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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Algumas Lendas da Torre de D. Chama

A sineta dos mouros

Versão A:

Diz a tradição que, onde hoje se encontra a vila de Torre de Dona Chama, habitou outrora uma princesa moura que mandou construir uma torre num morro, de onde avistava tudo à volta. E na torre colocou uma sineta com a finalidade de chamar para as refeições as gentes que trabalhavam nos campos.
Havia assim o hábito de, sempre que ouviam tocar a sineta, dizerem as pessoas:
– Vamos lá, que a dona chama!
E daqui nasceu o nome da povoação.
Mas as pessoas antigas também dizem que a moura vivia com uma criada que era muito faladora e que gostava de ir conversar com as pessoas da povoação. A patroa, quando dava pela sua falta, tocava a sineta da torre e então a criada dizia para as pessoas:
– Tenho que ir, que a dona chama!
Há quem diga que foi assim que nasceu o nome de Torre de Dona Chama.

Versão B (Dona Chamôrra):

Dona Chamôrra era uma princesa moura muito bela e rica, mas ambiciosa e má. Tinha o seu castelo no monte mais alto de uma povoação que ela dominava e onde os habitantes eram seus escravos, entregando-lhe todo o ouro que arranjavam no dia a dia. E para que não se esquecessem de subir ao monte a entregarem-lho, ela ia à torre do castelo e tocava três vezes num enorme gongo de ouro. O som ecoava nas redondezas e cá em baixo o povo dizia:
– Vamos, que a Dona Chama!
E assim a moura amontoava riquezas e mais riquezas no seu castelo, ao mesmo tempo que o povo passava fome.
Até que um dia o povo se cansou de tantos sacrifícios e, após reunião de todos, decidem revoltar-se contra a tirania da moura: deixaram de lhe levar mais ouro. Ela bem tocava no gongo, mas o povo... nada.
Ela então, incapaz de lutar contra todos, e adivinhando que a seguir lhe iriam buscar o ouro ao castelo, resolve vingar-se à sua maneira. Agarra no ouro todo que tinha e enterra-o num poço bem fundo com uma enorme pedra em cima. E ao lado abre outro poço e enche-o de peste, cobrindo-o com uma pedra igual. De maneira que os poços não se diferençavam.
Foi depois à torre do castelo, tocou três vezes para chamar o povo e disse:
– Vou desaparecer, mas vós nada lucrareis com isso. Quem tentar encontrar o poço onde está o ouro enterrado, arrisca-se a encontrar o poço de peste e, se tal acontecer, morrereis todos. Por isso, se pobres estais, pobres ficareis.
E o povo, conformado, retorquiu:
– Pelo menos, somos livres!
Diz-se que os poços ainda lá estão com as respectivas pedras em cima. E que ninguém se atreve a ir lá procurar o tesouro.

Versão C (O roubo dos burros):
Contavam os mais antigos que os mouros, noutros tempos, viviam na torre da vila e dali mandavam em todas estas terras à volta. A mulher do rei mouro, que era muito má, quando queria chamar as pessoas para que fossem trabalhar para ela, tocava uma sineta e as pessoas então diziam:
– A dona chama! A dona chama!
E destas palavras ficou o nome Torre de Dona Chama.
Um dia, o povo, farto de ser mandado pelos mouros, pediu ao rei cristão que viesse libertá-lo daquele jugo. O rei cristão veio no dia da festa da terra e resolveu pôr em prática um plano infalível. Mandou convidar o rei mouro para a cerimónia da bênção do pão, ao que este acedeu, comparecendo com toda a sua guarnição.
E, como a torre ficou então desprotegida, o rei deu ordens aos populares para que, enquanto decorriam as cerimónias, fossem lá e roubassem todos os burros aos mouros que era a única cavalaria de que dispunham.
E, com esta cavalaria, o povo ganhou a batalha, tomou o castelo e expulsou os mouros da povoação.

Fonte – versão A: Inf.: Maria Beatriz Pires Pereira, 52 anos; rec.: Vilar de Ouro, Mirandela, 2001. Fonte – versão B: Inf.: Ana Maria Bernardo, 45 anos; rec.: Torre de Dona Chama, Mirandela, 2001.

Fonte – versão C: PARAFITA, Alexandre – “Ritualização da guerra em Trás-os-Montes – O roubo dos burros”, in Revista Loa, n.º 19, Março 2004, Bragança, N-Meios, p. 5.

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