segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Maior açorda de cogumelos do mundo fez o gosto a mais de 150 pessoas em Vale Pradinhos

 É em Vale Pradinhos, no concelho de Macedo de Cavaleiros, que se confeciona aquela que é conhecida como a maior açorda de cogumelos do mundo, e o objetivo é fazê-la entrar para o livro do Guinness.


Este sábado, cerca de 150 pessoas rumaram à aldeia para prová-la e participar na jornada micológica que se realiza há sete anos.

“Além do segredo, é só preciso ter um pote de ferro, cogumelos, boa disposição e fome.”


A receita da Açorda de Boletos com Rabo de Boi, assim resumida pelo cozinheiro de serviço Rui Kotinha, é proeza da aldeia de Vale Pradinhos, que transforma o cogumelo, que por aquelas terras é abundante, numa iguaria que aguça o paladar a muitos.

E quem provou, gostou:

“Está muito boa, nunca tinha comido. Consigo sentir os cogumelos, o pão e a salsa. Está bem temperada, saborosa e macia.”

“Está maravilhosa e recomendo. A açorda de Vale Pradinhos é especial e eu venho de Lisboa de propósito para a comer.”

A já afamada açorda foi servida aos mais de 150 participantes das VII Jornada Micológica de Vale Pradinhos, que logo cedo foram para o campo procurar e reconhecer cogumelos, e à tarde participaram num workshop.

Por lá encontramos Ana Silva e Carlos Romão, dois caloiros nesta jornada, que por serem amantes de cogumelos, resolveram participar:

“A aldeia é linda, e só por ela já vale a pena a visita.

Adoro cogumelos e hoje já consegui aprender a diferenciá-los.

De manhã fomos para o campo, apanhar uma série de espécies de cogumelos, comestíveis e não comestíveis.”

“Decidi vir este ano porque os cogumelos atraem-me imenso e procurá-los é para mim um hobbie.

Sempre se aprende alguma coisa, estes encontros parecem-me interessantes e agora já me sinto mais confiante para procurar cogumelos.”

E há quem tenha aprendido bem a lição, como foi o caso de Patrícia Rocha:

Nos cogumelos conhecidos como “frades”, aprendi que os comestíveis não podem mudar de cor, o anel tem de ser móvel e tem de ter um bico na ponta, em forma de chapéu. São três características essenciais para a sua autenticidade. Os que não reunirem estes fatores, não se devem ingerir porque podem provocar sintomas gástricos e até levar à morte.  

O encontro é organizado pela Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Vale Pradinhos que cada vez mais quer afirmar a aldeia como a Capital do Cogumelo.

O ano passado não se pôde realizar devido à pandemia, o que deu ainda mais força à edição de 2021:

“Veio mais gente ainda.

As pessoas estavam com fome de cogumelos e das nossas jornadas.

Veio gente de todos os pontos do país e até do estrangeiro houve inscrições.”

Já quanto à qualidade dos cogumelos, este parece estar a ser um bom ano.

Quem o diz é o biólogo Carlos Ventura:

“Foi um bom ano porque tivemos chuva em agosto e setembro, o que fez com que surgissem cogumelos em abundância e de espécies que nem eram frequentes, até finais do mês de outubro.

Entretanto, veio calor, vento e algumas geadas e, a partir daí, com a desidratação, desapareceram.

Neste momento, começou a chover e, provavelmente dentro de oito dias, deverão começar a ressurgir com força e pojantes. “

O que continua mal é a valorização que é dada aos cogumelos em Portugal, atesta o biólogo:

“Continuamos com a mesma situação de termos aquele complô de comercialização por parte dos espanhóis.

Sendo este um recurso perecível, é preferível apanhar-se para que se aproveite, em vez de apodrecer, mas com regras. Quem os apanha que o faça com regras, em lugares específicos, com zonas de apanha também especificadas, e, acima de tudo, que possam eventualmente pagar impostos, porque em Portugal há poucas empresas que vendem cogumelos e aqueles que se compram a Espanha por 20€, são comprados pelos espanhóis a 5/6€.

Há quatro ou cinco anos fizemos um encontro de técnicos e formadores nacionais de micologia em Aguiar da Beira e concluímos que há um sistema de inercia por parte das entidades estatais.”

Uma reivindicação antiga que, ao que parece, continua sem qualquer modificação.

Escrito por ONDA LIVRE

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