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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

População e autarcas criticam gestão do Parque do Douro nos seus 20 anos

População e autarcas dizem que nada é feito pela conservação da natureza. Secretária de Estado da Conservação da Natureza diz que há necessidade de "gestão de proximidade com as populações".
As populações e autarcas dos concelhos da área do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) mostram-se descontentes com a gestão da área protegida, numa altura em que se assinalam 20 anos sobre a sua constituição.

Quem percorrer a área do PNDI depressa se apercebe do “descontentamento” das populações provocado pelas restrições que são impostas pelos regulamentos e pela falta de ação do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), organismo que está no centro das críticas.

“É só restrições. A criação do parque não veio trazer benefícios nenhuns, apenas colocaram algumas placas informativas para quem faz percursos pedestres. No entanto, verifico que a avifauna do território está a desaparecer. O parque no fundo é zero”, vincou o agricultor João Luís.

Residente em Aldeia Nova no concelho de Miranda do Douro, um dos quatro abrangidos pelo Parque, admitiu estar muito desiludido, porque nestes 20 anos nada foi feito pela conservação da natureza. O PNDI foi criado através de decreto regulamentar em 11 de maio de 1998, promulgado pelo então primeiro-ministro, António Guterres.

Já António Fernandes, agricultor em Freixiosa, no mesmo concelho, contou à Lusa que o seu filho construiu um armazém para guardar utensílios e máquinas agrícolas, mas que teve de ser deitado abaixo, já que a coima aplicada pelo ICNF era de dez mil euros. “Como o meu filho não tinha dinheiro para poder pagar a coima, a melhor solução foi deitar abaixo o que construiu com grande esforço e algum dinheiro”, exemplificou.

Para o presidente da câmara de Miranda Douro, Artur Nunes, nestes últimos 20 anos nada mudou com a criação da área protegida do PNDI.

"Estamos mais pobres, há cada vez menos gente e não há investimentos na área protegida. É um Parque que pouco evoluiu na sua essência e na sua ligação com as pessoas que aqui residem. Em relação à proteção dos espaços e das espécies que aqui nidificam, nada é feito”, observou.

O autarca de Miranda do Douro recorda que muitas foram as promessas e que muito ficou por fazer. Mais a sul, o presidente da câmara de Mogadouro, Francisco Guimarães, disse que têm sido as populações quem se tem preocupado em proteger o património do PNDI.

“Temos tido a preocupação de alertar a tutela, no sentido de haver uma alteração aos regulamentos em vigor no Parque, sendo por isso importante estarmos ao lado das populações, até porque são elas que vivem neste território e não podem ser impedidas de o fazer”, enfatizou.

Por seu lado, a secretária de Estado da Conservação da Natureza e do Ordenamento do Território, Célia Ramos, explicou à Lusa que as áreas protegidas são um atrativo estratégico do país e têm que voltar à ordem do dia.

"Está a ser publicada uma nova estratégia para conservação da natureza e da biodiversidade e que coloca tónica na gestão das áreas protegidas, como é caso do PNDI. Há aqui uma necessidade de uma gestão de proximidade com as populações. Pretendermos trabalhar com quem está nestas áreas protegidas (…) sendo esta a chave para o futuro destes territórios”, explicou a governante.

O PNDI apresenta também um elevado valor faunístico, nomeadamente no que se refere à avifauna, constituindo os vales encaixados e escarpados um local de excelência para a nidificação de aves rupícolas, como o abutre do Egito, o grifo, a águia de Bonelli, entre outras espécies ameaçadas, como a cegonha negra. Estes atrativos trazem, principalmente na primavera, muitos apreciadores da natureza a estas paragens.

“Viemos fazer um fim-de-semana em família e chegámos ao miradouro de Paradela, onde o rio Douro entra em Portugal, e deparamo-nos com vistas fantásticas sobre a paisagem, num território com muito potencial turístico”, observou Sara Ribeiro, uma visitante que se deslocou de Penafiel para conhecer o PNDI. O PNDI engloba os concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança e Figueira de Castelo Rodrigo, na Guarda e tem 122 quilómetros de extensão e uma área de cerca de 860 quilómetro quadrados.

Pedro Sarmento Costa
Agência Lusa

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