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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

HÁ DE TUDO…COMO NA BOTICA

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."
Ao ouvir, na TVI, o caso das crianças adotadas por dirigentes da IURD, lembrei-me de pobre-diabo, que conheci no Café “ Chave D’ouro”, no Porto.
Certa tarde – já lá vão décadas, – achei-me a conversar com evangelista, que se intitulava: pastor.
Animado pela conversa, começou a contar-me um pouco da sua vida. Era operário da construção civil. Mais por brincadeira, do que por convicção – pois até era de esquerda, – inscreveu-se na “Legião”.
“ Diziam que era bom, e obtinha-se vantagens…” rapidamente verificou que, dessa atitude, nada ganharia… “ ainda se fosse funcionário publico! …Talvez….”
Passou a frequentar o culto numa Igreja Evangélica, e como verificasse que havia membros que recebiam “ regalos”, logo tentou ocupar lugar visível.
Conseguiu ser leitor. “ Pouco ou nada obti, mas ganhei experiência, e conheci gente, que me foi útil…“
Depois… passou para nova Igreja, de denominação diferente, até que teve a felicidade de ser escolhido para ir a congresso, que se realizou em Londres. “ Pagavam as viagens e deram-me estadia, em casa de irmão…”
Quando regressou, teve conhecimento, que havia padeiro, que fora convidado para pastor, com o vencimento de seis mil escudos! …
Tentou ser sacerdote, mas, por escassearem-lhe dons oratórios, e sofrer de fobia, ao falar diante de grande assembleia, não foi aceite.
Assentou, então, criar a “ sua Igreja”. Alugou garagem, e convenceu alguns membros a acompanha-lo. “ É grupinho pequeno, mas temos ranchinho de catraios. Recebo, de Londres, folhetos e livrinhos, e dou-lhos. Ficam tão contentes! …”
Andava, então, a oferecer, a várias Igrejas, os seus serviços, na esperança que alguma aceitasse o “ grupinho”, em troca de salário, que servisse para aumentar a renda! …
Nunca soube se chegou a conseguir a almejada renda.

***

Estando em Roma, instalado em aposentos de Faculdade, da Católica, conheci frade franciscano, transmontano, que me contou: indo de férias, a Portugal, fora contactado para pastor de seita, oferecendo-lhe bom vencimento. Dinheiro que vinha da América. Não aceitou, porque estava na Ordem, por convicção.
Também, nessa ocasião, conheci, na via Merulana, pobre monge, de hábito remendado e puído, que me foi apresentado como verdadeiro discípulo de S. Francisco.
Dizia-me o “ fratello”, à puridade, que o apresentou: “ Esse sim, é um santo! …Bom era que todos nós fossemos como ele! …”
Devo esclarecer, em abono da verdade, que há, em todas as Igrejas, mesmo nas seitas, gente boa e santa.
Conheço pastor, licenciado, que recusou remuneração da Igreja, porque consegue viver com o que usufrui de seu emprego. E não é caso único…
Há de tudo – costuma-se dizer, – como na botica. Quem vê caras, não vê corações…Só Deus conhece o que pensa o coração de cada um.
Na religião, na política e também no desporto, como as portas estão abertas, entra toda a espécie de pessoa; por mais escolhas que se faça, há sempre “joio”, na rede.
Dizia minha prima Rosinha, quando falavam da má conduta de sacerdotes:” Para mim, o que interessa, é o que fazem no altar! O resto, é com eles!”
E tinha razão…Já Jeremias avisava: que o Senhor aconselhava a não confiar nos homens – Jr.17:5

Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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