Nesta edição, vamos falar sobre o pão caseiro. Sabemos que muitas casas da aldeia têm o seu forno, mas durante algum tempo e com a ida dos padeiros às aldeias as pessoas acomodavam-se a comprar o pão. Há 40 anos ainda havia em algumas aldeias o forno comunitário, onde as pessoas faziam o seu pão, pois nessa altura não havia padeiros ambulantes. Em Vilar de Ouro, Mirandela, foi reconstruído o forno comunitário há pouco tempo. Tal como nos disse o António Pedro Pires, nosso ouvinte, já há algumas pessoas da aldeia a aproveitar o forno para cozer.
No início deste ano, o pão subiu de preço, e embora o preço da farinha também tenha subido, as pessoas que ainda têm forças vão cozendo amiúde, como é o caso da tia Esperança Palas, de 57 anos, da Fradizela, Mirandela, que raramente compra pão, porque chega a cozer duas ou três vezes por mês ou mais, dependendo da época.
Então, quisemos saber como é que ela aprendeu a fazer o pão.
“- Aprendi a fazer pão quando era garota, porque a minha mãe cozia frequentemente, então, eu mostrava muito interesse por essas coisas, sempre me despertou mais do que as minhas irmãs. Eu ia com a minha mãe cozer no único forno comunitário da nossa aldeia, em Ervideira, Mirandela. A minha mãe cozia muito, não só para nós, para a família, mas para as pessoas que não sabiam cozer. Como tive sempre interesse em aprender ia regularmente com ela para o forno e via os processos todos. Até que um dia, ainda nem na escola primária andava, pedi-lhe que me deixasse fazer a massa, mas como eu era muito pequenina, não me queria deixar, porque tinha medo que estragasse a farinha. Estava lá uma tia minha ao meu lado e disse-lhe: deixa lá fazer a massa à garota, se ficar mal, para a próxima fica melhor, assim também aprende. Entretanto a minha mãe lá se resolveu a deixar-me fazer a massa, mas com bastante custo, pois tem de se ter muita força, o que eu na altura não tinha, mas lá fiz a massa. Depois no resto do processo já não me deixou fazer, porque é mais complexo. A partir daí o meu interesse foi maior, ia sempre e acabei por aprender tudo.
Quando me casei vim viver para a Fradizela, Mirandela, mandei logo fazer um forno e tenho cozido sempre. Faço pão de centeio, trigo, folares, faço qualquer tipo de pão.”
Aproveitei e perguntei-lhe quais são as várias etapas para a confeção do pão e que tipo de farinha usa.
“-A minha farinha preferida é a da moagem de Bragança, porque para mim é da melhor farinha que há, é boa, eu adoro essa farinha. No dia anterior faço o fermento, com um bocadinho de fermento de padeiro, com água e farinha, faço uma bolinha e deixo levedar até ao dia seguinte. No dia seguinte aqueço a água para a massa, coloco a farinha na masseira, ponho o fermento, o sal e a água suficientes para fazer a massa. Como o meu forno é pequeno, só dá para meia saca, faço 10 ou 11 pães de cada vez. Uma saca de farinha de 25 quilos dá-me para cozer duas vezes. Em cada fornada coloco três punhadinhos de sal. A farinha triga tem que ser muito bem batida, ao contrário da centeia. Fica a levedar dentro da masseira cerca de uma hora e meia. Antes de cobrir a massa com uma toalha e dois cobertores, faço três cruzes com a mão em cima da massa e digo: Deus te acrescente, Deus te levede e Deus te ponha o que te falta. Para cada cruz, uma frase destas. Depois de lêvado, corto os pães, sempre envoltos na farinha, dou-lhes três voltinhas e ponho-os no tendal. Entretanto acendo o forno. Este processo demora mais o menos uma hora até ir ao forno. Quando o pão já está no forno rezo uma oração: cresça o pão no forno, paz pelo mundo todo e a saúde em casa de seu dono. Em louvor de Deus e da Virgem Maria um Pai Nosso e uma Avé Maria. Ao fim de uma hora e meia no forno retiro-o e, modéstia à parte, o meu pão fica sempre uma delícia, toda a gente gosta.”
E nós ficamos com água na boca com o apetitoso pão da tia Esperança, no final de contas, pão caseiro é outra coisa!
E agora, para terminar, vamos aos aniversariantes da última semana: Alexandre Aleixo (88) Bragança; Manuel Lucas (86) Fiolhoso (Murça); Adérito Pinela (78) Sacoias (Bragança); Prazeres Batista (72) Argemil da Raia (Chaves); Olímpio Alves (70) Vale de Lamas (Bragança); Maria Rodrigues (53) Izeda (Bragança); Magno Santos (50) Grijó de Parada (Bragança); Paulo César (42) Vilarinho de Lomba (Vinhais); Adelina Carneiro (37) Castelo (Alfândega da Fé).
No início deste ano, o pão subiu de preço, e embora o preço da farinha também tenha subido, as pessoas que ainda têm forças vão cozendo amiúde, como é o caso da tia Esperança Palas, de 57 anos, da Fradizela, Mirandela, que raramente compra pão, porque chega a cozer duas ou três vezes por mês ou mais, dependendo da época.
Então, quisemos saber como é que ela aprendeu a fazer o pão.
“- Aprendi a fazer pão quando era garota, porque a minha mãe cozia frequentemente, então, eu mostrava muito interesse por essas coisas, sempre me despertou mais do que as minhas irmãs. Eu ia com a minha mãe cozer no único forno comunitário da nossa aldeia, em Ervideira, Mirandela. A minha mãe cozia muito, não só para nós, para a família, mas para as pessoas que não sabiam cozer. Como tive sempre interesse em aprender ia regularmente com ela para o forno e via os processos todos. Até que um dia, ainda nem na escola primária andava, pedi-lhe que me deixasse fazer a massa, mas como eu era muito pequenina, não me queria deixar, porque tinha medo que estragasse a farinha. Estava lá uma tia minha ao meu lado e disse-lhe: deixa lá fazer a massa à garota, se ficar mal, para a próxima fica melhor, assim também aprende. Entretanto a minha mãe lá se resolveu a deixar-me fazer a massa, mas com bastante custo, pois tem de se ter muita força, o que eu na altura não tinha, mas lá fiz a massa. Depois no resto do processo já não me deixou fazer, porque é mais complexo. A partir daí o meu interesse foi maior, ia sempre e acabei por aprender tudo.
Quando me casei vim viver para a Fradizela, Mirandela, mandei logo fazer um forno e tenho cozido sempre. Faço pão de centeio, trigo, folares, faço qualquer tipo de pão.”
Aproveitei e perguntei-lhe quais são as várias etapas para a confeção do pão e que tipo de farinha usa.
“-A minha farinha preferida é a da moagem de Bragança, porque para mim é da melhor farinha que há, é boa, eu adoro essa farinha. No dia anterior faço o fermento, com um bocadinho de fermento de padeiro, com água e farinha, faço uma bolinha e deixo levedar até ao dia seguinte. No dia seguinte aqueço a água para a massa, coloco a farinha na masseira, ponho o fermento, o sal e a água suficientes para fazer a massa. Como o meu forno é pequeno, só dá para meia saca, faço 10 ou 11 pães de cada vez. Uma saca de farinha de 25 quilos dá-me para cozer duas vezes. Em cada fornada coloco três punhadinhos de sal. A farinha triga tem que ser muito bem batida, ao contrário da centeia. Fica a levedar dentro da masseira cerca de uma hora e meia. Antes de cobrir a massa com uma toalha e dois cobertores, faço três cruzes com a mão em cima da massa e digo: Deus te acrescente, Deus te levede e Deus te ponha o que te falta. Para cada cruz, uma frase destas. Depois de lêvado, corto os pães, sempre envoltos na farinha, dou-lhes três voltinhas e ponho-os no tendal. Entretanto acendo o forno. Este processo demora mais o menos uma hora até ir ao forno. Quando o pão já está no forno rezo uma oração: cresça o pão no forno, paz pelo mundo todo e a saúde em casa de seu dono. Em louvor de Deus e da Virgem Maria um Pai Nosso e uma Avé Maria. Ao fim de uma hora e meia no forno retiro-o e, modéstia à parte, o meu pão fica sempre uma delícia, toda a gente gosta.”
E nós ficamos com água na boca com o apetitoso pão da tia Esperança, no final de contas, pão caseiro é outra coisa!
E agora, para terminar, vamos aos aniversariantes da última semana: Alexandre Aleixo (88) Bragança; Manuel Lucas (86) Fiolhoso (Murça); Adérito Pinela (78) Sacoias (Bragança); Prazeres Batista (72) Argemil da Raia (Chaves); Olímpio Alves (70) Vale de Lamas (Bragança); Maria Rodrigues (53) Izeda (Bragança); Magno Santos (50) Grijó de Parada (Bragança); Paulo César (42) Vilarinho de Lomba (Vinhais); Adelina Carneiro (37) Castelo (Alfândega da Fé).
Felicidades para todos!
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