a ensinar ao mundo a Lei da Caridade e do Amor. 
 — Qual Amor nem qual carapuça? A nossa lei é: olho por olho e dente por dente. Portanto, toca a andar e sai da minha vista, antes que te enxote como a um cão. 
 — Sim, vou-me embora, mas, em teu castigo, por não teres saciado a sede ao Filho do Homem, que passou pela tua porta, desfalecido, também tu caminharás, sem descanso, até ao fim do mundo, por todos os caminhos, sem nunca teres descanso, e sempre atormentado pela sede. 
 O rabino sentiu uma força misteriosa que o impeliu a caminhar, e nunca mais parou, arrastando por todos os cantos do mundo, de noite e de dia, o seu triste fadário. 
 Tal como acontece com outras figuras lendárias, há quem afirme ter encontrado o judeu errante, por acaso, maltrapilho e de grandes barbas, encostado a um bordão, parando só de vez em quando junto de alguma fonte para tentar matar a sede que constantemente o aflige, a fim de se lembrar da sua recusa em dar um copo de água ao Nazareno, que lhe bateu à porta.

Fonte:OLIVEIRA, Casimiro Raízes: Poesia, Contos e Lendas Mogadouro, Associação Cultural e Recreativa de Soutelo, 1998 , p.71-73

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