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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

AS MINORIAS RADICAIS E A INSTALAÇÃO DO CAOS

Há uma visão romântica da História, daqueles que acreditam na evolução das sociedades em função do voluntarismo e desassombro de alguns, auto proclamados escolhidos por entidades sobrehumanas para conduzir os destinos do mundo.
O exemplo mais comum desta realidade são as religiões reveladas, servidas por profetas que tanto anunciam apocalipses arrasadores como prometem o gozo eterno a quem lhes seguir os passos.

O resultado não tem ido muito além de epifenómenos conjunturais, localizados no tempo e no espaço, alimentando a celebração de virtudes da condição humana que, afinal, acabam por se afundar na cruel indiferença do tempo, que nos faz nascer e morrer, sem entusiasmos nem remorsos.

É verdade que alguns momentos da humanidade lograram ser empolgantes para visionários de gerações posteriores, convencidos de que a existência não se reduzia ao absurdo da inconsequência. Assim se alimentou a utopia do estado de direito democrático, que só encontraria condições de permanência se a racionalidade e o pragmatismo fossem referências de cada um dos membros das sociedades humanas. Porque tal modelo requer a aceitação de regras e de processos que não podem ser postos em causa, visto que a alternativa é o império do instinto, da animalidade, a nossa infra-estrutura indescartável.

Cedo se percebeu, já na velha Grécia, que a democracia comportava o risco de se tornar, ela própria, o alfobre dos seus carrascos, porque escancarava as portas à soberba, à avareza e à inveja, emanações refinadas da propensão predatória de que se tem feito a vida neste planeta.

Como se tratava da verdadeira humanização, aos baldões, num misto de esperança e desespero, gerações inteiras dedicaram-se à conquista de espaço para a democracia. Mas, observando a realidade com os instrumentos que a inteligência proporciona, chegaremos à conclusão de que se tratou de tarefa de Sísifo, obra sempre condenada à ruína quando nos parece estar consumada.

Um entendimento distorcido, talvez conveniente, do modelo político, tem permitido que minorias fanatizadas, quais novos profetas, disfrutem de condições para disseminar o ódio. Minorias que só floresceram porque o modelo democrático as integrou, as defendeu, generosidade que se está a revelar mortífera.

Quando se criam condições para que, de forma organizada, dissimulada, mas demolidora, à maneira das hienas na selva, alguns espalhem a violência e a ruína, está a preparar-se o caminho para que tenham condições de chegar ao poder, deixando marcas trágicas na História. Assim aconteceu na Rússia de 1917, com a minoria bolchevista e na Alemanha de 1933, com a ascensão desse monstro que foi o nazismo, produto de uma minoria.

Ainda pior é que as sociedades democráticas continuem a desleixar a firmeza necessária, permitindo o alastrar da desordem, da insegurança, da corrupção e da impunidade, contribuindo para tornar insustentável a vida quotidiana, muitas vezes em nome de pretensos direitos absolutos de minorias, sem respeito pela obra notável que, apesar de tudo, tem sido a civilização.

Teófilo Vaz
in:jornalnordeste.com

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