A Bemed, uma fábrica de máscaras em Bragança, a laborar há cerca de 10 meses, já produz entre 300 a 400 mil máscaras por semana
O volume varia consoante as necessidades e encomendas, mas aumentou no último mês depois de passar a fornecer para uma cadeia de hipermercados. A produção pode ainda esticar mais, já que a capacidade de uma das máquinas é de 120 máscaras cirúrgicas por minuto, o que significa que podem sair da fábrica 120 mil máscaras por dia, número a que acrescem 30 mil máscaras FFP2, produzidas na outra máquina da fábrica.
Essa é uma das características que diferencia este investimento em tempo de pandemia, a possibilidade de produzir dois tipos de máscaras, o que no futuro se estenderá a três, com a adaptação para produção de FFP3. “Fomos um bocadinho além do que aquilo que fizeram outros em Portugal e mesmo no estrangeiro, porque optámos logo por fazer duas linhas de produção, uma é um conjunto de máquinas que faz a produção máscaras tipo II e tipo IIR e outra linha de produção dos equipamentos de protecção individual FFP2 e vamos também produzir FFP3. Temos capacidade de produzir os dois tipos de máscaras usadas por qualquer cidadão no mundo, ao maior nível de exigência”, referiu.
Os dispositivos médicos e de protecção individual que agora fabrica já eram vendidos pela empresa de Luís Afonso, Novavet, dona da marca Bemed e especializada em distribuição farmacêutica há 36 anos, sendo uma das três maiores de Portugal na área dos medicamentos veterinários e a maior no país na exportação nesta área. “Eramos distribuidores há muitos anos, há décadas que vendemos dispositivos médicos entre eles máscaras, eramos distribuidores de material de comprávamos a outros grossistas ou fabricantes”, afirma. Quando surgiu a pandemia de covid-19, com a falta de equipamentos de protecção individual, foi lançado um repto à indústria europeia para produção destes produtos, sendo criada uma linha de financiamento, que apoiava estes negócios com 80 a 95% a fundo perdido. “Vimos este aviso e entendemos que era uma oportunidade para deixarmos de ser só retalhistas grossistas e passarmos a ser produtores, porque nós já vendíamos máscaras há 30 anos e vamos continuar a vender daqui a 30 anos”, explicou.
A candidatura foi aprovada em meados de 2020 e a fábrica acabou por entrar em funcionamento em Abril de 2021.
O investimento foi de cerca de 700 mil euros. “Adaptámos um armazém na zona industrial de Bragança, onde tínhamos pet food para cão e gato, alterámo-lo, mudamos os tectos e criámos uma sala limpa”, conta o veterinário e empresário. Visto que já estavam no mercado anteriormente, ao vender para clínicas e hospitais veterinários, bem como para instituições de ensino, candidataram-se porque queriam ser também produtores. “Achávamos que tínhamos capacidade no interior de Portugal também como no resto do território, no Litoral. Achávamos que eramos capazes de fazer e avançamos com este projecto”, sublinhou.
A aposta passou também por uma sala com qualidade do ar elevada. “Não conhecemos outra fábrica na Península Ibérica que faça dispositivos médicos não esterilizados em ambiente de sala limpa e com categoria de ar elevada”, sublinhou. O objectivo é que a sala fosse separada das zonas de armazenamento, com áreas intermédias de zonas de preparação de material antes de entrar na sala de produção, e antecâmaras antes de entrar na sala de produção. O nível de ar é de categoria 8, o ar é aspirado permanentemente, passa por um filtro hepa, depois é reintroduzido na sala, purificado, retiradas as poeiras e pequenos microrganismos até 0,5 microns. “Essa é uma garantia adicional de qualidade”, destacou.
A empresa quis também distinguir-se das restantes desta área pela qualidade dos materiais usados. “Os tecidos que usamos são todos de produção europeia, são de mais elevada qualidade, que seguem os padrões de qualidade exigidos na Europa”, tal como acontece com o elástico e o clipe nasal, comprados em Espanha.
Segundo o proprietário da empresa, esta “é uma condição adicional para nos distanciarmos da concorrência, estamos preparados para vender no mercado não só por preço, mas também por qualidade”. Automatizada, a fábrica com máquinas também de origem europeia, funciona com quatro funcionários e em dois turnos de oito horas, de segunda a sexta. Além da venda a nível nacional, incluindo para uma cadeia de hipermercados, as máscaras produzidas em Bragança são vendidas já para França e há negociações com Espanha.
Luís Afonso admite que a comercialização é afectada pela interioridade da unidade. “Estamos um pouco afastados das zonas de decisão e podíamos fazer mais e melhor se estivéssemos noutra zona do Litoral. Essa pode ser uma penalização para nós, mas estamos a procurar fazer abordagens a hospitais, serviços de hotelaria e serviços públicos, numa busca mais activa de mercado neste primeiro semestre”, refere, nomeadamente nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.
Mesmo que a procura por parte da população em geral diminua, o empresário acredita que vão “continuar a ter o mercado normal, em Portugal e no estrangeiro também”.
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