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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 7 de março de 2018

Quartéis da tropa e guarnição militar em Bragança

Antigamente, a guarnição militar de Bragança não tinha quartéis próprios no sentido moderno desta palavra. Nas cortes de 1653 os procuradores de Miranda do Douro pediram para que os oficiais fossem obrigados a pagar renda das casas em que habitavam, ao mesmo tempo que os de Bragança instavam pela construção de quartéis nesta cidade.
Tais queixumes não foram atendidos, e os soldados continuaram a ser aboletados pelas casas da cidade, embora os quartéis em Bragança fossem feitos à custa do erário real, como se depreende da carta régia de 28 de Fevereiro de 1710 dirigida ao juiz de fora de Bragança.
Por ela se vê que a esta cidade recolhera um regimento de infantaria e alguma tropa de cavalaria inglesa, que andava na campanha desse ano, mandada aboletar pelo governador das armas da província de Trás-os-Montes em casas particulares de famílias, havendo de muros adentro da vila mais de duzentas casas desabitadas onde podiam perfeitamente morar, estando os quartéis já feitos e a estragarem-se por ninguém morar neles, e sendo que muitos oficiais e soldados tinham casa própria onde deviam ir viver.
Em vista disto, «os patrões prontificavam-se a pôr (nas casas vazias ou nos quartéis) camas e tudo o mais... só por se livrarem da opressão de os terem em casa três ou quatro meses com suas mulheres e filhos».
Por carta régia de 1 de Março de 1710 foram esses soldados mandados recolher aos quartéis e casas desabitadas, tudo mobilado pelos patrões, em harmonia com o que dispunha o regimento daquele tempo, indo para suas casas os que as tinham.
Pela carta régia de 16 de Outubro de 1719 vê-se que os de Bragança, passados os apuros da guerra e celebrada a primeira paz, fizeram doação dos quartéis a uma confraria das almas, e como nesse ano voltavam a experimentar nova opressão, vendo-se obrigados a receber os soldados em suas casas, pediam para serem concertados à custa da real Fazenda os quartéis ou feitos outros de novo em Bragança e na cidade de Miranda.
Foi-lhes respondido: que, se queriam livrar-se de tal incómodo, deviam à sua custa dar, em condições de serem habitados, os antigos quartéis ou fazer outros de novo, e quanto a Miranda que «como nunca os houve n’ella no tempo da guerra, se não devia fazer esta despesa no tempo da paz em que é menos necessária».
No verso do documento que vamos seguindo há a seguinte nota:
«Adverte-se para o tempo futuro que só os homens de nação (judeus) desta cidade fizeram o tal requerimento, tem varias vezes composto e reparado á sua custa os taes quarteis que são os das Eiras do Collegio, concorrendo todos para a despeza; porquanto esta cidade tem privilegio para não dar quartel para a guarnição ordinaria, porque no caso que seja necessario deffender a praça e por esta causa vir maior numero de tropas se hão-de aquartellar por todo o povo, pois vem defender vidas e fazendas de seus moradores e deffender a praça del-rei a que todos estão obrigados e se pratica assim em tempo de guerra».
No entanto, Bragança, talvez baseada neste privilégio, não fez caso de concertar os quartéis, chegando até a recusar-se a dar bolêtos para os soldados; por isso, em sua carta de 6 de Outubro de 1732, o conde de Alvar, governador das armas da província, trovejando furioso contra a Câmara, dizia-lhe: «que quando em o termo de tres dias, ou não metão mão á obra do concerto dos quarteis os moradores de Bragança; ou em falta deles não aquartellem os soldados e cavalos fassa vir á minha presença todos os officiaes da Câmara a responder-me da execranda dezordem, e temeraria ouzadia com que dezobedecem à Real ordem de Sua Magestade, com advertencia que não fará vir o juiz de fóra e só lhe fará intimar da minha parte que se não obedecer à Real ordem de Sua Magestade em materia tam importante ao seu Real Serviço, uzarey com elle d’aquellas severas demostrassõens que pelos Reaes Regimentos me são permetidas athé imprazamento á côrte, se o cazo o pedir».
Caramba! Bem se vê que eram tempos d’El-Rei Nosso Senhor!
Estes quartéis em que temos falado eram na praça das Eiras, também chamadas Eiras do Arcebispo, depois Eiras do Colégio (dos Jesuítas) e ultimamente largo ou praça de Camões, onde está hoje o teatro de Camões e a casa da Associação dos Artistas. Da sua estada ali ficou o nome à rua próxima ainda hoje chamada dos Quartéis.
Eram de cavalaria. Os de infantaria, pelo menos no tempo do Governo do conde de Alvar, em 1734, eram no forte de S. João de Deus, concertado para esse fim nessa ocasião; e, como nesse ano a cavalaria era muita em Bragança, uma companhia foi aquartelada no lugar de S. Pedro, a uma légua da cidade. Os actuais quartéis de infantaria 10, intramuros da cidadela, foram mandados construir em 1800 pelo tenente-general Manuel Jorge Gomes de Sepúlveda.



Memórias Arqueológico-Históricas
do Distrito de Bragança

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