Um doente que recorra aos serviços de urgência do distrito de Bragança durante a noite tem agora a garantia de que os medicamentos que lhe são prescritos estarão disponíveis e com a possibilidade de lhe serem levados a casa gratuitamente.
Os novos serviços surgem no âmbito do projeto SAFE - Serviço de Assistência Nacional Farmacêutica, anunciado em julho pelo Ministério da Saúde, e que começou a funcionar esta semana envolvendo as entidades ligadas à Saúde e todas as farmácias deste distrito, que é o primeiro de Portugal a experimentar este projeto.
O doente só precisa de um telemóvel para saber qual a farmácia que tem disponível os medicamentos que lhe são prescritos nos serviços de urgência, podendo optar por aquela onde pretende aviar a receita ou pedir que lhe seja entregue ao domicílio.
O projeto destina-se apenas a medicamentos prescritos durante o período noturno, em contexto de urgência, nos quatro serviços existentes na região, nomeadamente as urgências médico-cirúrgicas de Bragança e Mirandela, e as básicas de Macedo de Cavaleiros e Mogadouro, segundo disse à Lusa a diretora clínica da Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste, Eugénia Parreira.
A ULS do Nordeste e as farmácias de todo o distrito entram "como os organismos para a implementação do projeto, com o apoio da ARS (Administração Regional de Saúde) do Norte, dos serviços partilhados do Ministério da Saúde e da Associação Nacional de Farmácias para a operacionalização no terreno.
Este serviço funciona todos os dias entre as 21:00 e as 09:00 e domingos e feriados durante 24 horas.
A ULS do Nordeste elaborou uma lista com os 14 medicamentos mais prescritos nos quatro serviços de urgência e que vão de antibióticos a antipiréticos, anti-inflamatórios, anti-histamínicos, antieméticos.
Para o serviço funcionar, o doente tem de ter disponível um telemóvel, no qual vai receber uma mensagem, quando lhe é prescrito, nas urgências, algum destes medicamentos, tendo depois de ligar para o número gratuito 800241400.
O atendimento é feito por farmacêuticos que irão dar a indicação de quais as farmácias de serviço (turno) ou em disponibilidade que tem o medicamento disponível e o doente pode optar pela mais próxima da sua residência, por exemplo, e também pedir que lhe seja entregue ao domicílio a custo zero.
O que é importante neste novo serviço, na opinião da farmacêutica Rita Domingues, "é a pessoa saber que vai ter o medicamento disponível" porque, como disse à Lusa, "a pior coisa que pode acontecer é uma farmácia não ter o medicamento que o doente precisa tomar e este ter de andar pata trás e para a frente".
Na farmácia de Vinhais, a cerca de 30 quilómetros de Bragança, onde faz muitas noites em serviço de disponibilidade (não presencial) já aconteceu "às duas ou três da manhã, um doente pedir um medicamento e não ter".
O projeto "SAFE" informa o doente das farmácias onde os medicamentos que lhe são prescritos estão disponíveis e simultaneamente faz uma espécie de reserva até chegar com a receita.
Para a distribuição ao domicílio foi criada uma equipa própria de motoristas com viaturas adaptadas e devidamente e com a identificação do projeto "SAFE".
A farmacêutica acredita que este "tem todas as capacidades para se tornar num projeto de sucesso", realçando a importância numa região com as características da de Bragança, onde as distâncias são grandes.
O projeto está "ainda na fase zero", indicou a diretor clínica da ULS do Nordeste, Eugénia Parreira, explicando que serão feitos ajustamentos no futuro, nomeadamente a nível tecnológico e na rede de ligação entre as entidades envolvidas.
Aos doentes, serão os médicos nas urgências quem vai explicar, nesta fase inicial, o que se está a passar, segundo ainda a responsável.
As partes envolvidas garantem que o mesmo não visa substituir nenhum serviço, mas complementar, em resposta à associação que está a ser feita na região entres este projeto e as alterações aos horários que podem deixar vários concelhos sem farmácia durante a noite.
A diretora clínica é também médica internista e garantiu que a experiência que tem é de que "80% ou mais" daqueles que recorrem aos serviços de urgência durante a noite "são indivíduos perfeitamente autónomos" sem dificuldade em lidar com as exigências do projeto.
De acordo com a médica, "há uma percentagem residual de indivíduos mais idosos, mas ou vêm acompanhados por familiares ou com um funcionário do lar e também há sempre um telemóvel que está disponível".
"Contrariamente ao que muitas vezes se pensa, pessoas muito idosas que venham durante esse período da noite sozinhas ao serviço de urgência e que não tenham grande apoio, são casos absolutamente residuais", afirmou.
Agência Lusa
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