As máscaras que saem das mãos do transmontano Carlos Ferreira podem ser encontradas não só em Portugal, mas também em países como Espanha, França ou Estados Unidos da América, onde são apreciadas por colecionadores ou decoradores.
"Estamos num território [Nordeste Transmontano] onde a máscara representa um casco cultural identitário. Contudo, há cada vez menos artesãos jovens a trabalhar nesta arte ancestral. Por esse motivo, decidi dedicar-me a este trabalho, que encaro como uma terapia antidepressiva", explicou o artesão à agência Lusa.
Em resultado desta "terapia" singular adotada por Carlos Ferreira têm surgido ao longo destes anos máscaras "únicas".
De um simples pedaço de madeira, colhido nas matas nordestinas, poderá sair uma máscara solsticial, uma máscara com traços asiáticos ou uma máscara de feições demoníacas, mas sempre com o cunho pessoal do artesão e traduzindo sentimentos de alegria, tristeza ou espelham alguma sátira.
"Todas as máscaras que elaboro têm um nome e um número de ordem, bem ao jeito do cartão de cidadão. Todo o processo está informatizado e catalogado para, de futuro, haver um registo do que foi feito", enfatizou.
Os nomes são escolhidos a preceito: Cornudo, Chino, Serpenteiro, Berrão, Beche, Prouíta, Maronesa, ou Bísaro, entre outros.
É certo, garante o artesão, que para fazer uma boa máscara é preciso saber escolher uma boa madeira e ter as ferramentas adequadas e afiadas, aliados de quem trabalha nesta arte secular.
"Uma boa madeira com as características adequadas é a base de uma boa máscara, "observou.
Carlos Ferreira é também adepto da partilha, utilizando as redes socais para a divulgação dos seus trabalhos e para a possibilitar a análise das suas obras por outros construtores ou investigadores da máscara.
"A temática das máscaras tem vindo a ganhar uma nova dinâmica no panorama nacional, fruto da troca de conhecimentos e do surgimento de novos certames que de dedicam a esta temática, um pouco por todo o lado", acrescentou.
O artesão/mascarilheiro disse que a região fronteiriça tem vindo a promover encontros de mascarados e que estão a trazer a palco elementos que estavam "perdidos" no tempo.
Desde chocalheiros a caretos, ou outras figuras demónicas, ainda em uso na Península Ibérica, são elementos de destaque nesta quadra natalícia.
Nesta altura do ano, as máscaras solsticiais, assumem um papel de relevo nos 12 dias que vão do natal até aos reis.
O artesão natural de Sendim, no distrito de Bragança, também faz máscaras exóticas, orientais ou de sátira política, onde não falta uma dedicada ao Presidente dos EUA, Donald Trump.
Para Carlos Ferreira, a máscara é como uma segunda pele da cara: desde os primórdios, onde houver homem, há máscara.
Agência Lusa
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