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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 30 de dezembro de 2017

O PERIGO DA FAMILIARIDADE EXCESSIVA

Por: Humberto Pinho da Silva
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."
Estando certa tarde de domingo, a conversar com amigo, este, a determinado momento, saiu-se com esta: “ Sempre que me torno amigo de alguém, perco, para ele, metade do valor. Passa a duvidar de tudo, que: penso, digo e afirmo.”
Opinião, que apenas concordo, em parte, fez-me lembrar o que disse a grande fadista Amália Rodrigues, em declaração ao semanário “ SETE” (01-11-83): “ Agora leio pouco, porque, ao conhecer os autores das obras, tinha muitas desilusões…”
O escritor, o poeta, o cronista, perde encanto, até respeito, logo que se torna amigo do leitor.
A familiaridade retira valor a quem escreve.
Para os que convivem, diariamente, com ele, e partilham os mesmos utensílios, o intelectual, não passa de ser excêntrico; um preguiçoso. (Como dizia criada de Herculano, por o ver sempre a ler e a escrever.) Um desadaptado incorrigível.
Se há, por vezes, nos familiares: orgulho e vaidade, por se verem aparentados com o autor do livro, que se encontra no escaparate do livreiro, existe, igualmente, a reprovação: por passar horas a fio, de pena na mão, a ler e a rebuscar apontamentos, entre montes de papéis, em lugar de conviver com a família e amigos, à mesa da cafetaria.
Amália Rodrigues afirmava várias vezes: que ao ler as letras das canções ficava admirada com o talento do autor, e fantasiava-o, esbelto e cortês.
Levada pela curiosidade, procurava conhecê-lo pessoalmente, mas na maioria das vezes, sofria grandes desilusões, até desgostos profundos.
No memorial de Clarissa – personagem querida de Erico Veríssimo, – em “ Música ao Longe”, esta diz: que sofreu séria desilusão, ao verificar que o famoso poeta Paulo Madrigal, que imaginara elegante e gentil, não passava de pobre diabo, caixeiro-viajante, de indesejáveis tiques nervosos.
Ao invés da lei da perspectiva, o intelectual, torna-se grande, quando está longe. O escritor parece-nos mais talentoso, quando nos é inacessível, e vive em longe paragem.
O mesmo acontece às instituições e Universidades.
Como o crente, que percorre léguas, em demanda de santuário mariano, para pedir a graça, que necessita (esquecendo que Maria tanto está lá, como na sua paróquia,) também, alguns licenciados, procuram obter mestrado e doutoramento em longínquas Universidades, olvidando, que, por vezes, os professores onde estudou, são mais competentes, e saberiam apreciar melhor a tese, do que aqueles.
Mas a distancia, a língua estranha, a fama, leva-os a pensar: graduando-se na sua Universidade, entre os que foram companheiros e professores, não tem o mesmo valor…
Infelizmente, a sociedade, também pensa assim:
Conheci jovem, que se formou numa Universidade portuguesa. Quando começou a procurar emprego, logo verificou, que os preferidos eram os candidatos graduados na América e Inglaterra.
Os selecionadores – em regra, não conhecem a Universidade, onde o candidato obteve o mestrado, – mas impressionam-se, ao verificar, que o certificado apresentado, está passado em inglês…
Bacoquice?! Certamente que sim; mas o que havemos de fazer?! O mundo é assim… e quem quer singrar, tem que obedecer às “ leis” que vigoram.

Humberto Pinho da Silva, nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA.Foi redactor do jornal: “Notícias de Gaia"” e actualmente é o responsável pelo blogue luso-brasileiro: " PAZ".

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