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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

A propósito de mais um etapa na "Vida" do(a) Confeitaria Flórida, mais tarde, Café Flórida – 1ª PARTE

Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Antes de escrever sobre o Café Flórida quero declarar que o faço de boa-fé e cingindo-me apenas ao histórico. 
Como terei de identificar algumas pessoas, peço desculpa pelas omissões que forçosamente cometerei já que o relato será sucinto e servirá apenas como um pequeno histórico baseado em documentos que não possuo mas que consultei, durante a minha ligação à firma que fundou este mítico Café-Restaurante e Snack-Bar Flórida, VAZ &. RIBEIRO e Comp.Limitada.
Declaro também que me ligam ao Flórida, sentimentos e afectos que só se esfumarão após a minha passagem para prestar contas a Deus! A minha vida de hoje só foi possível dadas as boas e más horas que me aconteceram no Flórida e que são parte da minha vida e assumo plenamente, hoje como sempre!

Antes do final da década de 50 do século passado, a Rua Alexandre Herculano no seu todo até à Moagem do Loreto era talvez a mais comercial da cidade. Na secção entre o acesso ao Jardim e as Grades do Loreto havia duas firmas díspares nos objectivos comerciais, mas uma delas era novidade histórica em Bragança pois foi a primeira fábrica e balcão exclusivamente dedicados ao fabrico e venda de Pastelaria e produtos afins. Chamava-se Pastelaria Ribeiro e localizava- se onde hoje se encontra a Pastelaria Dómus. 
Do lado oposto da rua e um pouco antes no seu número de Polícia, havia um Armazém de farinhas e produtos afins da firma Lopes & Sá Morais. Era escriturário nesta, Álvaro Carvalho Vaz e na outra o proprietário e pasteleiro um Senhor chamado Zacarias Ribeiro. 
O Álvaro era jovem e dinâmico e o Ribeiro era homem de meia-idade e competente no seu ofício. Tinha este a aura de pioneiro pois pasteleiro, pasteleiro, era o primeiro a fixar-se em Bragança. 
Era tempo de construção do edifício, que era também novidade pelo risco e materiais usados que se designava por Edifício Domingos Lopes e concebido pelo Arq. Albino Mendo, que utilizou uma curvatura não simétrica na cornija e cores vivas nos painéis das varandas bem assim como “gresite” nas paredes que no rés-do-chão já não existe.
Este triângulo, Álvaro, Ribeiro e Edifício, estava destinado a fazer História em Bragança, num sector que esperava modernização, que aconteceu com a abertura da Confeitaria Flórida no dia 15/08/1959. 
A escolha do nome coube ao Ribeiro que era amante de flores, bem assim como o dia da abertura que é dia Santo (Senhora da Assunção) que preenchia os requisitos da sua religiosidade evidente.
O Álvaro era o visionário de coisas novas e ele queria para dar à cidade, algo de prestígio e para si, lucros financeiros e lugar cimeiro junto dos seus pares, comerciantes e industriais do Norte de Portugal.
Durou mais ou menos dois anos esta sociedade que se desfez pelo simples concluir que Álvaro era constituído de outra fibra que deixava a de Ribeiro mal saído da partida estando ele já passando a meta. Amigavelmente, separaram-se e Álvaro aproveita a liberdade para alargar o que já a Vox Populi designava por Café Flórida. Terminava assim a firma Vaz & Ribeiro e começava a de Álvaro Carvalho Vaz.
Penso que o contrato da água com a CMB ainda está com o nome de Vaz & Ribeiro. 
Com a ida do Dario para África o espaço estreito que ocupava a Sapataria é usado para alargar o Flórida que passa assim a ter o interior modificado para melhor com o balcão e a copa numa disposição diferente, já onde hoje se encontra. Estava o Flórida destinado a ser o Café preferido da chamada classe média brigantina. A preferência não é difícil de explicar dado que a própria classe média, excluindo comerciantes e professores (as) do Liceu, estava em formação. 
Com os primeiros formados no Curso Geral do Comércio, da antiga E I C B , a administração pública, a Banca, os Seguros e até algumas firmas mais vanguardistas, abriram os seus quadros a estes novos “letrados" que se constituíram como a nova esperança de progresso que o Estado Novo idealizava.
 Um homem influente no sucesso do Flórida foi o Manuel, irmão do Álvaro, que hoje conhecemos por Manuel do Lisboa. Com o seu modo sereno e sorriso permanente era o Manuel a trave mestra que segurava o Flórida. Lembro-me que na primeira abertura havia duas moças empregadas que juntamente com ele, eram uma lufada de ar fresco na forma de o "Staff" dos Cafés trabalharem.
Eram ambas da cidade e chamam-se, uma Alice, que casou com o Fernando Vilela e a outra Conceição, que mais tarde foi para Lisboa e seguidamente para Londres onde ainda vive.
O Manuel como gerente do Flórida mantém-se até à mudança para o Café Lisboa que o Álvaro comprou à D. Maximina e Senhor Coelho, que regressados, o haviam aberto nos meados de 60. 
Com a mudança do Manuel para o Lisboa, começa um período de grande azáfama, no que respeita a volume de negócio e diversidade/qualidade no “Staff".
O Álvaro sabia que, para manter os níveis de Serviço, que a emergente classe média lhe exigia deveria recrutar pessoal devidamente preparado e por isso ia recrutá-lo ao Porto. Implicava Isto que as despesas com o pessoal subiam em flecha.
De qualquer modo a casa fazia receitas que pagavam todas as despesas e davam margem para outros voos. 
Em meados de 68 resolve fechar para obras e foi idealizado um tipo de estabelecimento que prestasse serviço de qualidade nas três vertentes para as quais estava licenciado e possuía alvará, Café, Restaurante e Pastelaria. Fazem-se então obras que, grosso modo, são as que deram forma ao actual Café Flórida. Reabre em princípios de 69 tendo como gerente o Cândido, após a ida do Manel Teixeira para a tropa. 
O Cândido era seu primo que se manteve nessa função até à ida para o Brasil.
Há um outro homem que faz parte da história do Flórida e que foi um dos seus mais brilhantes elementos como “Staff"e Gerente. Chama-se Manuel Teixeira. Hoje todos o conhecem por Manuel do Restaurante. O Manel fez-se homem no Café Central tendo transitado para o Flórida até ir para a Tropa. 
Quando regressou da Guiné, creio que foi trabalhar para Chaves num nível profissional mais elevado. O Álvaro tudo fez para o trazer de volta ao Flórida onde permaneceu na gerência até à abertura do Cruzeiro em 1972. Foi este tempo o melhor em termos históricos do Flórida . O Manuel na gerência, o Chef Correia e o Chef Chico mais o Domingos na Cozinha, no balcão e mesas, o Bento e o Fernando, tendo nas mesas em cima o Abel e também o Valdemar e creio o Rodinhas. 
Quando se fez a modificação em 1969, entrou em acordo com a Senhora Cat'rina e marido e num forno que tinham inactivo nos Batoques, dito da Favas, fez a expensas suas um edifício para Residencial nos 1º e 2º andares e a fábrica de Pastelaria no rés-do-chão ficando assim com capacidade para alojar o “Staff” que trazia do Porto. 
Com a abertura do Cruzeiro, o Manel Teixeira passa para a sua gerência e o Cândido fica na do Flórida. Tinha assim como estabelecimentos abertos e por ordem de abertura sob os auspícios da firma Álvaro Carvalho Vaz, O Flórida, o Lisboa, o Cruzeiro, o Salão de Jogos Flórida II e a Residencial Nossa Senhora da Ribeira. Após a abertura do Cruzeiro e porque a gestão dos recursos humanos era difícil o Restaurante do Flórida começa a decair (1973/74). 
Entrava-se assim num período de estagnação que não foi possível ultrapassar.

FIM DA PRIMEIRA PARTE




Bragança, 09/01/2019
A, O. dos Santos
(Bombadas)

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