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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Equipa feminina de futebol de aldeia transmontana quebra preconceitos

Em Trás-os-Montes jogar à bola não é só para rapazes. Uma equipa feminina de verdadeiras mulheres de "armas" está a militar, pelo 2º ano consecutivo, no nacional de Juniores. Mas não tem sido fácil.
O ano passado, jogaram com as cores dum clube da cidade de Bragança. No final da época "chutaram-nas" literalmente para fora de campo. Este ano, e para poderem competir, reativaram uma associação com 23 anos de vida, numa aldeia do concelho.

Só têm um treino por semana e o único patrocínio é duma padaria. Fazem das fraquezas, força. Todas as semanas chegam raparigas novas aos treinos.

"Hoje temos mais duas raparigas novas. Vêm com o "pé atrás". Elas dizem todas que não sabem jogar e depois revelam-se em campo. É sinal que estamos a quebrar o preconceito". A satisfação é de Alexandra Pires, presidente da Associação Cultural e recreativa da aldeia de Paredes: "Estava criada já há 23 anos mas não tinha dado início de atividade. Através dela criámos condições para elas entrarem no campeonato".

Alexandra assiste a um treino no início da noite de segunda-feira gelada em Bragança. O único dia da semana que treinam. "Não temos campo! Nós precisávamos de outro dia para treinar mão não há campo para nós", diz um pouco desiludida e à pergunta se não há campos em Bragança responde: "Em Bragança há mas não há horários para nós".

É por isso e por tudo o resto que a vida deste clube "recém-nascido" não tem sido fácil, acrescenta Alexandra Pires. "Está a ser difícil. Temos muitos entraves. Campo, transportes, porque elas são meninas de Alfândega da Fé, Mirandela ou Vinhais e Bragança e acaba por nos criar também muitas condicionantes."

É o caso de Marta Baptista. Todas as segundas-feiras, ela e mais duas colegas vão de autocarro de Mirandela para Bragança só para treinarem. São 70 quilómetros. Para voltarem para casa alguém da família tem que ir buscá-las porque não há transportes de volta. Marta tem 16 anos. Quer muito jogar futebol." Estamos no século XXI e há muitas raparigas que gostam de praticar a modalidade que poderá ter sucesso. Acho que isto poderá ser o meu futuro e quero seguir com isto para a frente," conclui.

Uma paixão que também se apoderou, desde pequenina de Tatiana Caseiro. Tem 17 anos. Ela e a irmã de 15 são de Alfândega da Fé, a cerca de 80 quilómetros de Bragança. Pediram aos pais que as matriculassem numa escola da capital de distrito. Moram num lar. Dentro do campo sentem-se livres. "Porque dentro do campo esquecemos todos os problemas". Diz ter duas opções para o futuro, "ser jogadora profissional ou jornalista". Acrescenta que os pais delas se "sentem orgulhosos mas é um bocado chato principalmente ao fim de semana porque temos jogo" e não podem estar muito tempo com eles.

Os pais são uma peça importante para a equipa. Ajudam no que podem. Mário Alves é de Vinhais. A filha tem 13 anos. Às segundas - feiras vêm duas de lá. Ida e volta são 70 quilómetros. "Costumo trazer a minha filha e outra miúda, aos treinos, aos jogos. Quando não posso vem a mãe da outra trazê-las." E acrescenta que "é uma paixão o que ela tem pelo futebol".

As cerca de 20 miúdas que aqui estão têm idades entre 13 e 16 anos. Competem no escalão sub19 com mais nove equipas de toda a zona norte. O ano passado ficaram em terceiro. Este ano à entrada para a segunda volta estão em quinto. A escola de línguas Lencaster de Bragança apoiou-as com dois equipamentos e o único patrocínio vem da padaria Argozelense. Cristina Alves, tesoureira, fala dos apoios. "Poucos ou nenhuns. Nós temos insistido bastante e temos lutado, temos tentado contactar as entidades que estão diretamente ligadas ao desporto mas as portas não se têm aberto com nada".

Mesmo não tendo os apoios necessários a equipa de futebol feminino da Associação da aldeia de Paredes vai continuar a fintar o destino. Até porque há meninas e muitas prontas para se fazerem campeãs... a última a chegar à equipa foi a Ana Margarida. Tem sete anos. "Gostava de ser rapaz!" Diz cabisbaixa. "Gostava de ser rapaz porque assim podia jogar futebol e eu gosto muito". Ali, num pequeno espaço do campo treina com o Chico, com o Diogo, a Sara e com uma amiga chamada Benedita.

Afonso de Sousa
TSF

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