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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 29 de outubro de 2016

Notícias da aldeia

Por: Fernando Calado
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Algures a nordeste é assim…o tempo corre sem pressa no fatalismo dos ciclos que se repetem sem nada de novo…tudo igual. Agora são as vindimas…fazer o vinho… adega domingo à tarde com os amigos e conhecidos de circunstância…e como a conta do outro que seja rico quem quiser!
Depois faz-se a sementeira…só por causa do subsídio…mata-se o porco e logo é Natal… come-se o polvo e o bacalhau… vai-se à Missa do Galo… que vida boa!
Lenha à farta… lume grande e que os Invernos passem devagar no consolo da lareira… assam-se duas castanhas no borralho e come-se o porco que já repousa na salgadeira… tanto se me dá que neve…como que chova!
Depois, alguns morrem…muitos… de velhice e doenças…muitas…mas que se há de fazer…toda a vida se morreu!
Arrastam-se com o reumatismo… embrulham-se em samarras e xailes que duram uma vida…e lá vão andando gemendo e mancando! 
No Verão, às vezes, vêm os filhos da emigração… coitados também não podem vir sempre… mas gostam muito dos pais e da sua aldeia.
…logo é Verão é preciso dar para a festa e para o Sr. Padre que ele, coitado, também tem que se governar…vai-se à procissão…dança-se no terreiro… as bailarinas do conjunto são bem boas!
A autoestrada rasgou o Nordeste…para a intenção que eu tenho de andar nela!
... e os que mandam em Lisboa a rirem-se... como se não existíssemos… contentinhos com a boa e hospitaleira gente do nordeste... em dia duma inauguraçãozinha! 
...olha que pintem a manta!
… haja saúde e coza o forno!
Só que cada vez há menos saúde!... e o forno… não coze sozinho! 
…a sério… já não há paciência!... a sério!


Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”. 

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