Os deputados do Bloco de Esquerda dedicaram dois dias às Jornadas Parlamentares que se realizaram em terras de Trás-os-Montes e Alto-Douro. A iniciativa, que decorreu na passada sexta-feira e no sábado, contemplou a visita a várias locais considerados importantes pelos bloquistas na região, quer por se tratarem de um bom exemplo a nível nacional, como é o caso da associação Leque, em Alfândega da Fé, quer por necessitarem de uma intervenção urgente, como é o caso da Escola Secundária de Mirandela ou do Complexo Agro-Industrial do Cachão.
No distrito de Bragança, os deputados passaram ainda pela linha do Tua, o Hospital de Bragança e o Parque Natural do Douro Internacional.
A realização destas jornadas em Trás-os-Montes era “uma dívida antiga do partido”, já que aconteceu pela primeira vez.
O deputado Pedro Filipe Soares considera que esta é a altura ideal para alertar o país para os problemas da interioridade. “Fizemos estas jornadas em Trás-os-Montes e Alto Douro com o intuito de chamar a atenção do país no momento em que se discutem as escolhas principais, que é a discussão do Orçamento de Estado para os problemas da interioridade e como o investimento público, através dos serviços públicos, pode ser essencial para ultrapassar alguns problemas da interioridade. Tentámos chamar a atenção do país para o facto de a interioridade fica agudizada sempre que não há um investimento público capaz de ser garante de defesa das populações do interior”, frisou o deputado.
O primeiro dia das jornadas, arrancou com uma viagem de comboio, com todos os deputados, entre a Régua, no distrito de Vila Real até à estação ferroviária de Foz Tua, já no distrito de Bragança.
Uma viagem que pretendeu alertar para várias necessidades desta linha e a importância de canalizar fundos comunitários para investir na mesma. Na opinião dos bloquistas, a Linha do Tua deveria ser reintegrada na rede nacional.”Em primeiro lugar, nós defendemos a electrificação completa da Linha do Douro. Isso garantiria melhores ligações a essa linha. Defendemos ainda o reforço do material circulante, o que levaria também a um reforço dos horários existentes actualmente. Sabemos que há um problema de investimento, de falta de dinheiro, mas sabemos também que, do ponto de vista europeu, está a ser discutida a distribuição de um conjunto de fundos comunitários que podem ser aplicados neste Plano Ferroviário Nacional. Queremos que, para além dos investimentos na Linha do Douro, exista uma valorização da Linha dó Tua, que seja recolocada na rede Nacional”, acrescentou Pedro Filipe Soares.
Já no Hospital de Bragança, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, frisou a necessidade de dar autonomia aos hospitais e centros de saúde para substituir os profissionais que estejam em falta e de restruturar a dívida que representa um valor equivalente à despesa do Estado com a saúde.“Terá que ser dada autonomia para poder substituir cada profissional que falte no Serviço Nacional de Saúde, seja por reforma, por licença sem vencimento, baixa médica, licença de maternidade ou paternidade… Para que se possam substituir médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar que falta… Vamos apresentar esse projecto, já no inicio da semana, na Assembleia da República. Há também o problema maior da falta de meios no Serviço Nacional de Saúde. Nós lembramos que gastamos tanto em juros da dívida pública como gastamos em todo o Serviço Nacional de Saúde. È preciso pensar seriamente numa solução para o nosso país e para este estrangulamento, que passa pela reestruturação da dívida”, declarou Catarina Martins.
E em Mirandela o Bloco de Esquerda reafirmou a importância da retirada dos resíduos incandescentes que estão depositados no Complexo Agro-Industrial do Cachão, sublinhando que, apesar de os deputados bloquistas já terem questionado o governo sobre esta situação, ainda não há uma solução à vista.
Já durante a visita à Escola Secundária da cidade do Tua, a deputada Joana Mortágua, disse não compreender o porquê da demora no avanço das obras de requalificação desta instituição de ensino, há muito reclamadas. “Visitamos a escola e apercebemo-nos de alguns problemas. O maior é a necessidade de uma requalificação profunda. Chove nas salas e aquilo não é o ambiente físico em que nós queremos que os nossos jovens estudem… Aquela escola pertence ao grupo de escolas cuja recuperação até esteve mais ou menos pensada mas que depois foi congelada pelo governo do PSD/CDS”, constatou a deputada.
O Bloco de Esquerda promete agora acompanhar o processo de intervenção nesta escola e empenhar-se para que seja uma realidade o mais breve possível.
As Jornadas Parlamentares do Bloco de Esquerda decorreram numa altura em que Orçamento se prepara para ser discutido e votado na generalidade, na próxima quinta e sexta-feira.
Escrito por Brigantia
Sara Geraldes
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