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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Testemunhos vivos das "memórias do salto" no Museu Abade de Baçal de Bragança

A década de 1960 ficou marcada na raia transmontana pela fuga da população, à procura de uma vida melhor em viagens clandestinas por fronteiras fechadas, cujas memórias o Museu Abade de Baçal de Bragança expõe a partir de sexta-feira.
Passagem de emigrantes portugueses
 clandestinos nos pirenéus em março de 1965
São as "Memórias do Salto" com testemunhos vivos reunidos em 74 entrevistas a diferentes intervenientes, desde o engajador, ao passador, ao Guarda Fiscal, à PIDE e emigrantes que passaram a fronteira a salto rumo a França, à mercê de todos os perigos, e que permitem contar agora, com um olhar contemporâneo, a história da emigração clandestina.

"E são histórias, muitas vezes, duras, mas que nós queremos contar a partir do protagonista. Somos nós que damos voz ao protagonismo. É inserir não o documento, mas a pessoa no contexto museológico", como resumiu à Lusa Ana Maria Afonso, a coordenadora científica do projeto e diretora do Museu Regional do Abade de Baçal.

A responsável desafiou, há dois anos, uma estagiária a apostar neste tema ainda por explorar e a Associação dos Amigos do Museu reuniu os parceiros e promoveu a candidatura a fundos comunitários que assegurou cerca de 100 mil euros para a sua concretização.

Durante um ano, uma equipa de investigadores foi à procura dos protagonistas em seis concelhos do Nordeste Transmontano e recolheu mais de 70 testemunhos em Bragança, Vimioso, Vinhais, Miranda do Douro, Mogadouro e Macedo de Cavaleiros.

As histórias contadas na primeira pessoa vão poder ser ouvidas, com suporte digital, na exposição que abre ao público, na sexta-feira, no Museu Abade de Baçal, e que integra um programa para o fim de semana que contempla também, no sábado, um congresso com especialistas nacionais e estrangeiros, e um ciclo de cinema, no domingo, sobre a temática.

"Não havia outra maneira de fazer uma vida melhor" é uma das frases que ilustra a história daqueles que passaram a fronteira a salto no período entre 1954 e 1974, retratado neste trabalho e que está também a ser divulgado em página da Internet.

O projeto, disse Ana Maria Afonso, "recupera a voz e o corpo destas pessoas que contam a sua história na primeira pessoa" e é "uma forma de salvaguardar um património imaterial e de o inserir em contexto museológico"

"E também é um projeto pioneiro para nós, porque vai dentro da missão do Museu Abade de Baçal, que hoje têm (os museus) de ser instrumentos sociais ao serviço da comunidade e dar voz aos que não são ouvidos", acrescentou.

Todas as histórias recolhidas a surpreenderam: "primeiro pela dureza e depois por saber que muito eram presos, o tempo que passavam muitas vezes sem comida, de noite, levando crianças ao colo, pessoas que adoeciam e que muitas vezes os passadores abandonavam".

"Qualquer uma é dura e é de uma realidade que nos choca, mas também que, depois, muitas vezes, nos leva a histórias felizes", resumiu, indicando que, com a ida ao terreno, também "há muitas histórias que são desconstruídas", nomeadamente alguns mitos que prevalecem sobre a emigração clandestina.

As viagens chegavam a durar 12 dias por caminhos que, muitas vezes, nem aqueles que os fizeram se lembram.

A exposição que abre ao público na sexta-feira, proporcionará aos visitantes ouvir histórias de vida, mas também "experimentar as rotas com uns óculos de realidade virtual que lhes permite percecionar o caminho feito clandestinamente com um passador".

A recolha no terreno permitiu ainda reunir fotografias e outros documentos que servirão para dar continuidade a este projeto, que a diretora do museu entende se enquadra também na filosofia do Abade de Baçal, figura emblemática de Bragança que se dedicou a recolher as tradições do Nordeste Transmontano.

Com este projeto dedicado à emigração clandestina, os promotores querem que "seja a comunidade a inserir-se neste espaço e a contar as suas histórias", como realçou também Ana Luísa Pereira, presidente da Associação dos Amigos do Museu.

Neste projeto são parceiros, o município de Macedo de Cavaleiros, a Associação de Municípios da Terra Fria, do Município de Melgaço, as Associações Ao Norte e Nordeste Global e o CITCEM- Centro de Investigação Transdisciplinar da Universidade do Porto.

Agência Lusa

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