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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

A Emigração do Nordeste Transmontano para o Brasil no início do século XX

1. DADOS QUANTITATIVOS DE PORTUGAL CONTINENTAL E DO DISTRITO DE BRAGANÇA FACE AO BRASIL COMO DESTINO DA EMIGRAÇÃO
As trajectórias dos emigrantes nordestinos não diferem muito em relação às preferências dos emigrantes de Portugal continental, apesar de apresentarem aspectos de conteúdo específicos. A América é o continente que absorve o maior número de emigrantes, cerca de 564 333 indivíduos, 93,27% de um total de 605 034. Dentro deste continente destaca-se o Brasil (tabela n.º 1) que, só por si, absorve 519 989 emigrantes (85,28% do total), apresentando para estes dois decénios valores consideráveis no continente e perante outros continentes.

Joel Serrão retrata bem este movimento: “chusmas de indivíduos ansiosos por melhor sorte demandam na longa travessia do Atlântico, (...) aos portos do Novo Mundo, donde a esperança lhes acenava”1.
Comparando a emigração com destino ao Brasil de Portugal continental e do Distrito de Bragança, podemos concluir que os valores absolutos e percentuais de ambas as regiões são significativos. Nos dois primeiros decénios do século XX, a percentagem do distrito foi superior, já que, num universo de 48 160 emigrantes, 93,59% (45 071 indivíduos) se deslocaram para aquele país. O valor percentual é notório: 93,58%, atendendo à escala e dimensão demográfica do distrito (população de facto), calculada segundo os censos da população para 1900 com 185 162 indivíduos, para 1911 em 192 024 e em 1920 com um
decréscimo para 170 302.
Os valores relativos às TBE (Taxa Bruta de Emigração) distrital e continental são também dignos de menção, respectivamente para 1901-1911, 9,69‰ e 5,14‰; para 1912-1920, 17,20‰ e 6,09‰.
As TBE do Distrito de Bragança apresentam valores, em permilagem, superiores aos de Portugal continental, ilustrando, pois, a saída em massa de muitos nordestinos.
No conjunto da comunidade emigrante portuguesa do Brasil, no período 1901-1920, 8,73% é ocupada pelos emigrantes nordestinos. O ano de 1912 é decisivo em termos de valores absolutos para Portugal continental e Distrito de Bragança, tanto para o total dos destinos, 77 745 indivíduos e 11 532 respectivamente, bem como para o caso concreto do Brasil, 72 245 e 11 151 emigrantes, respectivamente. Em termos percentuais, o ano de 1908 é marcante tanto para o Continente como para o Distrito de Bragança. A percentagem dos que se deslocam para o Brasil corresponde, respectivamente, a 97,57% e 98,66% dos emigrantes.
No conjunto da comunidade portuguesa no Brasil, o ano de 1912 absorve 15,43% de emigrantes nordestinos, valor máximo, seguido de 13,49% para 1913. Apenas os anos de 1903, 1906, 1909, 1910 e 1911 se apresentam, para o Distrito de Bragança, com valores percentuais inferiores aos do continente, no tocante ao volume de emigrantes que se deslocam para o Brasil. Curioso também verificar que a partir de 1916 até 1920 a diferença ultrapassa os 20%. A 2ª década do século concentrou a maior percentagem, na qual o ano de 1912 “recolheu os louros” com 11 532 emigrantes. As expectativas que a 1.ª República
alimentara traduziram-se, inversamente, num volume considerável de emigrantes, que alheios a pressões políticas, porque “massa anónima”, abandonaram a terra natal. Apenas a insegurança do período bélico de 1914-1918 contrariou, temporariamente, este fluxo já que, logo a seguir, se transformou num verdadeiro factor de angariação de emigrantes.

1 SERRÃO, 1974: 113

Por: Maria da Graça Lopes Fernandes Martins

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