A mãe de Carlos Neto faleceu cedo de mais e ele teve que ajudar o pai nos ofícios. Até ir para a tropa conheceu todos os campos que rodeavam Lagoaça, por onde andou com o gado e onde ajudava o pai nas lides da agricultura, não havia preferências, fazia o que aparecesse, diz.
Depois de se alistar na Marinha embarcou para Moçambique onde esteve ano e meio. Até à Independência. “Andávamos no mar na costa toda de Moçambique, do Norte a Lourenço Marques, agora é Maputo, e o nosso trabalho era no cargueiro auxiliar da marinha de guerra, levávamos as tropas que iam daqui do Continente que iam daqui até Aveiro, de barco e nós com o outro barco é que as levávamos por mar até ao norte de Moçambique e vice-versa, quando acabavam no Norte trazíamo-las para Aveiro”. Soube da Revolução de Abril dentro de um barco quase em segredo e confessa que não percebeu muito bem do que se tratava. Os tempos por Moçambique eram iminentes e Portugal estava cada vez mais longe.
Carlos Neto acabaria por regressar e ingressou na GNR. Depois de fazer serviço pelo país ficou em Figueira de Castelo Rodrigo mais de vinte anos como efetivo, até à reforma. “Nunca fui apologista de vir aqui próximo da terra por causa dos amigos”. Regressou a Lagoaça, “à terra de que mais gosta” há 15 anos e por lá vê os seus dia. Estabeleceu-se na agricultura e é Tesoureiro na Junta de Freguesia onde diz que “tem que se atender às pessoas da melhor forma possível e resolver os assuntos”. Daqui consegue ver as necessidades da aldeia que sobretudo culminam na falta de jovens. Esses que desde cedo fogem para onde o futuro não seja tão incerto... Lagoaça por enquanto vai sendo “um deserto”, diz, ou calmaria como quando se vê de longe o voo da águia no Miradouro da Cruzinha.
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