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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

SER DOUTOR….

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."

De longe a longe, deparamos com a triste noticia, que este ou aquele político ou figura pública, inclui, no currículo, habilitações que não possui.
A descoberta é recebida com júbilo pelos inimigos (que se dizem antagonistas) e comentada com condescendência, pelos “ amigos”
Tal sucede, porque se dá mais valor, ao diploma, do que ao verdadeiro saber.
Quando realizei série de entrevistas, a figuras notáveis, jovem deputado, revelou-me: que resolveu ingressar na Universidade, porque para ser escutado e reconhecida a competência, era preciso obter o título de “ doutor”! …
Não é novidade. Erasmo, dizia, que teve que ir a Roma, para que seus conhecimentos (talento?) fossem reconhecidos.
Há anos, jornalista da RTP, João Adelino, estava a coordenar debate político. Um, recusou participar, porque não o tinha tratado por: “ Sr. Doutor”! …
Conclui João Adelino, na crónica que escreveu no “ JN” de 14-04-2012: “ (…) Não há convidado na televisão, que não seja apelidado, invariavelmente, de “doutor” ou “engenheiro”.
Não admira, portanto, que quando não se possui diploma, se busque um “canudo”; os meios justificam o fim…
Poucos sabem avaliar com justiça. A maioria, avalia: pelo grau académico, cor politica, e ainda pelo parecer de comentadores e críticos.
Certa ocasião, famoso jurista portuense, perguntou a meu pai, que curso possuía. Sua mulher, formada em Letras, era admiradora das crónicas que publicava no matutino: “ O Comércio do Porto””.
Como lhe dissesse que frequentara “apenas” as Belas-artes, rematou deste modo:
- Continue…Continue…Tem muito jeito para a escrita! …!
Meu pai foi apresentado, pelo Fernando Figueirinhas (da livraria Figueirinhas) a António Lopes Ribeiro – famoso realizador de cinema e escritor de mérito, além de comentador da RTP.
Seguindo o “uso” latino, tratou-o por: “doutor”.
Ao que o extraordinário realizador cinematográfico, respostou de imediato:
- “ Sr. Pinho da Silva: Trata-me por António ou António Lopes Ribeiro. Eu tenho nome e orgulho-me dele! …”
E acrescentou: “Já reparou: aos grandes homens ninguém os trata por “doutor”! …
Na nossa terra, mal é de quem não é licenciado e não obteve a pró-graduação numa Universidade famosa, algures na Inglaterra ou na América…
É bacoquice nacional?! … Certamente que sim; mas tão arreigada está, que, quem enriquece, tem que ser forçosamente tratado por: “doutor” … e “excelência “…


Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

1 comentário:

  1. Terra onde todos são doutores não pode ter doentes!

    Ora, ou muito me engano ou, doentes, nomeadamente do foro psicológico e social, é coisa que não falta por aí!

    Uma sociedade que facilmente enviesa o significado de boa conduta, rigorosa moral e incontornável ética só pode ser doutorada em doenças...

    Os grande nomes da história, responsáveis pela descoberta, invenção e/ou criação de tudo aquilo que serviu de base à sociedade moderna tal como a conhecemos, eram tratados pela sua maior e mais valiosa característica, algo unico, que os identificaria na eternidade - o seu nome.

    "Em terra de cegos, quem tem um olho é rei". Em terra de Dr.s, quem não o é, é o quê?


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